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Esquinas do Esporte

Por Alexandre Carauta, jornalista e professor da PUC-Rio Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Pelos caminhos entre esporte, bem-estar e cidadania

A arte de Fernanda, Neguinho e Neymar sorri a vida que presta

Afagos na autoestima brasileira, eles lembram como a cadência artística se impõe ao obscurantismo e ecoa um mundo melhor

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Atualizado em 7 mar 2025, 20h00 - Publicado em 7 mar 2025, 19h42
Torcida na arquibancada no Maracanã
Desde 1980, "Domingo eu vou ao Maracanã", de Neguinho da Beija-Flor, embala todas as torcidas (Staff Images/Reprodução)
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O Oscar brasileiro, festejado igual Copa, representa uma vitória do inestimável, daquilo que corre contra a maré embrutecedora, daquilo que preservamos de mais precioso e jamais podemos esquecer. Por isso rimou tão bem com o carnaval.

Batuques e fantasias lembram a importância de brincar a vida, brincar com o outro. Nesses tempos porosos à desavença, a mistura de ritmos e de gente, cores e sotaques, resgata o sorriso da confraternização. Um sorriso largo como o do Neguinho.

Merecidamente consagrado, “Ainda estou aqui” lembra a necessidade de erguer a cabeça, a espinha, a inteligência. Assim Eunice Paiva segurou a barra da família mutilada pela ditadura. Engoliu o choro e sorriu a coragem de seguir em frente.

O sorriso de Eunice, magistralmente encarnada por Fernanda Torres, é o sorriso do Brasil que resiste ao obscurantismo. Deixar de lembrá-lo, incansavelmente, constitui um perigoso cochilo.

A pororoca carnavalesca e a perseverança retratada no longa de Walter Salles evocam o espírito artístico. Cativante, ferrenho, redentor.

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Neymar exala fragrância semelhante. Leveza de bailarino, dribles insinuantes, o imponderável na ponta do pé. Mesmo longe da forma áurea, nosso craque remanescente oxigena o feitiço da arte.

Nela o futebol se une à literatura, à música, ao cinema. Nela reencontramos o país simbolizado pelas chuteiras dionisíacas.

Só o craque é abençoado com a paranormalidade dos poetas. Enxerga sem esforço o invisível.

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Só o craque arrasta multidões para vê-lo desconcertar a prancheta, a física, o impossível, para admirá-lo amansar tempestades e tirar atalhos da cartola. Quem não joga a seu lado morre de medo ou de inveja. Acima de gols e de taças, dele espera-se encanto.

Só o genuíno craque cultiva uma beleza barroca na dose certa, e faz a bola sorrir orgulhosamente infantil. Sorriso de cumplicidade, inarredável que nem o sorriso do Neguinho.

As proezas artísticas de Fernanda, Neymar, Neguinho não insuflam só a autoestima nacional. Atiçam a contagiante cadência de um mundo melhor. Sorriem a vida que presta.

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Hino da galera

Fosse o Maraca uma voz, ela seria de Neguinho. Desde 1980 sua composição mais conhecida embala a arquibancada com êxtase comparável ao dos 15 títulos conquistados com a Beija-Flor.

“Domingo eu vou ao Maracanã…” (batizada de “O campeão”) professa a fé de todo torcedor. Expressa, com a força de um samba-enredo, a devoção ao time do peito. É o hino apoteótico da galera.

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Alexandre Carauta é jornalista e professor da PUC-Rio, integrante do corpo docente da pós em Direito Desportivo da PUC-Rio. Doutor em Comunicação, mestre em Gestão Empresarial, pós-graduado em Administração Esportiva, formado também em Educação Física. Organizador do livro “Comunicação estratégica no esporte”.

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