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Esquinas do Esporte

Por Alexandre Carauta, jornalista e professor da PUC-Rio Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Pelos caminhos entre esporte, bem-estar e cidadania

Na crista do pentacampeão mundial de skimboard

Lucas Fink exalta ascensão brasileira na elite global, prevê crescimento do esporte no país, revela suas inspirações e abraça as raízes cariocas

Por Alexandre_Carauta Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 21 ago 2025, 10h53 - Publicado em 21 ago 2025, 10h44
Lucas Kink surfando de skimboard
 (Marcelo Maragni / Red Bull Content Pool/Reprodução)
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O quinto título mundial de Lucas Fink, conquistado há 11 dias, reforça uma ascensão brasileira no skimboard comparável às do surfe e do skate. “Que venha o hexa em 2026, pra mim e pra nossa seleção”, anima-se o Pelé das pranchas sem quilha.

Crescido nas praias da Zona Sul e na arquibancada do Maraca, o craque de 26 anos mantém o jeito carioca e os pés no chão. O reinado não ofusca a responsabilidade de ídolo, tampouco a visão social:

“É importante tornar o esporte cada vez mais acessível. Não só para formar talentos, mas para transformar vidas. Tenho a consciência de que minha trajetória inspira sonhos da garotada. Precisamos ajudar a torná-los realidade”.

À habilidade nas ondas, soma-se a maturidade de embaixador esportivo. Num papo por vídeo, o atleta da Red Bull projeta caminhos para a democratização do skimboard, explica por que sua alma sorri loucamente nas montanhas d’água de Nazaré e conta algumas das grandes vitórias, inclusive sobre o câncer.

O que representa o quinto título mundial?

A conquista, com duas etapas de antecedência, nos Estados Unidos, premia minha melhor campanha. Indica a minha evolução e a força brasileira no skimboard.

Primeiro não norte-americano a vencer o circuito mundial, em 2019; campeão também em 2022, 2023, 2024 e agora em 2025; líder do ranking nos últimos anos. Em que você busca se aprimorar?

As conquistas me motivam a treinar mais e mais, a seguir me aperfeiçoando. Até porque a concorrência é dura, inclusive dos brasileiros, que disputaram quatro finais em dois anos.

O Brasil tende a virar uma potência da modalidade, algo semelhante ao brasilian storm no surfe?

Acredito que sim. Talentos como Daniel Azevedo e Leo Freitas vêm se destacando mundialmente. Outros jovens craques vêm aí. Esta ascensão corresponde às observadas no surfe e no skate. Sei que minha trajetória inspira as novas gerações. Isso me orgulha e aumenta a minha responsabilidade social.

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Como a guinada brasileira no surfe e no skate influenciou sua trajetória, desde a infância?

Cresci vendo ídolos esportivos. Eles alimentaram o sonho de ser campeão no skimboard, de ganhar o mundo. Eu me inspirava, por exemplo, na técnica do Gabriel Medina, na garra do Italo Ferreira e do Mineirinho (Adriano de Souza), craques do surfe, e na velocidade do skatista Pedro Barros.

Você se integra ao time de ídolos inspiradores. Como lidar com tamanha responsabilidade?

Ter me tornado uma referência no esporte traz uma enorme responsabilidade. Muita gente me acompanha nas redes, vibra com cada conquista. Isso não é um peso, e sim um combustível para eu me empenhar cada vez mais e contribuir tanto à formação de talentos quanto à transformação de vidas por meio da prática esportiva. Meu sonho não era só ser campeão. Era deixar um legado sociocultural.

Falando em cultura esportiva, a vocação lúdica do skimboard pode ajudar a popularizá-lo?

Muitos o imaginam como brincadeira ligada à cultura underground: ao mesmo tempo uma diversão e uma forma de expressão. Gosto muito deste lado. Mas a busca pela excelência exige um esforço grande em treinos diários na água e na preparação física, com corrida na areia, por exemplo. Os resultados vieram por conta disso e do apoio da equipe formada por preparadores, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos. O suporte multidisciplinar e a dedicação constante são decisivos para superar desafios.

Você foi o primeiro a encarar as ondas gigantes de Nazaré, em Portugal, com skimboard. Esta façanha constitui seu maior desafio?

Mais do que um desafio, é a realização de um sonho que eu nem sonhava quando era criança. Eu me apaixonei pelo universo das ondas gigantes. Passou a fazer parte da minha carreira. Os paredões d’água de Nazaré aguçam meu apetite por experiências singulares. Ter surfado a pororoca, no pulmão do mundo, foi uma delas. Uma loucura.

Que outras experiências ou vitórias revelam-se memoráveis?

Fora os títulos mundiais, as ondas de Nazaré e a pororoca, eu destaco a vitória sobre o câncer de pele. Um desafio superado, ainda por cima, na pandemia. Foi o preço que paguei pela especialização na modalidade, pelos muitos verões exposto ao sol. Agora controlo melhor esta exposição. Um grande aprendizado, que compartilho com todo mundo. É uma das minhas missões, de conscientização sobre os cuidados com a saúde.

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Você se posiciona como um embaixador do esporte. Quais os caminhos para incentivar e democratizar o hábito esportivo, tão importante à saúde e à inclusão?  

Acredito muito no esporte como inclusão e como instrumento para a vida saudável. O skimboard, por ser uma diversão natural, tem grande potencial à iniciação esportiva. Pode ser o primeiro contato da criança com o mar, para trabalhar, por exemplo o equilíbrio. É possível praticá-lo não só no litoral, mas também no interior, em espaços com certa profundidade d’água. À medida que a infraestrutura melhorar, o skimboard se tornará mais acessível. Plataformas como a minha escolinha, no Rio, o Skim Center e as redes sociais ajudam a amadurecer essa consciência social e a incentivar a prática esportiva.

Lucas Fink, campeão de skimboard
(Marcelo Maragni / Red Bull Content Pool/Reprodução)

Como suas raízes cariocas se relacionam com a vida de campeão?

O Rio é meu berço, é minha casa. Nas suas praias me apaixonei pelo esporte, como uma extensão do meu corpo, para mergulhar de cabeça no sonho de fazer algo que ninguém havia feito, com perseverança, um passo de cada vez, ouvindo também minha intuição. O Rio faz parte da pessoa que eu sou. Para a vida que levo, é o melhor lugar. Hoje passo só quatro meses por ano na cidade, devido à agenda de treinos e competições. Mas carrego o Rio comigo.

Que saudades você corre para saciar quando volta à cidade?

Mato logo a saudade das praias onde cresci: Ipanema, Leblon e, sobretudo, Vidigal. Vem sempre, na minha cabeça, o filme das horas e horas treinando ali. Não seria o que sou, nem teria conquistado o que conquistei, sem as raízes cariocas. Gosto também de rever os amigos num churrasco e a torcida do Flamengo no Maracanã.

Que sonhos douram o seu horizonte?

Sonho com mais títulos, aproveitando o auge da minha forma. Quem sabe a gente comemora, em 2026, o meu hexa e o hexa da nossa seleção? Vejo também, num futuro próximo, a nova geração brasileira dominando o skimboard. Além disso, pretendo empregar a formação em marketing para expandir a carreira de influenciador. Não só como contador de histórias, mas como incentivador do esporte para melhorar a saúde, o bem-estar, a inclusão.

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Alexandre Carauta é jornalista e professor da PUC-Rio, integrante do corpo docente da pós em Direito Desportivo da PUC-Rio. Doutor em Comunicação, mestre em Gestão Empresarial, pós-graduado em Administração Esportiva, formado também em Educação Física. Organizador do livro “Comunicação estratégica no esporte”.

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