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Fabiano Serfaty

Por Fabiano M. Serfaty, clínico-geral e endocrinologista, MD, MSc e PhD. Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Saúde, Prevenção, Tratamento, Qualidade de vida, Bem-estar, Tecnologia, Inovação médica e inteligência artificial com base em evidências científicas.

Gordura abdominal e síndrome metabólica associadas a demência precoce

A gordura abdominal não é apenas uma questão de estética ou saúde metabólica; é um marcador crítico de risco para demência precoce.

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24 abr 2025, 19h43
Fita métrica mede a circunferência da cintura de um obeso.
A epidemia de obesidade é, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), um dos maiores problemas de saúde publica em nível global. (Shutterstock/Reprodução)
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A gordura abdominal, frequentemente subestimada, emerge como um dos principais marcadores de risco para demência precoce, uma condição debilitante diagnosticada antes dos 65 anos. Mais do que um indicativo de síndrome metabólica, o acúmulo de gordura abdominal desempenha um papel central nos processos inflamatórios e metabólicos que aumentam substancialmente a probabilidade de doenças neurodegenerativas. Um estudo populacional recente, conduzido na Coreia do Sul e publicado na revista Neurology, traz evidências claras dessa associação.

O Papel da Gordura Abdominal na Síndrome Metabólica

A gordura abdominal, também conhecida como obesidade visceral, é um componente essencial da síndrome metabólica, que inclui ainda hipertensão, glicemia elevada, triglicerídeos altos e baixos níveis de colesterol HDL. Essas alterações metabólicas podem comprometem a saúde cardiovascular e também podem afetar negativamente a função cerebral. Neste estudo sul-coreano recém publicado, indivíduos com gordura abdominal elevada e outros componentes da síndrome metabólica apresentaram um risco significativamente maior de desenvolver demência precoce, incluindo Alzheimer e demência vascular.

Resultados Alarmantes

O estudo, realizado com quase dois milhões de indivíduos entre 40 e 60 anos, revelou que a síndrome metabólica, marcada pelo aumento da gordura abdominal como um dos seus principais fatores, foi associada a um aumento de 24% no risco de demência precoce. Os dados demonstram que, quanto mais fatores da síndrome metabólica um indivíduo apresenta, maior é o risco, chegando a um aumento acumulativo de até 70%. Esse efeito foi mais evidente em mulheres e em pessoas mais jovens, especialmente na faixa dos 40 a 49 anos.

Gordura Abdominal: Um Risco Modificável

Embora os dados sejam alarmantes, o impacto da gordura abdominal na síndrome metabólica e na demência precoce oferece uma oportunidade de intervenção. Mudanças no estilo de vida, como a adoção de uma dieta saudável, exercícios físicos regulares e controle do peso, podem reduzir significativamente os riscos. Além disso, o monitoramento precoce da circunferência abdominal e de outros fatores metabólicos é crucial para prevenir complicações futuras.

Implicações Clínicas

Os achados reforçam a necessidade de maior conscientização sobre a importância da saúde metabólica na meia-idade. A gordura abdominal, que muitas vezes é tratada como uma preocupação menor, deve ser reconhecida como um fator de risco sério para doenças neurodegenerativas. Estratégias preventivas devem ser implementadas não apenas para proteger a saúde cardiovascular, mas também para preservar a função cerebral e reduzir os impactos devastadores da demência precoce.

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A gordura abdominal não é apenas uma questão de estética ou saúde metabólica; é um marcador crítico de risco para demência precoce. Reconhecer sua importância e adotar medidas preventivas pode fazer toda a diferença na preservação da saúde cerebral e na qualidade de vida a longo prazo. A mensagem precisa ser clara: cuidar do corpo é cuidar da mente.

Fonte:

  1. Association Between Metabolic Syndrome and Young-Onset Dementia
    A Nationwide Population-Based Study. Neurology.
    Jeong-Yoon Lee, Kyungdo Han, Jonguk Kim, Jae-Sung Lim, Dae Young Cheon, Minwoo Lee. May 27, 2025 issue.
    https://doi.org/10.1212/WNL.0000000000213599
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