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Psiquiatra infantil
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A inclusão de autistas adultos nas séries e nos estádios de futebol

São cada vez mais comuns os autistas que conseguem se sobrepor às adversidades cognitivas, motoras e emocionais implícitas ao transtorno

Por Fabio Barbirato
26 ago 2022, 14h41

Está entre as séries mais vista na Netflix no momento: em “Uma advogada extraordinária”, uma brilhante advogada lida com casos jurídicos e politicagem. Seria apenas mais uma série dramática se não fosse por um detalhe: a protagonista está diagnosticada no espectro autista. Para nós, que convivemos com autistas todos os dias, salta aos olhos a qualidade do trabalho da atriz coreana Park Eun-bin, a ponto de fazer acreditar que ela fosse autista (a internet esclarece que não é).

A série lida com uma questão que não costuma ser abordada com frequência na sociedade: autistas crescem. E viram adultos. Com a melhoria das condições de diagnóstico – cada vez mais precoce, antes dos três anos de idade – é razoável pensar que será cada vez mais comum vermos adultos do espectro autismo atuantes nas mais diferentes áreas.

Embora não haja muitas pesquisas sobre adultos e autismo, calcula-se que cerca de 2,2% dos americanos com mais de 18 anos estejam no espectro. Se aplicarmos o mesmo percentual à população brasileira apenas como exercício hipotético, estaríamos falando de cerca de 5 milhões de pessoas. É bastante significativo.

Diferentes segmentos têm dedicado mais atenção a este público. “Autistas alvinegros” é a torcida organizada do Corinthias que já reúne mais de 140 pessoas, entre autistas, familiares e psicólogos. Os estádios de futebol também estão adequando suas instalações para recebê-los e atender com qualidade às suas especificidades. Os times de futebol estão dando uma lição: acessibilidade vai muito além de atender as limitações físicas dos torcedores, como rampa de acesso ou toaletes adaptados, mas também implica em respeitar suas condições mentais.

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São cada vez mais comuns os autistas que conseguem se sobrepor às adversidades cognitivas, motoras e emocionais implícitas ao transtorno. Há casos de autistas adultos que seguem a vida acadêmica e se tornam professores – apesar do ainda alto índice de absenteísmo atrelado ao transtorno, mais por falta de informação e preconceito dos empregadores do que por causa dos autistas. É preciso dar oportunidades. O documentário australiano “Amor no espectro” (Netflix) é uma aula de cidadania: autistas que trabalham, estudam, dirigem e desejam dividir uma vida amorosa.

Inclusão e respeito são palavras-chaves neste processo de reconhecimento do autista adulto como um membro atuante em uma sociedade que se pretende diversa. Seja exercendo advocacia ou torcendo nos estádios de futebol, os autistas são protegidos por uma criteriosa e ampla legislação que os ampara desde questões legais à fiscais ou de atendimento de saúde. Que as nossas diferenças sejam fonte de riqueza e justiça, e não de preconceito e atraso.

Fabio Barbirato é médico psiquiatra pela UFRJ, membro da Academia Americana de Psiquiatria da Infância e Adolescência e responsável pelo setor de Psiquiatria Infantil da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na PUC-Rio. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

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