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Dra. Danielle Negri

Por Danielle Negri, pediatra especializada em neonatologia formada pela Universidade Federal Fluminense Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Saúde

Cerca de 50% das crianças em idade escolar apresentam Entomofobia

Fobia é classificada dentro dos transtornos de ansiedade

Por Danielle Negri
Atualizado em 25 jul 2025, 13h13 - Publicado em 25 jul 2025, 13h12
Inseto na parede. Placa indicando cuidado
 (Connor Mc Manus/Pexels)
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Para muitas crianças, ver uma formiga ou uma borboleta pode ser apenas mais uma descoberta curiosa do mundo ao seu redor. No entanto, para outras, a presença de um inseto pode desencadear uma reação de terror profundo, com gritos, choros, taquicardia e, em alguns casos, crises de pânico. Essa condição é conhecida como entomofobia, o medo excessivo e irracional de insetos, e pode afetar significativamente o bem-estar emocional e social da criança.

A pesquisa “Entomofobia e Aracnofobia entre crianças em idade escolar: uma abordagem psicológica”, de Shiraz, do E-Medical Journal, evidencia um dado significativo: cerca de 50% da população infantil apresenta esses tipos de fobia. O Cognitive Behavioral Therapy Los Angeles também estima que 7% da população pode ter uma fobia específica relacionada a animais, insetos ou aracnídeos.

Mas, doutora, o que acontece neurologicamente com crianças com entomofobia ?Do ponto de vista neurobiológico, a fobia é resultado de um funcionamento disfuncional entre duas áreas fundamentais do cérebro: a amígdala e o córtex pré-frontal. A amígdala, estrutura responsável por identificar ameaças e acionar respostas de defesa como o medo e a fuga, é hiperativada em pessoas com fobias. Quando uma criança com entomofobia vê um inseto, sua amígdala reage de forma desproporcional, como se estivesse diante de um perigo real e iminente. Esse alarme exagerado provoca uma descarga de adrenalina, aumento da frequência cardíaca, sudorese e sensação de pânico.

Ao mesmo tempo, o córtex pré-frontal — área responsável pelo julgamento racional e controle das emoções — não consegue inibir essa reação. Em crianças, esse sistema de autorregulação emocional ainda está em desenvolvimento, o que explica por que elas podem reagir de forma tão intensa e descontrolada diante de algo aparentemente inofensivo.

Além disso, a memória emocional também tem papel importante: uma experiência traumática anterior com um inseto ou até mesmo a observação de reações de medo em pais ou cuidadores pode criar uma associação negativa que se fortalece com o tempo.

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Existe tratamento para a entomofobia?

O tratamento mais indicado para fobias específicas, incluindo a entomofobia, é a terapia cognitivo-comportamental (TCC). Ela ajuda a criança a identificar pensamentos distorcidos sobre os insetos, expondo-as de forma controlada e segura, com estratégias de enfrentamento.

Em casos mais graves, pode ser necessário o acompanhamento psiquiátrico, com o uso temporário de medicamentos ansiolíticos ou antidepressivos, especialmente se a fobia estiver comprometendo a qualidade de vida da criança.

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Abordagens lúdicas também são eficazes no ambiente infantil: livros ilustrados, jogos educativos e até visitas monitoradas a museus de ciências ou borboletários podem ajudar a ressignificar o medo.

É importante ressaltar que o papel da família é extremamente essencial durante o processo de tratamento. Minimizar, ridicularizar ou forçar a criança a enfrentar o medo sem preparo pode piorar a fobia. Acolha seu filho com emoção, reforce a segurança e busque apoio profissional. Uma opção que pode auxiliar no quadro é mostrar modelos positivos — como pais que lidam com insetos de forma tranquila. Isso fortalece a criança e ajuda a reavaliar o perigo percebido.

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