Cerca de 50% das crianças em idade escolar apresentam Entomofobia
Fobia é classificada dentro dos transtornos de ansiedade

Para muitas crianças, ver uma formiga ou uma borboleta pode ser apenas mais uma descoberta curiosa do mundo ao seu redor. No entanto, para outras, a presença de um inseto pode desencadear uma reação de terror profundo, com gritos, choros, taquicardia e, em alguns casos, crises de pânico. Essa condição é conhecida como entomofobia, o medo excessivo e irracional de insetos, e pode afetar significativamente o bem-estar emocional e social da criança.
A pesquisa “Entomofobia e Aracnofobia entre crianças em idade escolar: uma abordagem psicológica”, de Shiraz, do E-Medical Journal, evidencia um dado significativo: cerca de 50% da população infantil apresenta esses tipos de fobia. O Cognitive Behavioral Therapy Los Angeles também estima que 7% da população pode ter uma fobia específica relacionada a animais, insetos ou aracnídeos.
Mas, doutora, o que acontece neurologicamente com crianças com entomofobia ?Do ponto de vista neurobiológico, a fobia é resultado de um funcionamento disfuncional entre duas áreas fundamentais do cérebro: a amígdala e o córtex pré-frontal. A amígdala, estrutura responsável por identificar ameaças e acionar respostas de defesa como o medo e a fuga, é hiperativada em pessoas com fobias. Quando uma criança com entomofobia vê um inseto, sua amígdala reage de forma desproporcional, como se estivesse diante de um perigo real e iminente. Esse alarme exagerado provoca uma descarga de adrenalina, aumento da frequência cardíaca, sudorese e sensação de pânico.
Ao mesmo tempo, o córtex pré-frontal — área responsável pelo julgamento racional e controle das emoções — não consegue inibir essa reação. Em crianças, esse sistema de autorregulação emocional ainda está em desenvolvimento, o que explica por que elas podem reagir de forma tão intensa e descontrolada diante de algo aparentemente inofensivo.
Além disso, a memória emocional também tem papel importante: uma experiência traumática anterior com um inseto ou até mesmo a observação de reações de medo em pais ou cuidadores pode criar uma associação negativa que se fortalece com o tempo.
Existe tratamento para a entomofobia?
O tratamento mais indicado para fobias específicas, incluindo a entomofobia, é a terapia cognitivo-comportamental (TCC). Ela ajuda a criança a identificar pensamentos distorcidos sobre os insetos, expondo-as de forma controlada e segura, com estratégias de enfrentamento.
Em casos mais graves, pode ser necessário o acompanhamento psiquiátrico, com o uso temporário de medicamentos ansiolíticos ou antidepressivos, especialmente se a fobia estiver comprometendo a qualidade de vida da criança.
Abordagens lúdicas também são eficazes no ambiente infantil: livros ilustrados, jogos educativos e até visitas monitoradas a museus de ciências ou borboletários podem ajudar a ressignificar o medo.
É importante ressaltar que o papel da família é extremamente essencial durante o processo de tratamento. Minimizar, ridicularizar ou forçar a criança a enfrentar o medo sem preparo pode piorar a fobia. Acolha seu filho com emoção, reforce a segurança e busque apoio profissional. Uma opção que pode auxiliar no quadro é mostrar modelos positivos — como pais que lidam com insetos de forma tranquila. Isso fortalece a criança e ajuda a reavaliar o perigo percebido.