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Fabiano Serfaty

Por Fabiano M. Serfaty, clínico-geral e endocrinologista, MD, MSc e PhD. Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Saúde, Prevenção, Tratamento, Qualidade de vida, Bem-estar, Tecnologia, Inovação médica e inteligência artificial com base em evidências científicas.

Mounjaro é aprovado pela Anvisa para tratar a obesidade e o sobrepeso

Em estudos do programa SURMOUNT, pacientes perderam, em média, de 16% a 22,5% do peso corporal em 72 semanas.

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Atualizado em 9 jun 2025, 18h01 - Publicado em 9 jun 2025, 17h58
Fita métrica mede a circunferência da cintura de um obeso.
A epidemia de obesidade é, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), um dos maiores problemas de saúde publica em nível global. (Shutterstock/Reprodução)
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O Mounjaro (tirzepatida) recebeu aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser utilizado no tratamento da obesidade. A decisão foi oficializada nesta segunda-feira (9) por meio de publicação no diário oficial. O medicamento já está disponível no Brasil desde maio. Inicialmente, sua comercialização era restrita ao tratamento da diabetes tipo 2, mas agora sua aplicação também foi liberada para auxiliar no combate à obesidade. Já utilizado nos Estados Unidos desde 2022, chega agora oficialmente com essa nova indicação terapêutica no país, prometendo transformar a abordagem da perda de peso.

O que é o Mounjaro e como ele funciona?

A Tirzepatida, princípio ativo do Mounjaro, age estimulando os receptores GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon 1) e GIP (peptídeo inibidor gástrico), uma combinação única que potencializa o controle da glicemia, reduz o apetite e promove a perda de peso. Nos Estados Unidos, o medicamento é comercializado como Mounjaro para diabetes tipo 2 e Zepbound para obesidade. No Brasil, a Anvisa manteve o nome comercial Mounjaro para o tratamnto da diabetes tipo 2 e da obesidade.

Administrado por injeções subcutâneas semanais, o tratamento começa com uma dose inicial de 2,5 mg, que pode ser ajustada progressivamente até 15 mg, dependendo da resposta do paciente. Essa escalada gradual minimiza efeitos colaterais e otimiza resultados, que incluem redução de até 2,4% na hemoglobina glicada (HbA1c) e perda de até 22,8% do peso corporal, segundo estudos de fase 3. Além disso, o Mounjaro melhora indicadores como colesterol e pressão arterial, consolidando-se como uma opção terapêutica robusta para o tratamento  da diabetes tipo 2 e da obesidade.

Resultados que chamam atenção

Os dados clínicos são expressivos. Em estudos do programa SURMOUNT, pacientes perderam, em média, de 16% a 22,5% do peso corporal em 72 semanas. Em alguns casos, o emagrecimento superou os 40% do peso inicial, números comparáveis aos de uma cirurgia bariátrica.

Quem pode usar?

Segundo a nova bula aprovada pela Anvisa, o Mounjaro pode ser indicado para:

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  • Pessoas com IMC ≥ 30 kg/m² (obesidade grau I ou mais),
  • Ou com IMC ≥ 27 kg/m² associadas a comorbidades como hipertensão, dislipidemia ou apneia do sono.

O tratamento deve ser prescrito e acompanhado por um médico e não substitui hábitos saudáveis como alimentação equilibrada e prática de atividade física.

Efeitos colaterais e cuidados

Como todo medicamento, o Mounjaro não está isento de efeitos adversos. Os mais comuns são náuseas, vômitos, diarreia e constipação. Por isso, autoprescrição é um risco real. A busca por soluções rápidas pode levar ao uso indiscriminado e sem orientação, o que compromete a segurança e eficácia do tratamento.

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O impacto no Brasil

O reconhecimento da obesidade como doença crônica e multifatorial ganha força com a aprovação de medicamentos como o Mounjaro. Além de oferecer uma alternativa terapêutica moderna e eficaz, o remédio pode ser incorporado futuramente a planos de saúde e programas de atenção básica, o que ampliaria o acesso e reforçaria o combate à epidemia de obesidade que afeta mais da metade da população adulta brasileira.

O Mounjaro representa uma nova fronteira no tratamento da obesidade, com evidências robustas, resultados animadores e potencial de mudar a vida de milhões de brasileiros. Mas como todo avanço, ele deve vir acompanhado de responsabilidade médica, ética e educação em saúde.

Em tempos de soluções rápidas e promessas milagrosas, a ciência oferece uma nova esperança e cabe a nós usá-la com sabedoria e orientação médica.

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