Imagem Blog

Fábio Barbirato Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Psiquiatra infantil
Continua após publicidade

Como educar crianças que reagem sempre com raiva ou irritação?

A raiva é um sentimento intrínseco ao ser humano, mas tem limites

Por Fabio Barbirato
6 set 2022, 11h05

Quem convive com crianças, sabe: não é raro que elas façam birra ou manha, seja em casa, na rua, no restaurante ou no shopping. São comportamentos normais, que devem ser monitorados e acompanhados com atenção pelos pais, dependendo da idade das crianças (entre as menores, pode ser uma espécie de rito de passagem, já que ainda estão aprendendo a se controlar). Mas e quando o quadro fica mais complicado? E quando as crises de irritação ou explosões de raiva se tornam mais sistemáticas?

A irritabilidade é um sintoma emocional. A raiva é algo intrínseco ao ser humano. Responder a uma crise de raiva de uma criança com gritos em nada a ajudará – ao contrário, apenas agrava a situação. Como diz a psiquiatra americana Gabrielle Carlson, “comportamentos irritadiços ou explosivos são como febre: sabe-se que a criança está doente, mas a febre é apenas um indício de algo maior”.

Irritabilidade e explosões de temperamento são sintomas relativamente inespecíficos na psicopatologia infantil que podem afetar uma série de transtornos, como transtornos do humor, transtornos comportamentais, transtornos do desenvolvimento, transtornos relacionados ao trauma e ao estresse e transtornos de ansiedade.

A queixa maior dos pais quando vão procurar um psiquiatra infantil ou um neuropediatra e recebem o diagnóstico de Transtorno de Oposição Desafiante (TOD) é a irritabilidade, crianças que são explosivas, que se irritam com facilidade. Porém, a explosão não está entre os critérios de TOD.

Dificilmente uma criança começa esse comportamento fora de casa. A maior parte das crianças com este transtorno, que atendi em mais de 25 anos, são filhos de “pais facilitadores”, ou seja, pais que não dão limites aos filhos. Geralmente, suspende-se a medicação que está sendo ministrada à criança, faz-se uma revisão do diagnóstico e volta-se o olhar para os pais e a dinâmica da família. A melhora do paciente identificado está intrinsicamente atrelada à mudança de comportamento dos pais: eles precisam aprender a dizer “não” aos filhos. A família passa por uma revisão de postura, altera certas estruturas pouco saudáveis e constroi um novo comportamento onde a criança passa a ter limites em casa.

Continua após a publicidade

A resposta tem sido expressiva porque a criança começa a ter o comportamento desafiador opositivo em casa – e, a partir daí, começa a reproduzir essa conduta fora de casa: na escola, na rua, na casa de amigos e de parentes.

Mapear as razões das crises de raiva, interceder nas causas e aprender a controla-la é uma habilidade que se carrega por toda a vida e permite que a criança se comporte de forma saudável em casa, na escola e no mundo.

Fabio Barbirato é médico psiquiatra pela UFRJ, membro da Academia Americana de Psiquiatria da Infância e Adolescência e responsável pelo setor de Psiquiatria Infantil da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na PUC-Rio. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
10 grandes marcas em uma única assinatura digital
Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe mensalmente Veja Rio* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de Rio de Janeiro

a partir de R$ 39,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.