Mona Camargo lança coleção de camisetas com frases inclusivas
Mãe atípica quer sensibilizar a sociedade sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA)
Domingo (02/04) foi Dia Mundial de Conscientização do Autismo, uma data que busca sensibilizar a sociedade sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), que se caracteriza, entre outras manifestações, por dificuldade de interação social e presença de comportamentos repetitivos.
A data, definida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007, é importante porque muitas pessoas não compreendem o que é o TEA, sendo fundamental a propagação de informação para diminuir a discriminação contra o transtorno.
No Brasil, o apresentador Marcos Mion tornou-se uma importante voz nessa conscientização. Seu primogênito, Romeu, vive com o transtorno e o apresentador utiliza suas redes sociais, seu engajamento e sua credibilidade para propagar informações a respeito do TEA e assim diminuir o isolamento social imposto pelo preconceito.
O TEA apresenta diferentes graus, classificados de leve a severos. Cada pessoa autista é única em suas questões, dificuldades e desafios. Minha grande amiga e empresária Mona Camargo é mãe de uma criança autista. O pequeno Salvador, cinco anos, foi diagnosticado há três. Mona enfatiza que “quando uma criança autista é diagnosticada, nasce uma mãe atípica”.
Mona viu sua vida se transformar completamente com a maternidade. Além das óbvias transformações comuns a todas as mulheres que se tornam mães, Mona ainda precisou lidar com uma demanda jamais imaginada por ela. “Nada nem ninguém nos prepara para algo parecido. O discurso de mãe guerreira não me ajuda em nada. Quem disse que eu queria ser guerreira?”, conta.
De acordo com Centro de Controle de Doenças e Prevenção nos EUA, 1 a cada 44 crianças é diagnosticada com o transtorno. É um número extremamente significativo e a sociedade precisa se adaptar a essa realidade.
Sabendo disso, Mona – como Mion – se tornou uma importante voz de mobilização para a inclusão de crianças e adolescentes com TEA no dia a dia da sociedade. “Quando uma criança com transtorno não é incluída, uma mãe é excluída”, afirma a empresária. “Não se trata de curar a pessoa porque o autismo não tem cura. É sobre curarmos a nós mesmos, sobre aceitarmos esse desafio com outro olhar. E nos livrar de preconceitos. Como mãe, me preocupo com as escolas que ainda não estão minimamente preparadas. Existe uma falsa inclusão que precisa de ser revista. Não é porque a escola aceita a criança que ela se torna inclusiva. É necessário formar educadores, adaptar os conteúdos, combater o bullying, entre outras questões”, completa.
Para além das instituições de ensino, existe um desafio ainda maior: uma sociedade que julga, evita e esconde o preconceito sobre as diferenças. Sempre acreditei que a melhor maneira de combater qualquer tipo de preconceito seja através da educação. Por isso, quanto mais falarmos sobre determinado assunto, melhor lidaremos com suas questões.
Além de usar suas redes sociais para escrever a respeito e compartilhar suas experiências, Mona, proprietária da marca de roupa infantil, vai lançar em Lisboa (PT), cidade onde mora com Salvador, no próximo dia 15 de abril, uma coleção de camisetas com frases inclusivas. Quem mora no Brasil, poderá comprar pela internet. Esta causa não é só das mães atípicas. Esta causa é de todos nós porque como já nos lembra um ditado africano, “é preciso uma aldeia para criar uma criança”.
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Aqui abro um parêntese para indicar o podcast Esquizofrenoias idealizado pela jornalista Amanda Ramalho que foi diagnosticada com autismo aos 36 anos. Nele, Amanda fala sobre saúde mental e vários tipos de transtornos. Já fui entrevistada por ela e dá para ouvir aqui.