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Esquinas do Esporte

Por Alexandre Carauta, jornalista e professor da PUC-Rio Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Pelos caminhos entre esporte, bem-estar e cidadania
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Jogos Olímpicos: simbólicos recados que transcendem os holofotes

Sob a apoteose atlética e midiática, resiste a luminosidade das delicadezas que dissipam bolhas e confraternizarmos diferenças

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Atualizado em 8 jun 2024, 11h29 - Publicado em 7 jun 2024, 17h21
Arcos olímpicos
 (Dieter Löffler - Pixabay/Reprodução)
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O mundo volta a respirar Paris. Três bilhões de espectadores atestam a plural eloquência da terceira Olimpíada na capital francesa. O amadorismo das anteriores, em 1900 e 1924, não acanhava a prominência histórica.

Os Jogos da vez ensaiam corresponder às pretensões crescentes: recordes, façanhas épicas, jogadas publicitárias. Esboçam mover, de 26 de julho a 11 de agosto, 11 bilhões de euros na região.

Dourados pelo digital, triunfos e dramas envernizam os negócios. Aceleram uma indústria jamais imaginada pelo mecenas Pierre de Coubertin, quando restituiu, há 128 anos, a portentosa gincana.

Ambições econômicas e atléticas caminham juntas. Nem a ausência do nosso futebol masculino abala a fé do Comitê do Brasil em superarmos as 21 medalhas – sete de ouro – faturadas nos Jogos de Tóquio 2021. Surfe, vôlei e skate estão entre as maiores esperanças.

O pacto com o impossível desfia enredos heroicos, perfeitos às lentes. Sarrafos sobem progressivamente. Ultrapassam a ficção. Turvam a fronteira entre o êxtase e a exaustão física e mental.

Toda Olimpíada transcende, contudo, a exuberância muscular festejada pelos holofotes. Extrapola a plasticidade instagramável que desafia a física, a matemática, a biologia.

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A apoteose esportiva expõe pedagogicamente nossas vertigens e belezas, nossos medos e limites. Celebra a coragem de encará-los.

Nenhum recado olímpico revela-se tão generoso quanto a persistência diante dos infernos e das incertezas à espreita, quanto a sabedoria para confrontá-los coletivamente. Mensagem na garrafa, cantaria Sting.

Toda Olimpíada ensina a vencer, perder, reconstruir. Ensina a levantar e seguir, a cooperar. Ensina a enxergar, nos vãos da grandiloquência, delicadezas sem as quais tombaríamos à espiral fundamentalista.

Delicadezas expressas na babel de prosas entre competidores, torcedores, voluntários, no consolo espontâneo e genuíno ao adversário vencido, na humildade para não confundir corpos com máquinas, na inteligência para esquivar-se da rédea algorítmica.

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Sob a reluzente membrana atlética, prevalece uma luminosidade miúda, macia igual um abraço reencontrado. Dela emana a redenção em dissiparmos bolhas e confraternizarmos diferenças.

Essa luz irradia não o riso estrondoso do sucesso apolíneo, e sim o sorriso reconfortado da paz. Sua raiz comezinha lembra o vaga-lume que simbolizava, para Pasolini, lampejos da resistência popular à massificação cultural mercantilista.

O cineasta afligia-se com uma iminente extinção dos pirilampos ofuscados pela superexposição obscurantista. Sem concessões à ingenuidade, o filósofo Didi-Huberman raspa o fatalismo da metáfora. Confia na perenidade dos vaga-lumes.

Eles cintilam nas rodas urbanas de skate, de breaking, de passinho. Nas jogadores ensolaradas que desbravam, várzeas afora, os breus machistas. No vôlei comunitário da praça, na agregadora altinha da praia, no queimado do recreio. Até os sisudos ou os prepotentes rendem-se à sagrada despretensão do queimado.

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Se olharmos bem, esses vaga-lumes sobrevivem na Olimpíada. Enquanto conseguirmos reconhecê-los, valorizá-los, os muros nunca cantarão vitória.

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Olho na Taça

A taça da Copa América fica exposta sábado agora (8), das 10h às 22h, no BarraShopping. O Brasil tenta conquistá-la pela décima vez, a partir do dia 24, contra a Costa Rica, nos Estados Unidos.

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Caso conquistem o primeiro título sob o comando de Dorival Júnior, Vini Jr., Rodrygo e seus companheiros erguerão o troféu de 11,8 quilos restaurado para a 48ª edição do torneio. Rebatizado de Conmebol Copa América, corresponde ao tira-teima entre seleções mais antiga do planeta. Começou em 1916, na Argentina.

A taça foi confeccionada pela Casa Escasany para o Sul-Americano de 1917. Passado mais de um século, incorpora mudanças como os três degraus de madeira com os emblemas dos campeões

Criada pela agência ALOB Sports para a Betano, patrocinadora da disputa, a exposição inclui um espaço que reproduz a área de entrevista coletiva e um quadro com palpites do público sobre as finalistas. Além das seleções sul-americanas, integram a competição seis convidadas das Américas do Norte e Central.

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