Dudu Netto
Por Dudu Netto, educador físico, mestre em motricidade humana e diretor técnico do grupo Bodytech
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Corrida no Rio: saúde, turismo e comunidade em movimento
Em novembro, a Cidade Maravilhosa receberá a primeira edição do HYROX
O Brasil vive um fenômeno esportivo e social: a corrida de rua. E nenhuma cidade simboliza melhor esse crescimento do que o Rio de Janeiro, que se consolidou como a capital nacional das provas. Apenas no primeiro semestre de 2025 foram realizadas 77 corridas, e a expectativa é chegar a cerca de 200 até o fim do ano, superando inclusive São Paulo. A paisagem da orla e a energia da cidade transformam cada evento em muito mais do que esporte: em uma celebração coletiva.
A Maratona do Rio 2025 foi o ponto alto desse movimento. Com 60 mil inscritos, dos quais 85% vieram de fora da cidade, o evento mostrou a força do turismo esportivo e do impacto econômico gerado. Reconhecida como o maior festival de corridas de rua da América Latina, a prova reuniu atletas em diferentes distâncias — 5 km, 10 km, 21 km e 42 km — e mostrou que há espaço tanto para iniciantes quanto para corredores experientes. Já a Meia Maratona do Rio reuniu milhares de praticantes em uma prova que transformou a cidade em pista e arquibancada ao mesmo tempo.
Esse crescimento não se explica apenas pelo desejo de performance. Ele representa uma oportunidade concreta de saúde pública. Caminhar, trotar ou correr formam um contínuo acessível, democrático e progressivo. Um par de tênis e a disposição de começar são suficientes para colher benefícios reais. Pesquisas científicas recentes mostram que até volumes modestos — como 50 minutos semanais de corrida — já reduzem significativamente o risco de mortalidade e de doenças cardiovasculares. Para quem não se sente pronto para correr, a caminhada em ritmo acelerado já oferece ganhos consideráveis.
Mas talvez o que mais explique a adesão crescente seja a dimensão social. A corrida é um esporte individual que se vive coletivamente. No Rio, grupos de corredores se reúnem semanalmente, clubes de corrida se multiplicam e coletivos que mostram que correr pode ser também um ato de representatividade e inclusão. A psicologia do exercício confirma o que a prática comprova nas ruas: apoio social e senso de pertencimento aumentam a adesão e transformam a corrida em hábito.
Essa dimensão comunitária é hoje o grande diferencial. O que começa como busca por saúde rapidamente se transforma em rede de apoio, novas amizades e até novos estilos de vida. Não é raro ver pessoas que começaram caminhando, evoluíram para o trote, depois para os 5 km e, em pouco tempo, se desafiam em provas de meia maratona. Cada conquista é celebrada não só individualmente, mas pelo grupo que a sustenta.
E o Rio não para por aí. Em novembro, a cidade receberá a primeira edição do HYROX, competição internacional que combina corrida com oito estações de exercícios funcionais de alta intensidade. Trata-se de uma modalidade que vem crescendo no mundo todo e que representa a convergência entre o boom das corridas de rua e a febre do treinamento funcional. A chegada do HYROX ao Rio mostra como a cidade não é apenas palco de corridas tradicionais, mas também de inovação esportiva, reforçando sua vocação para saúde, turismo e cultura urbana.
O Rio de Janeiro prova que corrida é muito mais do que atividade física. É saúde pública acessível, é motor econômico, é ocupação positiva do espaço urbano e é, sobretudo, comunidade. Quando uma cidade transforma suas ruas em ponto de encontro para caminhantes, trotadores e corredores — e agora também para novos formatos como o HYROX — ela não apenas movimenta corpos, mas também fortalece laços sociais e inspira transformação coletiva.
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