Avatar do usuário logado
Usuário
OLÁ, Usuário
Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Imagem Blog

Fábio Barbirato

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Psiquiatra infantil

Setembro Amarelo: a importância de falar de suicídio entre jovens

Mais pessoas morrem como resultado de suicídio do que HIV, malária ou câncer de mama, guerras e homicídios

Por Fabio Barbirato
9 set 2025, 10h30
Garoto triste apoia a cabeça na parede, reflexivo.
Setembro Amarelo: necessidade de se discutir cada vez mais o suicídio de jovens. (Freepik/Reprodução)
Continua após publicidade

Por muito tempo, o suicídio foi um tema tabu na mídia, na tentativa de não estimular a prática na população. Porém, esse esforço para se conter esta ou aquela informação – ainda que bem intencionado – soa infrutífero no mundo de hoje, das redes sociais, do WhatsApp e da circulação veloz de informação, que passa ao largo dos canais tradicionais de comunicação que conhecíamos até então. O melhor, portanto, é falar sobre o tema: trazê-lo para discussão e esclarecê-lo ao grande público.

Nos últimos anos, a campanha de conscientização Setembro Amarelo tem prestado um grande serviço nesse sentido. O assunto ganhou o protagonismo que merece, apoiado por organizações e instituições sérias e referendadas. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de um milhão de pessoas tiram as próprias vidas todos os anos. Segundo a OMS, mais pessoas morrem como resultado de suicídio do que HIV, malária ou câncer de mama, guerras e homicídios.

No Brasil, os registros de casos de suicídio se aproximam de 5,23 por 100 mil habitantes. A prática é a segunda principal causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos. O suicídio já é uma realidade em muitos filmes e séries assistidos pelos jovens, como o polêmico “13 Reasons Why” (Netflix). Diversos influencers e ídolos dos jovens aderiram ao posicionamento do momento e assumiram seus transtornos mentais, dando a percepção de que qualquer um pode ser alvo de tais doenças.

O mau uso das redes sociais e o bullying virtual promoveram ou intensificaram quadros de depressão, ansiedade e uso abusivo de substâncias – que se não forem corretamente tratados podem levar às tentativas de suicídio.

O uso excessivo de recursos tecnológicos, como computadores, celulares e tablets podem não apenas ampliar a sensação de isolamento como também provocam ansiedade, pelas inevitáveis comparações com as vidas que os outros expõem nas redes sociais – e sabemos que todas aquelas fotos e momentos alegres são apenas um “recorte” da realidade.

Continua após a publicidade

Outro sinal de alerta é queda injustificada no rendimento escolar. Os familiares tem papel fundamental não apenas na identificação de sintomas como no apoio ao jovem; não devem nunca zombar ou desqualificar a dor que ele aparenta estar sentindo.

Entre os fatores já mapeados que fazem a diferença entre a decisão de viver ou morrer estão: bom suporte familiar, laços sociais bem estabelecidos com família e amigos, religiosidade, estar empregado, ter crianças em casa e capacidade de adaptação positiva.

O tema do suicídio é cercado por mitos, tais como “o suicídio é uma decisão individual, já que cada um tem pleno direito a exercitar o seu livre arbítrio”. Isso não é verdade porque os suicidas estão, quase invariavelmente, passando por uma doença mental que altera, de forma radical, a sua percepção da realidade e interfere em seu livre arbítrio.

Continua após a publicidade

Outra lenda é a crença de que “quando uma pessoa pensa em se suicidar terá risco de suicídio para o resto da vida”. Porém, na verdade, o risco de suicídio pode ser eficazmente tratado e, após isso, a pessoa não estará mais em risco. Também é mito a ideia de que “as pessoas que ameaçam se matar o fazem apenas para chamar atenção”.

É fundamental ficar atento ao padrão de comportamento do jovem e seu nível de interação social. Pessoas que apresentam quadros de isolamento, tristeza constante e sem razão concreta, introspecção ou falta de apetite merecem atenção redobrada.

Também é preciso ficar atento nos reincidentes: estima-se que 50% daqueles que se suicidaram já haviam tentado previamente. Segundo as estatísticas da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), pacientes que passaram por tentativa prévias tem de cinco a seis vezes mais chances de tentar novamente.

Continua após a publicidade

O tratamento eficaz da doença mental é o pilar mais importante da prevenção do suicídio. Se houver dúvidas sobre a saúde mental de um adolescente, procure a Santa Casa de sua cidade ou os ambulatórios especializados das Universidades.

Fabio Barbirato é médico psiquiatra pela UFRJ, membro da Academia Americana de Psiquiatria da Infância e Adolescência e responsável pelo setor de Psiquiatria Infantil da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na PUC-Rio. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
15 marcas que você confia. Uma assinatura que vale por todas
Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe mensalmente Veja Rio* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Assinantes da cidade do RJ

A partir de R$ 39,99/mês