Coqueluche: tudo que você precisa saber
Em crescimento no mundo, a doença infecciosa aguda compromete o aparelho respiratório e é caracterizada por tosse persistente
A coqueluche é uma doença infecciosa aguda que compromete o aparelho respiratório, especificamente a traqueia e os brônquios. Causada pela bactéria Bordetella pertussis, se caracteriza por paroxismos de tosse seca e pode durar cerca de 6 a 10 semanas, evoluindo em três fases: catarral, paroxística e de convalescença. Em lactentes, a coqueluche pode resultar em complicações graves e até mesmo levar à morte, especialmente em bebês com menos de 6 meses que ainda não completaram o esquema vacinal primário contra a doença. A transmissão ocorre diretamente de pessoa para pessoa, principalmente por meio de gotículas eliminadas durante a tosse, espirro ou fala. Estima-se que uma pessoa com coqueluche pode infectar de 12 a 17 outras pessoas suscetíveis. A suscetibilidade à doença é geral, tornando-a altamente contagiosa.
Panorama global da coqueluche
O Ministério da Saúde alertou para o aumento de casos de coqueluche no Brasil e no mundo. O aumento de casos de coqueluche em pelo menos 17 países da União Europeia tem sido monitorado pelo European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC), com sede em Estocolmo, Suécia. De acordo com o Boletim Epidemiológico do ECDC, publicado em maio de 2024, foram registrados 25.130 casos da doença na União Europeia entre janeiro e dezembro de 2023. Além disso, entre 1º de janeiro e 31 de março de 2024, mais 32.037 casos foram notificados. Embora o número de casos em 2023 estivesse abaixo da média de 2012 a 2019, o aumento acentuado foi observado no segundo semestre de 2023, chamando a atenção para o elevado número de casos nos três primeiros meses de 2024, que já se assemelha ao total de casos notificados em anos anteriores.
O ECDC também menciona que esse aumento de casos ocorreu após um período de baixa atividade da coqueluche durante a pandemia de Covid-19. Os casos têm sido notificados em
diversos grupos etários, com maior incidência em crianças menores de um ano, seguidas pelos grupos de 5 a 9 anos e de 1 a 4 anos, embora haja variações entre os países. Além da Europa, há referências de aumento de casos em outros países, como Montenegro, Sérvia, China, Israel, Austrália, Bolívia, Canadá e Brasil. Na China, o Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CCDC) informou que, até fevereiro de 2024, foram notificados 32.380 casos e 13 óbitos por coqueluche.
No Brasil, o Ministério da Saúde emitiu a Nota Técnica No 50/2023-CGVDI/DPNI/SVSA/MS para alertar sobre o surto da doença, destacando 693 casos confirmados até 2 de agosto de 2023, sendo 435 (62,8%) em crianças menores de 5 anos e 258 (37,2%) em maiores de 5 anos, com registro de 8 óbitos.
Transmissão
A coqueluche é uma doença altamente transmissível, principalmente pelo contato direto entre uma pessoa doente e outra não vacinada. A transmissão ocorre por meio de gotículas expelidas durante a tosse, espirro ou fala da pessoa infectada. Além disso, em alguns casos, a contaminação pode ocorrer por meio do contato com objetos recentemente contaminados pelas secreções de pessoas doentes. Embora seja raro, o agente causador da doença pode sobreviver fora do corpo humano por um curto período. O período de incubação da coqueluche varia de 5 a 10 dias, podendo se estender de 4 a 21 dias e, em casos raros, até 42 dias.
Sintomas
Os principais sintomas da coqueluche incluem:
Tosse intensa e persistente: A tosse é seca e pode ser tão forte que leva à falta de ar.
Espirros e coriza: No início, os sintomas podem ser confundidos com um resfriado comum.
Vômitos após a tosse: Especialmente em crianças pequenas.
Fadiga e fraqueza: Devido à intensidade da tosse.
Diagnóstico
Identificar a coqueluche nos estágios iniciais pode ser desafiador, pois os sintomas podem se assemelhar aos de um resfriado ou outras doenças respiratórias. A tosse seca é um sinal importante, mas para confirmar o diagnóstico, o médico pode solicitar exames como a coleta de material da nasofaringe para cultura e PCR em tempo real. Além disso, exames complementares, como hemograma e raio-X de tórax, podem ser realizados. O diagnóstico laboratorial da coqueluche é feito por meio do isolamento da bactéria Bordetella pertussis. Isso pode ser realizado através da cultura de material colhido da nasofaringe, utilizando uma técnica adequada, ou pela técnica de reação em cadeia de polimerase (PCR) em tempo real. É importante que a coleta do espécime clínico seja realizada antes do início da antibioticoterapia ou, no máximo, até 3 dias após o início do tratamento.
Prevenção
A prevenção da coqueluche é essencialmente realizada através da vacinação. A vacina DTP, que protege contra difteria, tétano e coqueluche, é administrada em crianças aos 2, 4 e 6 meses de idade, com reforços aos 15 e 18 meses. A vacinação é essencial para crianças menores de 1 ano, adultos não imunizados ou que que precisam de reforços após dez anos e gestantes a partir da 20ª semana de gestação, protegendo tanto a mãe quanto o bebê nos primeiros meses de vida. Além disso, medidas como evitar o contato com pessoas infectadas e manter bons hábitos de higiene, como lavar as mãos e usar máscaras, podem ajudar a prevenir a transmissão da doença.
Tratamento
O tratamento da coqueluche envolve o uso de antibióticos para combater a infecção causada pela bactéria Bordetella pertussis. Os antibióticos macrolídeos são a primeira opção terapêutica e incluem os seguintes medicamentos: azitromicina, claritromicina e eritromicina. Em casos de alergia ou intolerância aos antibióticos macrolídeos pode-se considerar o uso de sulfametoxazol/trimetoprima. A posologia varia conforme o medicamento, mas é essencial seguir rigorosamente as orientações médicas para garantir a eficácia do tratamento.
Fontes:
1. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Departamento do Programa Nacional de Imunizações. NOTA TÉCNICA CONJUNTA Nº 70 /2024 DPNI/SVSA/MS
nota-tecnica-conjunta-no-70-2024-dpni-svsa-ms.pdf (www.gov.br)