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Psiquiatra infantil
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Instagram: o uso de filtros de imagem e a saúde mental dos jovens

Empresa revê o uso do recurso de alteração da própria imagem que pode levar a problemas de autoestima

Por Fabio Barbirato
11 out 2024, 09h31
Tela de um celular com ícones de aplicativos.
Redes sociais como Instagram podem detonar quadros de ansiedade e até depressão. (Pixabay/Reprodução)
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Agora é para valer: a Meta, proprietária da rede social Instagram, anunciou que a partir de janeiro de 2025 os únicos filtros de imagens disponíveis para os usuários serão os da própria empresa. A notícia é muito bem vinda para a saúde mental de crianças e jovens. Quem convive com eles, sabe o quanto a possibilidade de alterar artificialmente a própria imagem é capaz de comprometer a auto estima de quem ainda não tem a personalidade e a autopercepção totalmente formada.

Para além disso, jovens atravessam um delicado momento de mudanças corporais, de voz, até mesmo na pele como espinhas, fatores que aos adultos podem parecer menores, mas que para os adolescentes pode causar insegurança e ser bastante desestabilizador.

O uso excessivo de filtros pode gerar ansiedade e insegurança com a autoimagem, além de casos de bulimia, anorexia, automutilação e depressão.

Redes sociais são, em grande parte, feitas de imagens filtradas e manipuladas por edição para projetar, por marcas ou influenciadores, um padrão de beleza muitas vezes insustentável ou até mesmo irreal. Sabemos que essas imagens acabam levando os usuários (especialmente os jovens, mas não apenas eles) a se avaliarem e se compararem com frequência, levando a uma insatisfação consigo mesmo.

O Instagram, por ser essencialmente visual, com fotos e vídeos, estimula uma certa “cultura da perfeição”, em que falhas, erros, defeitos ou imperfeições são artificialmente suprimidos. Com isso, apenas os “melhores momentos” – mesmo falsos – chegam aos seguidores. Esse modus operandi cria um descompasso entre a vida real e a ficção, gerando um nocivo sentimento de inadequação por não estar à altura dos padrões estabelecidos pela rede.

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A atriz Paolla Oliveira deu uma declaração contundente sobre o uso de filtros para burlar a própria imagem. “Filtros mágicos resolvem quase tudo em segundos, mas já sabemos que essa facilidade cobra caro! Cobra a paz com nossa autoestima e nossa sanidade mental”, declarou.

Adultos, pais, responsáveis e professores devem estar atentos à relação que crianças e jovens estabelecem não apenas com as redes sociais, mas com a tecnologia, de um modo geral. A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda distintos volumes de horas de consumo de internet, de acordo com cada idade.

Além disso, seguir personalidades e influenciadores que prezam e divulgam uma imagem corporal saudável, positiva e diversa e praticar a empatia com a diferença são fundamentais. É preciso educar crianças e jovens sobre as implicações da comparação com outras pessoas (não apenas as virtuais, mas também as reais) e estimula-las a desenvolverem um senso crítico diante do conteúdo que estão consumindo. Em casos mais graves, é preciso buscar auxílio de um profissional de saúde especializado.

Fabio Barbirato é médico psiquiatra pela UFRJ, membro da Academia Americana de Psiquiatria da Infância e Adolescência e responsável pelo setor de Psiquiatria Infantil da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na PUC-Rio. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

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