O uso do botox no tratamento das cordas vocais
Conheça o moderno recurso que dispensa internação prolongada e saiba por que ele vem sendo a principal escolha nas clínicas
A toxina botulínica (popularmente conhecido como Botox) é um potente agente neuroparalisante, sendo usado amplamente na medicina. Tem seu papel disseminado no campo da estética, porém seu uso não se limita a essa área. Muita gente não sabe, mas o Botox tem sido adotado no tratamento de diversos distúrbios neuromusculares, como blefaroespasmo, o torcicolo, a distonia oromandibular. No campo da laringologia, a injeção de toxina botulínica tem sido considerada o tratamento de escolha para as disfonias espasmódicas de adução e abdução. Parece que estou falando grego? Explico o que se trata abaixo.
Define-se disfonia qualquer distúrbio da voz em decorrência de uma alteração funcional ou orgânica do trato vocal. Grosso modo, uma alteração na impostação. Por exemplo, o uso abusivo e inadequado da voz consiste em um importante exemplo de causa de disfonia.
Abaixo, a médica e especialista Jéssica Lima Coelho explica em que caso vale a pena adotar o procedimento e por quais motivos. Confira a entrevista!
Fabiano – Em que tipo de disfonia é indicada a aplicação do Botox?
Jéssica – O uso da toxina botulínica é o tratamento de escolha na disfonia espasmódica (ou distonia laríngea). Consiste em um distúrbio da fonação, caracterizado por contrações involuntárias da musculatura laríngea envolvida no processo da vocalização.
Fabiano – Como se caracteriza a voz da pessoa acometida por essa doença?
Jéssica – A voz é tensa e estrangulada, com quebras fonatórias frequentes e geralmente acompanhada de tremor devido a irregulares e inapropriadas contrações dos músculos responsáveis.
Fabiano – O que causa a disfonia espasmódica?
Jéssica – As causas ainda não estão bem estabelecidas. No passado, a doença era associada à causa psicogênica. Embora possam existir formas psicogênicas de disfonia espasmódica, a literatura médica aponta que a maioria dos casos é atribuída a um distúrbio neurogênico.
Fabiano – Na prática, como funciona a técnica?
Jéssica – O tratamento é feito com aplicação intramuscular de toxina botulínica nos grupos musculares acometidos da prega vocal. Quando o procedimento é realizado através de laringoscopia direta, resulta em maior precisão e eficácia, bem como menor tempo de procedimento e aumentando o conforto do paciente.
Fabiano – Depois da aplicação do botox, a doença está curada?
Jéssica – Não. O efeito terapêutico varia entre 2 a 5 meses. Cada pessoa tem a prega vocal um pouco diferente, e também a forma de depósito corporal de Botox varia em cada um. Com o término do efeito, pode-se fazer necessário repetir a aplicação.
Fabiano – E o Botox sempre terá a mesma eficácia nos pacientes?
Jéssica – Acredita-se que a aplicação repetida pode levar a uma resistência, e isso ocorre devido à criação de anticorpos específicos. Nos pacientes que desenvolvem resistência à toxina botulínica do tipo A, pode ser usada a toxina do tipo B, por exemplo.
Fabiano – A melhora da voz após a aplicação é imediata?
Jéssica – Como nos procedimentos estéticos, ocorre uma fase de espera inicial. No primeiro dia ou até no segundo, a voz não mudará significativamente. Somente após esse período inicial, será possível perceber a diminuição nos espasmos, ou seja, aquela contração involuntária que atrapalhava na hora de falar.
Fabiano – Quais são as outros métodos de tratamento existentes para a disfonia espasmódica?
Jéssica – É descrito na literatura o tratamento fonoaudiológico, além de tratamentos cirúrgicos. Porém, alguns estudos que utilizaram questionários para avaliar a mudança na qualidade de vida do paciente após aplicação de toxina botulínica, conferiram que é um método muito efetivo, independentemente do tempo de terapia.. Atualmente, consiste no principal tratamento de escolha.
Fabiano – Por que o Botox é considerado método de escolha no tratamento dessa patologia?
Jéssica – Pela efetividade, praticidade, baixa morbidade e raros efeitos adversos da aplicação. É muito menos invasivo quando comparada a realização de cirurgia, e o paciente mantém preservada sua estrutura anatômica laríngea. Além do mais, os procedimentos cirúrgicos não são descritos como isentos de recidiva, podendo ser necessária uma nova intervenção. A terapia fonoaudiológica quando usada de forma isolada se mostra ineficaz na literatura.
Médica Residente em Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Graduação em Medicina pela Universidade Luterana do Brasil(ULBRA).
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