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Por Daniela Alvarenga, médica, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia
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Melasma tem cura?

Cuidado com as propagandas de redes sociais que prometem milagres. O tratamento exige a competência do médico e muita paciência e disciplina da paciente 

Por Daniela Alvarenga
Atualizado em 19 abr 2021, 15h06 - Publicado em 17 jun 2020, 11h29

Caracterizado pelo surgimento de manchas escuras na pele, quase sempre no rosto, o melasma é um dos problemas de pele mais comuns entre as mulheres. Ele não tem uma causa específica, mas muitas vezes está relacionado ao uso de anticoncepcionais, gravidez e, principalmente, à exposição solar. Se você tem melasma, saiba que são muitas as mulheres que enfrentam o problema, entre elas celebridades que falam abertamente sobre o tema, como Mariana Goldfarb, Cleo Pires, Ivete Sangalo e Ana Furtado, e ajudam a tornar a questão algo, digamos, mais normal. 

O melasma não afeta somente mulheres de todos os tipos de pele, mas ocorre mais raramente em homens, geralmente mais resistentes ao tratamento. O fator desencadeante é a exposição à luz ultravioleta e até mesmo à luz visível ou um tratamento mal indicado. Além dos fatores hormonais e da exposição aos raios solares, a predisposição genética é ponto chave no surgimento da doença.  As manchas costumam aparecer nas maçãs, testa, nariz e buço e, apesar de terem formato irregular, em geral, aparecem dos dois lados do rosto. Podem ser também extrafacial, com acometimento dos braços, pescoço e colo.

O tratamento é de longo prazo e o objetivo é controlar as manchas. Não existe milagre nem cura, mas é possível, sim, tratar e controlar com persistência porque os cuidados diários são para toda a vida.  A escolha do médico faz muita diferença sempre, mas quando o assunto é melasma eu diria que é fundamental. O melasma é uma patologia que precisa ser respeitada e muito bem manejada, afeta a autoestima, requer muita dedicação da paciente e uma parceria de sucesso com o dermatologista. Muitas vezes, as pessoas com melasma podem agravar a condição por acreditarem em promessas enganosas de redes sociais e internet. Um tratamento ou procedimento inadequado pode gerar piora importante das manchas.  

É preciso muita disciplina para ver a pele longe das manchas de melasma. A briga é diária no tratamento e se a paciente não estiver dispostas a  cumprir a rotina duas vezes ao dia, a mudar o estilo de vida e a fazer consultas e procedimentos frequentes com o dermatologista é melhor nem começar o tratamento porque o sucesso será comprometido. O inverno é um período interessante para tratar porque ficamos menos expostos ao sol. Mas no verão é que a coisa pega, ainda mais no Rio de Janeiro, então temos que ter tratamentos indicados para cada época do ano.  

O tratamento inclui uma série de iniciativas, mas em primeiro lugar, é preciso entender seu estilo de vida e, se necessário, fazer uma readaptação. Por exemplo, quem pratica exercícios ao ar livre deve evitar ou procurar se exercitar nos horários de menor incidência de raios UV, como pela manhã bem cedo, e usar os acessórios de proteção, como viseira, óculos e camisas com FPS. É preciso redobrar a proteção solar, com filtros de preferência físicos e com FPS mais elevados todos os dias, inclusive nos nublados. Capriche na quantidade do produto e não se esqueça de reaplicar a cada duas horas, isso faz toda a diferença.

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Além da mudança de hábitos, o tratamento inclui também o uso de medicamentos para uso tópico. A hidroquinona continua sendo padrão ouro no clareamento mas precisa ser muito bem prescrita e acompanhada porque podem ocorrer algumas complicações no uso contínuo e a longo prazo. Os ácidos kójico, tranexamico, azelaico e fítico, a cisteamina e, mais recentemente, o wonderlight também levam a bons resultados. Somente pacientes muito disciplinadas em relação ao sol podem usar ácido retinóico para tratamento paralelo antienvelhecimento, e mesmo assim, em baixa concentração. Eu, particularmente, tomo muito cuidado com o ácido retinóico. 

Entre as minhas preferências de procedimento em consultório para tratar as manchas estão o microagulhamento robótico com drug delivery e, mais recentemente, a evolução deste método com a formulação dos chamados Skin Savers, neste caso, do Clarify Booster. Além disso, loções tópicas, peelings superficiais e alguns poucos lasers.

Fica a dica: os tratamentos mais agressivos não são amigos do melasma. Na minha experiência médica, laser de CO2 não deve ser usado em hipótese alguma em pessoas que têm melasma Os outros lasers devem ser usados com parcimônia e por um profissional muito habilitado, de outro modo, podem provocar o famoso efeito rebote, em que a pele tem uma melhora inicial, mas depois a pigmentação volta ainda mais forte. Um procedimento inadequado pode inclusive agravar o estágio das manchas.

Nos últimos anos, a alimentação e alguns suplementos, com princípios ativos como  polypodium leucotomos, pinus pinaster, pycnogenol, glisodin, bioblanc e outros passaram a ser usados como coadjuvantes, por reduzirem  a velocidade de replicação do melanócito, célula que produz a melanina, quando encontra a luz solar ou visível. Apesar de não chegarem a ter ação direta no clareamento, podem auxiliar no controle para não agravar a condição das manchas no uso contínuo.  

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A boa notícia é que, apesar de ainda não ter cura, os tratamentos estão evoluindo muito e estão cada vez menos agressivos. A novidade mais recente, e que parece promissora no tratamento de melasma, é o uso do aparelho DrugDelivery (D&D) com Hydrabooster, que permitirá uma potencialização dos resultados e uma abordagem mais global, tratando a qualidade da pele e o melasma. Ele permite abrir canais para injetar  ácido hialurônico na derme superficial, promovendo uma hidratação e estímulo de  colágeno, o que já permite um clareamento da face, e,  com os microcanais abertos, aplicaremos o Skin Saver Clarify Booster para potencializar o clareamento específico do melasma.

“Estamos entrando numa nova era nos tratamentos dermatológicos, com a associação de novos fármacos e produtos com as tecnologias disponíveis no mercado, que visam a tratar as camadas mais profundas da pele e também as mais superficiais, com segurança e eficácia, evitando retirar os pacientes de suas rotinas diárias. O clareamento com o uso do D&D, que tem 5 ou 9 microagulhas, impressiona bastante porque permite um aumento significativo da hidratação e renovação da pele, além da despigmentação. Permite que a gente aplique o que quiser na camada da pele que a gente desejar, e isso é revolucionário“, observa o dermatologista Alexandre Filippo, chefe do setor de laser do Instituto de Dermatologia Prof. R.D. Azulay, da Santa Casa de Misericórdia, e que integra a equipe dos estudos científicos da U.SK Under Skin.

Agora lembre-se: depois de todo o esforço para tratar e seguir tratando para sempre, é preciso lembrar de se prevenir para o resto da vida para não ser surpreendida com a volta das manchas ou mesmo com novas manchas. E se isso acontecer, não se desespere, faz parte, não existe passaporte para o sol. Siga em frente que a melhora volta! 

 

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