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Fábio Barbirato

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Psiquiatra infantil

“Salário emocional”: por que os jovens estão desistindo de seus empregos?

Geração Z está reconsiderando o que é importante quando o assunto é realização profissional

Por Fabio Barbirato
13 Maio 2025, 09h01
Jovens no ambiente de trabalho.
Jovens se sentem frustrados com mercado de trabalho. Por que isso acontece? (Freepik/Reprodução)
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Não é raro ouvirmos recrutadores e diretores de RH se lamentando da dificuldade que é manter um jovem no emprego. Chefes ou superiores comentam da dificuldade em liderá-los. Em consultório, ouvimos a versão deles: de fato, muitas vezes se sentem frustrados com o trabalho. Por que isso acontece? É preciso levar em conta uma serie de fatores.

Antes de mais nada, é preciso admitir que o mercado de trabalho mudou. Passamos décadas testemunhando profissionais permanecendo em uma única empresa. Por gerações, estabilidade era a palavra de ordem. É o que antigamente se chamava “fazer carreira”: quanto mais tempo se permanecia em um emprego, maior era a chance de crescer nele.

Mas com a revolução tecnológica, esse comportamento mudou. Os jovens tem outros anseios – diga-se de passagem, legítimos. Eles têm vontade de viver novas experiências, trabalhar com outras pessoas, em outros países e, muitas vezes, mudar até de profissão. Por que uma pessoa só poderia exercer uma única atividade na vida. Este é um movimento que parece não ter volta: a geração Z está reconsiderando o que é importante quando o assunto é realização profissional.

Se a vontade de mudar é genuína, tudo certo. Mas e quando ela é fruto de outras questões? A necessidade de reconhecimento, por exemplo. Todo mundo deseja ser reconhecido, ainda mais quando se é jovem. É uma vontade legítima. Mas é preciso ter calma para entender que ela é uma construção. Outro ponto de atrito é a dificuldade de comunicação. Jovens tendem a ser imediatistas, querem ter o domínio amplo de situações que podem não ser tão claras à primeira vista. Remuneração e benefícios, volta e meia, também são objeto de queixa: se julgam injustiçados, achando que mereciam ganhar mais.

Tudo isso, muitas vezes, deriva de um problema maior: a educação que esses jovens receberam em casa. São pessoas com baixa resiliência, pouco preparados para a frustração, sem o costume de ouvirem “não” como resposta, super protegida e com dificuldade de bancar suas escolhas a longo prazo. Resultado: se sentem injustiçados no primeiro ambiente onde não estão protegidos, o trabalho.

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É por todas essas razões que especialistas em recursos humanos começam a tentar atrair jovens recém-formados com o que chamam de “salário emocional”, ou seja, vantagens e benefícios que não façam parte do pacote tradicional de remuneração da empresa. Recompensas como home office, day off ou dia para usar a roupa que quiserem, pequenos gestos que demonstrem um maior jogo de cintura.

Aos jovens, o melhor conselho que se pode dar é: paciência. Dito assim, parece algo impossível de se acatar. Mas a verdade é que poucas pessoas fazem grandes conquistas profissionais sem uma boa dose de paciência e maturidade para entender o tempo da construção das relações e dos resultados.

Fabio Barbirato é psiquiatra pela ABP/CFM e responsável pelo Setor de Psiquiatria Infantil do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na pós-graduação em Medicina e Psicologia da PUC-Rio. É autor dos livros “A mente do seu filho” e “O menino que nunca sorriu & outras histórias”. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

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