Cumplicidade irrigada pelas águas cariocas e pela transformação de vida
O comerciante Sandro Braz e o filho Enzo, recém-formado na Marinha, mergulham em competições como Rei e Rainha do Mar, que volta ao Rio no fim de semana
A natação arrebatou Sandro Braz com o magnetismo de uma cara-metade. Insinuou-se na infância, ao conviver com pescadores de colônias próximas à sua Maré natal. Virou paixão em 2004, quando o comerciante, numa despretensiosa caminhada por Copa, encantou-se pela galera da maratona aquática.
“Percebi imediatamente que precisava fazer parte daquilo”, lembra, como quem declara um amor à primeira vista. “Só havia um probleminha: eu não nadava nem 100 metros”, conta, bem-humorado, num papo por vídeo.
Faz 20 anos que a perseverança desemboca no sonho consumado. Os treinos no piscinão de Ramos e no Fundão converteram Sandro num dos participantes mais assíduos do Rei e Rainha do Mar (RRM), que torna a agitar Copacabana neste fim de semana.
“Treinava na base do entusiasmo. Treinava de manhã cedinho ou à noite. Treinava com chuva. Não tinha sequer óculos de natação. Também não me atentava para o risco da correnteza”, recorda, aliviado: “Mas deu certo. Minha primeira recompensa foi ter completado a prova, em 2005”.
Recompensa inestimável Sandro receberia no ano seguinte, quando o filho Enzo, de 3 anos, passava a acompanhá-lo. Deste pódio o pai solo jamais arredou.
O peixinho não degenerou. Pegou gosto pela água salgada. Tornou-se triatleta e oficial da Marinha. A viagem dos recém-formados o impede, excepcionalmente, de competir com o pai domingo, quando o festival de esportes de mar se despede da temporada.
“Desde que Enzo fez a primeira prova Kids, em 2015, até as medalhas hoje comuns, eu me emociono ao vê-lo nadar. Eu me emociono por tudo que passamos juntos, pela alegria dele, pela transformação que o esporte trouxe às nossas vidas”, ressalta. “Hoje é ele que cuida mais de mim. Pena que não espera mais o pai: quando saio d’água, o Enzo já chegou. É a vida”, conforma-se, numa orgulhosa resignação.
Marcas que Sandro enverga, agradecido, na alma e nas duas tatuagens de Rei e Rainha do Mar exibidas com um entusiasmo líquido, borrifado no xodó com o filho, com a prática esportiva, com o Rio. “Somos grudados também noutros ambientes. Adoramos explorar os cartões-postais cariocas: a Floresta, as trilhas no Pão de Açúcar e na Praia Vermelha, a praia do Flamengo, o Aterro”. Aos 52 anos, ele tira onda: “Nadei até na piscina do Parque Lage”.
Tamanha empolgação não se curva nem mesmo ao recente descolamento de rotina. Ainda recuperando-se da cirurgia, Sandro não deixará de nadar e correr na etapa de domingo – mas, logicamente, em distâncias menores às habituais. “Talvez em Saquarema (25 de janeiro), eu já esteja totalmente recuperado”, anima-se. Enzo, claro, estará a seu lado.
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Majestades em Copa
A última etapa do Rei e Rainha do Mar 2025 congrega seis mil participantes, fim de semana agora, em Copacabana. Disputam, no sábado (13), Super Challenge 10K, Beach Run (2.5k/5k), Beach Biathlon, Open (500m) e provas Kids. O domingo (14) reúne provas de natação, como Open (500m), Super 3 (revezamento) e Kids Swim.
Organizado pela Effect Sport, o tradicional circuito esportivo estende-se por 15 anos. Dele já participaram craques como as maratonistas aquáticas Poliana Okimoto, bronze na Olimpíada do Rio, em 2016; e Ana Marcela Cunha, campeã nos Jogos de Tóquio, em 2020.
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Alexandre Carauta é jornalista e professor da PUC-Rio, integrante do corpo docente da pós em Direito Desportivo da PUC-Rio. Doutor em Comunicação, mestre em Gestão Empresarial, pós-graduado em Administração Esportiva, formado também em Educação Física. Organizador do livro “Comunicação estratégica no esporte”.
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