Toda música brasileira é afrobrasileira
Do samba ao funk, das ladainhas aos beats, a herança africana é o pulso que mantém viva nossa canção
Tem uma batida que vem antes da gente. Ela não nasce no rádio, nem no palco, nem nos streamings – ela nasce no corpo. No tambor, no batuque, no coro coletivo que resistiu à dor e transformou o sofrimento em som. É dali que vem tudo o que a gente chama de música brasileira. Do samba ao maracatu, do frevo ao afoxé, do ijexá ao funk, as matrizes afro são o coração pulsante da nossa cultura.
A música brasileira é, antes de tudo, memória, resistência e invenção negra. Não existe Tom sem Pixinguinha, não existe Caetano sem Dorival, não existe Elis sem Clementina, não existe pop sem funk, nem vanguarda sem terreiro. Tudo que a gente é – do canto à cadência – tem um pé fincado na ancestralidade africana.
+ Para receber VEJA RIO em casa, clique aqui
E essa herança segue viva, se reinventando com a força dos novos nomes que estão ampliando o som e o sentido do que é ser artista negro no Brasil. Luedji Luna, com sua voz que é reza e manifesto. Liniker, que canta o amor preto com beleza e coragem. Xênia França, Iza, Josyara, Ludmilla, Karol Conka, Bruno Berle, Bia Ferreira, Baco Exu do Blues, MC Cabelinho, Majur, Jonathan Ferr, Amaro Freitas, Tássia Reis, Rico Dalasam, Jota Pê, Mestrinho todos carregam nas melodias a certeza de que cantar também é existir.
Mas é impossível falar de hoje sem reverenciar quem veio antes: Elza Soares, Jovelina Pérola Negra, Martinho da Vila, Djavan, Clara Nunes, Milton Nascimento, Alaíde Costa, Gilberto Gil, Djavan, Leci Brandão, Alcione, Jorge Ben Jor, Tia Ciata, Clementina de Jesus, Naná Vasconcelos… cada um deles abriu caminhos, ergueu pontes e fincou as bases daquilo que a gente chama de brasilidade.
+Dua Lipa vem aí! Shows internacionais desafiam bolso e paixão de fãs
Num país racista como o nosso, mesmo com 55,5% da população sendo de pessoas pretas, é válido lembrar – na semana de Zumbi e nos demais dias do ano – que toda música brasileira é afrobrasileira.
Celebrar o Dia da Consciência Negra é também celebrar o batuque que nunca se calou. É entender que a força que move o Brasil vem das mãos que criaram o nosso maior patrimônio cultural, a nossa música.
E que sorte a nossa porque enquanto houver tambor, vai haver futuro.
Rafael Bokor: bairro Abrunhosa é uma joia de 93 anos em Botafogo
Premiados, Leonardo Bora e Gabriel Haddad rompem fronteiras do Carnaval
Gávea vive onda de assaltos relâmpago: alô, Segurança Presente
Afinal, em que transportes usar o cartão Jaé e onde usar o Riocard
Padaria Ipanema renasce com fila e alguns precinhos de COP30





