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Fabiane Pereira

Por Fabiane Pereira, jornalista Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Juliane Gamboa, a jovem artista indicada ao Grammy Latino

Conheça o álbum de estreia da cantora e compositora que promove um mix de influência musicais, Jazzwoman.

Por Fabiane Pereira Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
17 set 2025, 13h51
Juliane Gamboa, jovem cantora indicada ao Grammy Latino na categoria Revelação
Juliane Gamboa, jovem cantora indicada ao Grammy Latino na categoria Revelação  (João Pedro Dantas/Divulgação)
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A lista dos indicados ao Grammy Latino saiu hoje e alguns nomes me pegou de surpresa. Um deles foi o da jovem cantora Juliane Gamboa na importante categoria Artista Revelação. Conhecida em nichos do circuito carioca, mas nascida em Petrópolis (RJ), Juliane lançou em novembro passado o álbum, Jazzwoman (Biscoito Fino). Digo que o nome da artista me pegou de surpresa porque eu não a conhecia, mas imediatamente fui ouvir seu disco e “cha-pei”. Fortemente influenciada por grandes intérpretes e compositores do samba, da MPB e do jazz, Juliane mistura e atualiza referências, reverberando um pouco de tudo que lhe interessa.

Filha de pai percussionista, samba e pagode foram a trilha sonora da primeira infância de Juliane. Com o passar dos anos, novas informações musicais foram chegando. “Quando a nossa família se tornou religiosa, passamos a ouvir muita música católica, que já tinha bastante influência jazzística. Também fui uma criança muito fã de Michael Jackson, que me levou ao soul, ao R&B, ao hip hop, e mais tarde ao jazz”, pontua Juliane. Através da sua mãe, fã de Milton Nascimento, Nana Caymmi, Elis Regina, Elza Soares, Jovelina Pérola Negra e Djavan, se aproximou da MPB na adolescência, “já tocando violão, e entendendo que a música deles era um caminho que me interessava bastante”, complementa.

Juliane Gamboa compôs “Transeunte”, música que abre “Jazzwoman” e que, segundo ela, elabora todo o disco. “Ela fala de um desejo enorme de experimentar um pouco de tudo, transitar, fluir com o próprio corpo, e assim criar a sua própria subjetividade de forma mais expandida”. É da avó da cantora, Néa Martins, a voz que se ouve em três vinhetas, que surgem em pequenos interlúdios para narrar o álbum.

“Jazzwoman” toca na autonomia da mulher preta, no poder e criatividade, na magia que ela tem ao mover universos a partir de seu axé.  A narrativa musical reflete sobre a ancestralidade em “Banzo” (Marcos Valle e Odilon Olynto),  com citação de “All Africa”, e “Herança”, de Rômulo Fróes e Alice Coutinho; esbarra na melancolia de “20 anos blues”, clássico de Vitor Martins e Sueli Costa; reafirma a sensualidade em “Eu sou mulher” (Filó Machado e Judith de Souza) e “Paracaê” (Thati Dias); inspira liberdade em “Vozes-mulheres” e “Transeunte”, e louva o poder da imaginação radical das mulheres negras em “Sonho Juvenil” (Guará) e “Solitude (Reimaginada)”(Duke Ellington, Eddie Delange, Irving Mills), homenageando Jovelina Pérola Negra e Billie Holliday,  duas fortes referência para Juliane Gamboa.

A tradição do jazz se faz presente no álbum, mas a autoridade está nas mãos do improviso, das tecnologias e da espiritualidade. “Com arranjos de Lucas Fixel e direção musical compartilhada comigo, trabalhamos com um repertório de canções de dentro e de fora do universo do jazz, buscando trazer cores que dialogassem com a história que está sendo contada. A sonoridade traz uma atmosfera bastante espiritual e profundamente íntima, pois percebo a individualidade como algo muitas vezes negado às mulheres negras por conta dos traumas da escravização que continuam a reverberar, mesmo após tantas gerações”, reflete Juliane.

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Antes de “Jazzwoman”, Juliane Gamboa havia lançado os singles “Vambora” (2020) e “No Espelho” (2020), além de duas faixas que aqueceram a chegada do novo álbum às plataformas. Como cantora, colaborou com artistas como Zélia Duncan, Ana Costa e Preta Gil.  “Eu sou uma artista ‘transeunte’, gosto de beber de diversas fontes. A Preta Gil, para mim, é uma verdadeira jazzwoman: uma mulher que rompeu o silêncio diversas vezes para defender as minorias. Estar ao seu lado como backing-vocal me serviu de inspiração para continuar cumprindo o meu papel, no meu próprio nicho. No trabalho com Zélia e Ana, em ‘As Sete Mulheres pela Independência do Brasil’, além de cantar, tive uma aula de história a partir de letras que narram e poetizam a história – muito apagada – de mulheres que foram essenciais no processo revolucionário”.

Em “Jazzwoman”, Juliane Gamboa trafega com segurança por vários estilos e influências musicais, dando coesão a um repertório plural e intimamente ligado às suas convicções como mulher e artista negra. “Cantar, pra mim, é romper o silêncio pela minha dignidade, pelo meu descanso, pelo meu prazer. Eu confio no autocuidado e no autoamor como estratégias do povo preto contra o racismo. Sendo artista, estando neste ofício de criar e portar a voz, é a mensagem principal do meu trabalho”.

Agora é torcer para que ela leve a estatueta na categoria que concorre.

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