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Fábio Barbirato

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Psiquiatra infantil
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Adolescência “normal”: o que é transtorno mental e o que é da idade?

Alguns comportamentos são absolutamente compatíveis com a idade dos jovens e não transtornos, como acreditam os pais

Por Fabio Barbirato
18 jun 2024, 18h36
Meninas adolescentes sentadas em um banco de praça.
Adolescência: período de mudanças e de adequação à nova realidade. (Pixabay/Reprodução)
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O que é ser adolescente? Não há dúvida que se trata de uma das fases mais interessantes da vida, uma época de transições e descobertas, de ganho de autonomia e independência, mas também de aumento de responsabilidades. Ao mesmo tempo, a adolescência pode ser um momento difícil da vida, pelas mesmas razões. É a hora de um amadurecimento irreversível a caminho da vida adulta, de mudanças no corpo e na voz, de encontrar a sua “turma”, de definir personalidade.

O que acontece é que o comportamento juvenil muda, de geração para geração. Um jovem dos anos 1900 não tem nada a ver com o jovem de 1960, que por sua vez é diferente do jovem de 2000, que já diferente de 2024, e por aí vai… Ser jovem é, antes de tudo, uma cria do seu próprio tempo. Quem foi jovem nos anos 1970 ou 1980, como eu, sabe que a socialização se dava de forma presencial, na rua. Jogos eram apenas os de tabuleiro, videogame era o Atari, que mesmo assim se jogava junto, estando no mesmo ambiente, e não pela internet, que não sonhava ter a popularização que tem hoje.

E o que é ser jovem em 2024? Sem dúvida alguma, trata-se de uma geração fortemente marcada pela interação com tecnologia e presença nas redes sociais, um traço definidor de seu comportamento. Proibir que o adolescente faça uso das redes sociais ou da internet é isolá-lo da forma de socialização do seu próprio tempo, prejudicando o desenvolvimento do jovem.

Acontece que alguns pais tendem a enxergar em condutas dos filhos algo que indique um transtorno mental – o que absolutamente não é real. Nem tudo pode ser resolvido ao se ministrar um medicamento em uma criança ou jovem. Excesso de uso de tela ou horas em demasia diante de videogames, por exemplo, não necessariamente indicam qualquer transtorno, portanto, não podem ser “resolvidos” com uso de remédios. Isso tem muito mais a ver com a construção social em que a criança está inserida, bem como a responsabilidade dos pais sobre os filhos.

Não querer que as crianças ou jovens passem muito tempo diante do celular ou computador, jogando ou trocando mensagens, exige diálogo e exercício de autoridade. O uso abusivo de telas pode trazer comprometimentos severos, como transtorno de ansiedade e depressão, bem como rendimento e aprendizado escolar.

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Contrariar eventuais desejos dos filhos faz parte do processo educativo deles. Um “não” dito da forma certa, justificado, pensado para o melhor da criança, é o melhor que um pai ou mãe pode fazer para preparar aquele menor para a série de frustrações que a vida traz, inexoravelmente.

Pais precisam estar atentos, ser ativos e servirem como modelo aos filhos. A responsabilidade cabe aos pais, mas também aos filhos, como parte inerente do amadurecimento imposto pela adolescência.

Fabio Barbirato é psiquiatra pela ABP/CFM e responsável pelo Setor de Psiquiatria Infantil do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na pós-graduação em Medicina e Psicologia da PUC-Rio. É autor dos livros “A mente do seu filho” e “O menino que nunca sorriu & outras histórias”. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

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