Imagem Blog

Esquinas do Esporte Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Alexandre Carauta, jornalista e professor da PUC-Rio
Pelos caminhos entre esporte, bem-estar e cidadania
Continua após publicidade

Está na hora de o nosso futebol reclamar menos e jogar mais

Epidemia de broncas compulsivas nos gramados e nos gabinetes faz mal ao esporte, aos negócios, à saúde: mutila o espetáculo e dificulta avanços no setor

Por Alexandre_Carauta Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 20 fev 2024, 09h02 - Publicado em 20 fev 2024, 07h37

Todo boleiro sabe: quem reclama muito joga pouco. Fiel à máxima das peladas, o Brasil nunca reclamou tanto e jogou tão pouco.

Criticar é da natureza humana, só os monges tibetanos se abstêm. Assim refletimos, corrigimos, amadurecemos, assim denunciamos injustiças, desigualdades, desumanidades, assim confrontamos os horrores fabricados pela falta de empatia, transigência, coração.

Já a crítica compulsiva, desmedida e superficial transita na contramão. Dissolve-se na espuma da banalidade, vira meme. Não sem antes desvirtuar ou desperdiçar o debate construtivo.

A cada rodada, nosso futebol reclama mais e mais. Reclama de quase tudo, quase o tempo todo, em todo lugar: no campo, à beira dele, nos gabinetes. Transforma-se numa rinha de brados cegos.

Continua após a publicidade

Reclama-se obstinadamente do regulamento, da grama, do adversário, do resultado, do lugar no estádio, do cartola rival, da bola. Reclama-se, claro, do juiz e do seu novo escudeiro eletrônico. Nem o hino nacional e o pipoqueiro escapam.

A epidemia alastra-se igual nuvem radioativa. Contamina inclusive os comportados de alma beata e os estrangeiros polidos. Os craques Payet, do Vasco, e Arias, do Flu, por exemplo, entraram na dança.

Alheios às suas funções e representações, atletas, técnicos e dirigentes perdem a linha. Surtam mais do que os torcedores, culturalmente inclinados ao ataque de nervos.

Continua após a publicidade

Amplificadas pelas redes, as broncas concentram-se, óbvio, no árbitro. O VAR não o livra da costumeira berlinda, tampouco o imuniza das trapalhadas e dos erros sistemáticos, alguns deles crassos.

A solução para a arbitragem debilitada passa ao largo do destempero. O antídoto é comum a qualquer área profissional: qualificar e remunerar bem a mão de obra, uma coisa ligada à outra.

Reclamações compulsórias e excessivas, desprovidas de fundamento, de equilíbrio, dificultam a saída e pioram a emenda. Assaltam a civilidade e a construção de consensos. Desbotam as partidas.

Continua após a publicidade

A naturalização dos exageros faz mal ao esporte, aos negócios, à saúde. Revela-se triplamente nociva. Atrapalha o jogo, mutila sua dinâmica, sua beleza. Produz a ilusão da vitória no grito, tão efêmera quanto errática. E confunde competitividade com renúncia à gentileza.

O mundo da bola incorpora-se, assim, aos retrocessos civilizatórios. Está na hora de as autoridades do setor frearem as botinas da chiadeira sobre os canteiros esportivos, econômicos, éticos.

Está na hora de um pacto pela educação. Talvez exija punições severas às reclamações desaforadas e repetitivas, como esboça o especulado cartão azul: suspenderia por dez minutos atletas que cometessem deslizes antidesportivos.

Continua após a publicidade

A urgência em estancar esse vício verborrágico não ameaça o direito universal à liberdade de expressão. Também não busca aproximar os gramados de um convento, e sim libertá-los da truculência.

Convém seguir a sabedoria dos peladeiros: reclamar menos e jogar mais. Deixar o enxame de cornetadas para a arquibancada.

_________

Continua após a publicidade

Iniciação esportiva e ecológica

O Container do Esporte chega a Petrópolis. Crianças entre 6 e 12 anos terão aulas gratuitas de vôlei, handebol, tênis, badminton e atletismo ao longo dos três próximos meses, no Parque Municipal Prefeito Rattes, em Itaipava. As atividades vão começar na próxima segunda (26), conduzidas por profissionais e estudantes de educação física da região capacitados pelo próprio programa. (Inscrições na Secretaria de Esportes, Promoção da Saúde, Juventude, Idoso e Lazer: Rua 18 de Março 183, no centro Petrópolis)

Idealizada e empreendida pelo Instituto para o Desenvolvimento do Esporte e da Cultura (IDEC), com patrocínio da Enel, via lei estadual de incentivo ao esporte, e parceria da prefeitura de Petrópolis, a iniciativa itinerante conjuga formação esportiva, saúde e sustentabilidade. “Prevalece um viés transformador: aposta-se no esporte como fonte de saúde e de práticas sustentáveis”, ressalta a coordenadora do IDEC, Leny Figueiredo.

Às atividades esportivas, somam-se aulas sobre energia limpa e sobre plantio, nas quais os alunos montam uma parede verde legada a cada município por onde passa o programa. O Conteiner do Esporte funciona com captação de energia eólica e solar.

___________

Alexandre Carauta é jornalista e professor da PUC-Rio, integrante do corpo docente da pós em Direito Desportivo da PUC-Rio. Doutor em Comunicação, mestre em Gestão Empresarial, pós-graduado em Administração Esportiva, formado também em Educação FísicaOrganizador do livro “Comunicação estratégica no esporte”.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
10 grandes marcas em uma única assinatura digital
Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe mensalmente Veja Rio* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de Rio de Janeiro

a partir de R$ 39,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.