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Psiquiatra infantil

Autismo no Brasil: o que diz o novo Censo do IBGE?

Segundo levantamento do IBGE, autistas já somam 2,4 milhões de pessoas no Brasil

Por Fabio Barbirato
28 Maio 2025, 13h39
Criança segura brinquedo nas cores do autismo.
Censo do IBGE recém-divulgado traz, pela primeira vez, números com informações sobre autismo no Brasil. (Freepik/Reprodução)
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O Brasil é um país carente de dados. Ainda mais quando o tema em questão é a saúde pública. Se o recorte for a psiquiatria, a escassez é ainda maior. É por isso que, muitas vezes, usamos números americanos ou mundiais como balizadores. Por tudo isso, é motivo de enorme satisfação a divulgação pelo IBGE dos dados do último Censo 2022 que, pela primeira vez, incluiu no questionário perguntas sobre deficiência e transtornos como o autismo. É importante ressaltar que essas respostas foram dadas espontaneamente, sem comprovação de diagnósticos aos entrevistadores.

Segundo o Censo, o Brasil tem 2,4 milhões de autistas. O número corresponde a 1,2% da população. A prevalência do autismo é maior entre os homens (1,5% da população). Entre as mulheres, o percentual é de 0,9%. Os homens com autismo somam 1,4 milhão, e as mulheres, 1 milhão.

Na comparação por idade, a população entre 5 e 9 anos possui a maior proporção de diagnósticos de autismo (2,6%), seguida por crianças de até 4 anos (2,1%), de 10 a 14 anos (1,9%) e de 15 a 19 anos (1,3%). Nas demais faixas etárias, a proporção varia de 0,8% a 1%, portanto abaixo da média. Isso se explica, em grande parte, porque o acesso ao diagnóstico se tornou mais amplo após uma parceria da psiquiatria e da pediatria, em 2013, o que justifica a maior incidência entre as pessoas de menor idade.

Na análise por cor e raça, a população branca tem uma prevalência maior de pessoas diagnosticadas com autismo (1,3%), seguida pela amarela (1,2%), preta e parda (1,1%) e indígena (1,9%).

Na mesma pesquisa, o IBGE apurou dados sobre deficiência no Brasil. Foram consideradas pessoas com deficiência as que têm impossibilidade ou grande dificuldade para enxergar, ouvir, andar, manusear objetos e aquelas com grandes limitações mentais. Não há, no entanto, cruzamento de dados que mostre o número de pessoas com autismo que também tenha alguma deficiência física.

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O IBGE avaliou a distribuição regional das prevalências de autismo. Com exceção de Acre (1,6%), Amapá (1,5%), Ceará (1,4%), Rondônia, Espírito Santo e Rio de Janeiro (os três com 1,3%), todos os outros estados ficaram entre a média nacional (1,2%) e 1%. Os domicílios com pelo menos uma pessoa diagnosticada com autismo representa 2,9% do total do país.

O autismo é um transtorno. Ainda que algumas pessoas recusem essa realidade, ele faz parte do CID (Classificação Internacional de Doenças) e do DSM (Manual de Saúde Mental da Academia Americana de Psiquiatria), desde a década de 1980, como um transtorno. Tanto isso é verdade, que para terem acesso a tratamento, é necessário o diagnóstico de acordo com o CID, para terem suporte dos planos de saúde. É uma característica nata da pessoa, como sua raça ou cor do olho. Já é tempo do poder público entender e assumir seu papel no sentido de promover maior igualdade e oferecer melhores condições de vida a quem esteja no espectro autismo. Não é gentileza, não é favor: é cidadania.

Para um país se conhecer, é preciso informação. Conhecimento e divulgação de números oficiais, coletados com responsabilidade, são a melhor maneira de informar e orientar políticas públicas em prol de quem precisa.

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Fabio Barbirato é psiquiatra pela ABP/CFM e responsável pelo Setor de Psiquiatria Infantil do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na pós-graduação em Medicina e Psicologia da PUC-Rio. É autor dos livros “A mente do seu filho” e “O menino que nunca sorriu & outras histórias”. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

 

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