Final do ano: quando as crianças ficam de recuperação ou repetem de ano
Acolhimento e noção de responsabilidade são importantes no final do ano letivo
Chegamos ao momento em que as turmas nas escolas se dividem em dois grupos: aqueles que já passaram de ano e deram adeus ao ano letivo, e o segundo grupo, que está de recuperação e terá que adiar as férias. Alguns, infelizmente, não chegarão a conquistar as notas necessárias e repetem de ano.
A experiência de repetir de ano talvez seja das mais marcantes na história de crianças e adolescentes. A sensação de frustração é inevitável, sem falar da culpa e do sentimento de decepcionar pais e familiares. O importante, no entanto, é entender as causas que levaram o aluno à repetência.
De modo geral, podemos dividi-los em dois subgrupos: aqueles que repetiram de ano porque tiveram dificuldade de entendimento com o conteúdo programático da escola, que se esforçaram bastante mas, ainda assim, não foi suficiente para garantir a aprovação. Na outra ponta, estão os alunos displicentes, que achavam que iriam se garantir à medida que o ano avançasse, porém, quando se deram conta, já era tarde demais e acabaram sendo engolidos pelo volume de matéria pendente a ser compreendida.
Seja qual for o caso, há lições para os dois grupos. Estudar é algo que se aprende. E todo mundo é capaz de aprender. Exige método, dedicação, disciplina. É um exercício que precisa ser praticado. A partir do ano que vem, organize uma rotina de estudo e comece o quanto antes. Evite deixar que as lições se acumulem e acabem comprometendo o aprendizado de conteúdos mais adiante no ano letivo.
Outro ponto importante é confiar mais nos professores, estabelecendo uma relação de parceria com eles. Professores são os maiores aliados dos alunos e quem mais tem interesse e alegria em ver todos se saírem bem. Além disso, a internet é um excelente aliado na hora de estudar: há vários conteúdos de aulas e explicações na rede, além de simulados e provas anteriores. Não fique envergonhado e esclareça suas dúvidas.
Aos alunos que repetem por negligência, é uma excelente oportunidade de aprenderem que toda escolha implica uma consequência. Não estudar ao longo do ano também terá seu preço. Seguramente o aluno sairá dessa experiência com uma nova noção de responsabilidade.
No entanto, independente de qual seja a causa de repetição do aluno, é importante que pais, familiares e amigos não desestimulem ou abalem a confiança do estudante. Cobrar sim, humilhar nunca. Pais são aliados dos filhos em seus momentos de dificuldade ou vergonha. Acolhimento é a palavra-chave neste momento.
Por fim, cabe lembrar que a vida é generosa: um novo ano começa daqui a pouco, com novas oportunidades para se colocar em prática o aprendizado das experiências do ano que termina.
Boas provas e boas férias!
Fabio Barbirato é médico psiquiatra pela UFRJ, membro da Academia Americana de Psiquiatria da Infância e Adolescência e responsável pelo setor de Psiquiatria Infantil da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na PUC-Rio. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).