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Psiquiatra infantil
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As redes sociais estimulam a crise de suicídios entre jovens?

Revista foi investigar a relação das redes com a saúde mental dos adolescentes

Por Fabio Barbirato
21 out 2024, 14h29
Tela de um celular ligado com ícones de redes sociais, como Twitter e Instagram.
Segundo a revista The New Yorker, a maioria dos adolescentes americanos acessa as redes sociais com regularidade, mais da metade passam ao menos quatro horas do dia conectado.  (Pixabay/Reprodução)
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A pergunta que dá título a este artigo foi feita em recente edição da revista americana The New Yorker. A publicação – uma das mais importantes do mundo – foi ouvir o que pensam os americanos sobre o assunto. As conclusões foram surpreendentes. Cerca de 53% da população americana acreditam que as redes são principalmente ou totalmente responsáveis pelo aumento dos casos de suicídio entre jovens.

Segundo a revista, a maioria dos adolescentes americanos acessa as redes sociais com regularidade, mais da metade passam ao menos quatro horas do dia conectado. Pesquisadores de um outro estudo, realizado em 2023, concluíram que reduzir a exposição às mídias sociais impacta positivamente na forma como adolescentes e jovens adultos lidam com a autoimagem.

Estudo de 2019 da Johns Hopkins University concluiu que mais do que três horas ao dia conectado pode levar os jovens a internalizarem mais seus problemas, tornando-os mais difíceis de serem superados, levando a casos de depressão e ansiedade.

No Brasil não é diferente. Por aqui, vemos as mesmas queixas chegarem aos consultórios, independente da classe social, condição financeira ou instituição de ensino que a criança ou adolescente frequenta. Redes sociais se sustentam, em grande parte, a partir de imagens manipuladas por marcas ou influenciadores com objetivos comerciais, “vendendo” um estilo de vida inexistente ou insustentável. Esse modus operandi acaba levando os jovens a se julgarem e compararem aos outros, levando a uma insatisfação consigo mesmo, frequentemente.

O resultado é que esse descompasso entre a vida real e vida que se supõe ideal levou a uma espécie de “cultura da perfeição”, adoecendo a saúde mental dos nossos jovens, que pode se manifestar desde casos de automutilação ao suicídio. Mas a sociedade civil já começa a se organizar, tanto no Brasil quanto no exterior. Tem sido cada vez mais frequente a cobrança de uma postura ética e responsável das empresas.

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Diversos processos foram iniciados contra as redes sociais – como TikTok, Instagram, Facebook e Snapchat – por parte de pais e parentes que perderam jovens para o suicídio, em função de transtornos mentais causados pela dificuldade em lidarem com o excesso de cobranças e comparações provocados pela vida online. Mais do que vantagem financeira, os parentes pedem mudança de postura por parte dessas companhias.

Apenas assim, com um esforço coletivo, que envolve desde as empresas de tecnologia até a supervisão responsável dos pais, teremos um uso racional e saudável das redes por conta dos jovens. 

Fabio Barbirato é médico psiquiatra pela UFRJ, membro da Academia Americana de Psiquiatria da Infância e Adolescência e responsável pelo setor de Psiquiatria Infantil da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na PUC-Rio. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

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