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Fábio Barbirato

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Psiquiatra infantil

Fenômeno Hikikomori: você sabe o que é?

Isolamento social permeia o comportamento identificado pela primeira vez no Japão

Por Fabio Barbirato
21 jul 2025, 14h48
Uma jovem triste sentada na cama.
"Hikikomori”: não é raro que o fenômeno também se apresente combinado com outros transtornos, como depressão e ansiedade.  (Freepik/Reprodução)
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Solidão, excesso de telas, consumo excessivo de pornografia ou de jogos, laços de amizade que se limitam ao ambiente virtual, sedentarismo, procrastinação nos estudos ou no trabalho. Quando o mundo se limita apenas à extensão do próprio quarto, às vezes por mais de seus meses. Este é o comportamento identificado como “Hikikomori”, que pode ser traduzido como “isolado em casa”. Primeiramente nomeado no Japão, nos anos 1990, começa-se também a ficar mais conhecido por aqui, no Brasil.

Não é raro que o “hikikomori” também se apresente combinado com outros transtornos, como depressão e ansiedade. Segundo relatos, há pacientes que precisam de auxílio até mesmo para saírem do quarto. É raro que os pacientes se deem conta sozinhos tem “hikikomori”, o que dificulta a busca por ajuda. Geralmente, um familiar ou amigo se dá conta dos sinais, embora haja certa dificuldade em dizerem o que exatamente está se passando.

“Hikikomori” são de difícil diagnóstico e tratamento. Desde o advento da pandemia, quando todos fomos confinados em casa, o número de casos considerou consideravelmente. O cruel é que como o mais indicado era ficar em casa, passar horas no quarto era entendido como um comportamento absolutamente normal.

A questão é que alguns dos indícios de um comportamento “hikikomori” são absolutamente contemporâneos, fazendo parte do dia a dia das novas gerações: altamente conectados, interação por telas, desestimulados. Muitos jovens se queixam da falta de um objetivo maior de vida e, quando o encontram, desistem ou entediam com rapidez.

Sim, porque o mundo real não caminha na velocidade dos games e dos vídeos do mundo virtual. Isso explica o enorme número de abandono de empregos por parte das gerações mais novas, que não se identificam mais com o que era absolutamente normal até outro dia: dedicar a vida a construir uma carreira estável. Como escreveu o poeta Raul Seixas, de maneira visionária, “é chato chegar a um objetivo num instante”. Se chegar ao objetivo é chato e persegui-lo é entediante, sobra muito pouco.

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Mas japoneses e brasileiros são muito diferentes. Japoneses são um povo bastante fechado, instrospectivo, altamente conectado, tradicionalmente transferem para objetos e robôs relações de afeto. Nós não somos assim. Brasileiros são extrovertidos, solares, interpessoais. Começar a identificar casos de comportamento “hikikomori” entre brasileiros é um indício de como a saúde mental de crianças e jovens está em constante provação e como é preciso estar atento a elas.

Fabio Barbirato é psiquiatra pela ABP/CFM e responsável pelo Setor de Psiquiatria Infantil do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na pós-graduação em Medicina e Psicologia da PUC-Rio. É autor dos livros “A mente do seu filho” e “O menino que nunca sorriu & outras histórias”. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

 

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