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Psiquiatra infantil
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Quanto tempo crianças e adolescentes devem estar expostos a telas?

Preocupação sobre a quantidade de horas que as crianças devem usar tablets e celulares é recorrente

Por Fabio Barbirato
24 fev 2023, 11h05

Uma das perguntas que mais ouvimos dos pais, seja em consultório ou na Santa Casa é: quanto tempo meu filho deve ficar diante de tablet e celular, consumindo conteúdo online. Trata-se de um tema que ultrapassa fronteiras sociais ou econômicas e preocupa a todos que tem a função de educar crianças ou jovens.

Diversos estudos já apresentaram infindáveis números – muitos contrários, alguns neutros – sobre o impacto das telas na saúde mental das crianças e adolescentes. Alguns especialistas estrangeiros, mais radicais, defendem a abstenção total até os seis anos de idade. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) tem suas recomendações sobre o tempo e a idade que as crianças devem ser expostas a telas: até uma hora por dia para crianças com idade entre 2 e 5 anos, e duas horas, como o limite máximo, para crianças com idade entre 6 e 10 anos. Já para os adolescentes, com idades entre 11 e 18 anos, a indicação é de, no máximo, 3 horas por dia, incluindo o uso de videogames.

Pesquisa francesa recente apontou que jovens passam mais de sete horas por dia em gadgets para uso recreativo e apenas uma hora com finalidade educacional. Alguns estudos indicam alterações significativas no desenvolvimento cerebral de crianças com grande número de horas diante de telas.

No entanto, é preciso considerar dois fatores. O primeiro deles é que estamos diante de gerações que são nativas digitais: este é o ambiente em que elas cresceram; é nele que os jovens socializam, se conhecem, se comunicam, namoram. Ignorar este fato, diante da realidade do cotidiano, me parece contraproducente.

O segundo ponto é que nem tudo é necessariamente perda de tempo diante das telas. Ao contrário! Outros conteúdos audiovisuais, como séries, programas, filmes, games, redes sociais, aplicativos de música, tudo isso pode ser mais do que mero entretenimento. É a expressão da cultura de um tempo – do tempo deles.

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Sem dúvida, a pandemia, que forçou as crianças a ficarem em casa por tantos meses, intensificou e normalizou o uso de smartphones e outras telas. Por outro lado, o que teria sido esse período tão severo para essas crianças sem a possibilidade de ver e interagir com amigos e parentes, se não pelas telas?

Gosto de insistir na ideia do bom senso. Raramente ele falha. É claro que muitas horas diante das telas não é uma opção saudável – assim como hora nenhuma também não é uma boa opção a partir de uma certa idade.

Ninguém melhor que os pais para saberem o quanto e quando é hora de os filhos terem contato com telas – e, acima de tudo, com quais conteúdos. Essa supervisão e orientação é fundamental.

Fabio Barbirato é psiquiatra pela ABP/CFM e responsável pelo Setor de Psiquiatria Infantil do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na pós-graduação em Medicina e Psicologia da PUC-Rio. É autor dos livros “A mente do seu filho” e “O menino que nunca sorriu & outras histórias”. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

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