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Psiquiatra infantil
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Pais na arquibancada: a arte de saber educar enquanto estão na torcida

Uma criança que está em campo ou em quadra já se sente suficientemente pressionada para ainda ter que lidar com as cobranças dos pais na arquibancada

Por Fábio Barbirato
17 nov 2023, 12h04

Aconteceu com uma pessoa próxima, mas acredito que a cena se repita com frequência. Meu amigo foi ao assistir o campeonato de futebol do filho. Ciente do seu papel de pai, estava lá para torcer pelo garoto e dar seu apoio, mas da arquibancada, de forma respeitosa.

Eis o que meu amigo presenciou: pais (e algumas mães) comportando-se como se estivessem em final de Campeonato Brasileiro no Maracanã. Gritavam o nome dos filhos, xingavam a arbitragem, tentavam passar instruções aos filhos, aos berros, num festival de mau comportamento.

O que estarão esses pais transmitindo aos filhos, mesmo que não intencionalmente? Uma criança que está em campo ou em quadra já se sente suficientemente pressionada a dar o melhor resultado possível. E ainda é obrigada a lidar com as cobranças dos pais ou responsáveis.

Além disso, crianças aprendem o que elas vivenciam e testemunham. Se o que elas percebem dos pais, na hora de uma competição, é destempero e cobrança, automaticamente estas ideias estarão introjetadas nelas. Definitivamente, não é uma experiência saudável.

A prática esportiva é fundamental na educação de uma criança, sobretudo, porque ela ensina uma série de coisas, não apenas sobre futebol, mas sobre a vida. Perder ou ganhar é absolutamente irrelevante quando uma criança ou adolescente se preparou para competir e fez o seu melhor na hora do jogo. Além disso, a atuação da coletividade é tão ou mais importante que o desempenho de um ou outro, individualmente. Um jogo esportivo é uma infinidade de metáforas que servem para educar – pais e filhos.

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Pais e mães devem ficar atentos para não projetarem nos filhos seus desejos recalcados ou frustrados, seja por vitórias ou mesmo uma dedicação ao esporte não vivida profissionalmente.

O mundo adulto já reserva uma infinidade de competições às crianças – muitas bem pouco saudáveis. Deixemos que tudo venha a seu tempo e que, por enquanto, competições esportivas tenham para os jovens apenas o sabor agradável do convívio entre amigos.

Fabio Barbirato é psiquiatra pela ABP/CFM e responsável pelo Setor de Psiquiatria Infantil do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na pós-graduação em Medicina e Psicologia da PUC-Rio. É autor dos livros “A mente do seu filho” e “O menino que nunca sorriu & outras histórias”. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

 

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