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Dra. Danielle Negri

Por Danielle Negri, pediatra especializada em neonatologia formada pela Universidade Federal Fluminense Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Saúde
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Como as famílias podem gerenciar conflitos entre irmãos?

Pesquisa aponta que para dois entre dez irmãos, rivalidade ajudou a estimular crescimento na vida

Por Danielle Negri
30 out 2024, 11h35
Um menino e uma menina, representando dois irmãos, de costas, um para o outro.
 (Ron Lach/Pexels)
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Conflitos entre irmãos são uma experiência comum em muitas famílias, independentemente da idade, gênero ou condição socioeconômica. Embora possam parecer normais e até esperados, podem ser uma fonte significativa de estresse familiar. No consultório, acompanho relatos e muitos desses embates entre irmãos, podem ter raízes profundas no desenvolvimento infantil e na dinâmica familiar. Doutora, não aguento mais! Será que isso é só uma fase? O que podemos fazer? Essas são algumas dúvidas de pais que só querem estabelecer a paz em casa, mas não sabem como agir. Hoje vamos dialogar sobre como as famílias precisam estar atentas para ajudar os filhos a desenvolver habilidades sociais e emocionais de resolução de conflitos.

De acordo com o cofundador do centro de saúde mental RIVIA Mind, em Nova York, as crianças têm muito menos capacidade que os adultos para refletir sobre o que os incomoda ou de reprimir os seus impulsos. E isso explica o fato de brigarem muito.

A família é o primeiro grupo social em que o indivíduo se prepara para a vida. Se olharmos por outro lado, os conflitos entre irmãos ainda na infância, são oportunidades para lidar com as diferenças no mesmo ambiente. Aprender a compartilhar brinquedos, roupas e principalmente o tempo e a atenção dos pais é uma verdadeira lição para conviver socialmente e a desenvolver o sentimento de empatia.

Uma pesquisa com 2 mil adultos no Reino Unido, em 2021, realizada pela One Poll, noticiada pela BBC, concluiu que mais da metade dos participantes ainda se sentem competindo com seus irmãos. Os dados ainda revelaram que 51% desses adultos possuem sensação de competividade permanente, desde à compra de bens a decisões de reuniões familiares.

È importante destacar que mais de um quarto dos participantes da pesquisa afirmam que competem com seus irmãos em relação aos objetivos de carreira e vida, resultando em 15% o impacto da rivalidade em suas carreiras. Para cerca de 2 a cada 10 adultos, a rivalidade fraternal fez com que suas vidas fossem impulsionadas.

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Durante o desenvolvimento infantil, irmãos compartilham o ambiente familiar e, muitas vezes, disputam reconhecimento, afeto e atenção. Essa rivalidade é natural, já que, desde o nascimento, as crianças buscam formas de se destacar e ganhar a aprovação dos cuidadores. Mas é necessário estar alerta e impor limites.

Outro fator importante, é o estágio de desenvolvimento cognitivo e emocional da criança. Em idades mais novas, a capacidade de autorregulação emocional e de empatia ainda está em desenvolvimento. Portanto, é comum que crianças pequenas reajam de maneira mais impulsiva, o que pode gerar desentendimentos.

A posição na ordem de nascimento também desempenha um papel. Filhos mais velhos tendem a assumir responsabilidades e podem se sentir pressionados a se comportar de forma mais madura, enquanto os mais novos podem buscar maneiras de se destacar, o que pode gerar atrito. Além disso, diferenças de temperamento e personalidade entre irmãos, bem como dinâmicas culturais e familiares, moldam a maneira como os conflitos são expressos.

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Segundo o professor de desenvolvimento humano e estudos familiares da Universidade do Estado de Utah, nos EUA; Shaw D. Whitehead, os irmãos fornecem um ponto natural de comparação e outra causa que explica a rivalidade é a noção de justiça. Além disso, a quantidade significativa de mudanças enfrentadas pelas famílias também impacta na rivalidade entre irmãos.

Entre os gêmeos, a frequência dos conflitos pode variar dependendo do grau de semelhança física e de personalidade. Gêmeos idênticos, por compartilharem características genéticas muito semelhantes, podem experimentar mais competição e comparação, o que potencialmente aumenta os conflitos. No entanto, por crescerem em condições praticamente idênticas, tendem a desenvolver estratégias mais rápidas de resolução de desentendimentos.

Gêmeos fraternos, por outro lado, por serem geneticamente diferentes, podem desenvolver identidades mais distintas. Isso pode resultar em menos rivalidade direta, já que a necessidade de se diferenciar é mais evidente. No entanto, como qualquer par de irmãos, gêmeos fraternos também podem experimentar conflitos, especialmente em contextos em que as comparações são reforçadas pelos pais ou pela sociedade.

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Quando o assunto é família, uma coisa é fato: os conflitos vão existir e os pais desempenham um papel crucial na maneira como eles são resolvidos. Uma estratégia eficaz é a mediação imparcial, onde a família incentiva os filhos a verbalizarem suas frustrações e buscarem soluções em conjunto. Criar um ambiente onde as crianças aprendam a negociar e a expressar suas emoções de maneira saudável pode reduzir a frequência e a intensidade dos desentendimentos.

Estabelecer limites claros também é importante. A criação de regras sobre respeito mútuo, compartilhamento e empatia pode prevenir muitas situações conflituosas. Além disso, incentivar a individualidade dos filhos, mesmo em gêmeos, pode ajudar a minimizar as comparações, promovendo a autoestima de cada um.

O gerenciamento de conflitos entre irmãos é um desafio contínuo, mas, com o apoio adequado, é possível transformar esses momentos de tensão em oportunidades para o desenvolvimento emocional e a construção de laços familiares mais fortes.

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