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Fábio Barbirato

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Psiquiatra infantil
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TOC: o Transtorno Obsessivo Compulsivo na infância e adolescência

Transtorno provoca um ciclo de obsessões e compulsões que traz prejuízos sérios à vida dos pacientes

Por Fabio Barbirato
22 jul 2024, 11h12
Mão arrasta um bloco de madeira de forma simétrica.
Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC): caracterizado por obsessões e compulsões que podem aparecer combinadas ou não. (Freepik/Reprodução)
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Muito se fala sobre o TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), mas nem todo mundo compreende as características da doença. O TOC é caracterizado por obsessões e compulsões, que podem aparecer combinadas ou não. As obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes, que são vivenciadas como intrusivas e inadequadas. As obsessões são indesejáveis, desconfortáveis, angustiantes e causam ansiedade (seja em ideias, imagens, em medos, pensamentos ou preocupações). Elas se apresentam de maneiras diferentes entre adultos e crianças. Entre as obsessões mais comuns nas crianças estão preocupação ou repulsa por detritos ou secreções corporais, medo de que algo terrível possa acontecer, simetria, escrúpulos excessivos, números e sorte ou azar, pensamentos, imagens ou impulsos proibidos ou perversos; sons, palavras ou músicas intrusivas.

Já as compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais executados que habitualmente têm o objetivo de prevenir ou reduzir o sofrimento e/ou ansiedade causados pelas obsessões ou por sensações desagradáveis. Os atos são considerados sintomas quando excessivos e interferindo na vida diária. Exemplo: verificação, higienização (excesso ou ritualização), rituais repetitivos, contagem, ordenar e organizar, medidas para evitar perigo, armazenamento.

O ciclo do TOC, portanto, tem início nas obsessões, que geram ansiedades aliviadas apenas por atos compulsivos. Elas geram grande ansiedade e sofrimento ao paciente, que se esforça para ignorá-las ou suprimi-las através de um outro pensamento ou ação – mas nem sempre com sucesso. As obsessões são prejudiciais porque, dentre outras razões, consomem tempo e causam angústia a quem as sente, com prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

Sabe-se que os sintomas obsessivos-compulsivos não se devem aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica.

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Uma das primeiras descrições do conceito moderno de TOC ocorreu em 1865, por parte do psiquiatra alemão Karl Westphal. Já em 1915, Freud propôs que os sintomas obsessivos compulsivos seriam produto da repressão de instintos agressivos e de problemas no desenvolvimento psicológico da criança. Mais de cinco décadas depois, em 1969, ocorreu a primeira evidência da eficácia dos medicamentos contra o TOC, com uso de clomipramina endovenosa (Anafranil). Logo depois, em 1970, o tratamento comportamental passou a ser utilizado em pacientes, na década de 50. Estudos controlados envolvendo centenas de pacientes demonstraram a sua eficácia nos quadros de ansiedade a partir dos anos 1970.

Hoje, o TOC é considerado um distúrbio do funcionamento cerebral, que se manifesta em decorrência do desequilíbrio de alguns neurotransmissores como a serotonina. Causas genéticas e comportamentais ou ambientais podem contribuir para seu aparecimento. A prevalência na população é de 2 a 3%, de acordo com estudos, o mesmo percentual de doenças como asma e diabetes. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o TOC é o quarto diagnóstico psiquiátrico mais comum e está entre as 10 principais causas de incapacitação. Entre crianças e adolescentes, o maior número de casos ocorre entre pacientes do gênero masculino. Pesquisas afirmam que 65% dos casos de TOC tem início antes dos 25 anos e estima-se que 60% dos pacientes permanecem com sintomas. Cerca de um terço dos adultos com TOC tiveram o início dos sintomas na infância ou adolescência.

Quanto ao tratamento, pesquisa importante feita nas universidades de Yale e Duke, mostram que a terapia Cognitiva Comportamental em casos leves, podem funcionar sozinha. Em casos moderados a graves, a necessidade da terapia e medicação são essenciais. Todos os estudos sugerem que o paciente com TOC moderado ou grave não fará adesão ao tratamento terapêutico sem a medicação, que alivia os sintomas mais rápidos.

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Fabio Barbirato é psiquiatra pela ABP/CFM e responsável pelo Setor de Psiquiatria Infantil do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na pós-graduação em Medicina e Psicologia da PUC-Rio. É autor dos livros “A mente do seu filho” e “O menino que nunca sorriu & outras histórias”. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

 

 

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