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Daniel Sampaio

Por Daniel Sampaio: advogado, ativista do patrimônio, embaixador do turismo carioca e fundador do Instagram @RioAntigo Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
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A Torre Eiffel do carnaval de Madureira

Vamos relembrar algo que ficou esquecido no passado carnavalesco: os coretos do subúrbio do Rio

Por Daniel Sampaio Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 4 Maio 2022, 09h57 - Publicado em 20 abr 2022, 20h07
Obra “Carnaval em Madureira” de Tarsila do Amaral e, ao lado, a Torre Eiffel de Madureira. Na verdade, um coreto
Obra “Carnaval em Madureira” de Tarsila do Amaral e, ao lado, a Torre Eiffel de Madureira. Na verdade, um coreto -  (Pinacoteca do Estado de São Paulo/Reprodução)
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Hoje começa o Carnaval Carioca! Depois de 2 anos as escolas de samba retornam à Sapucaí! Depois de tanta espera, a magia paira novamente no ar!

Algo incrível no nosso carnaval é sua pluralidade, ele acontece  nas ruas, blocos, salões de baile, grupos de bate-bola e tantas outras manifestações culturais ao longo do tempo. Hoje vamos relembrar algo que ficou esquecido no passado: os coretos do subúrbio do Rio.

O carnaval  de rua dos bairros do subúrbio sempre foi animado e popular, e mesmo não recebendo apoio financeiro da prefeitura, acontecia com a mobilização de associações de comerciantes locais e de moradores, clubes esportivos e dançantes para organização e decoração das ruas. A febre do momento eram os coretos monumentais e, em 1924, Madureira entrou para a história com a sua Torre Eiffel.

Este coreto foi erguido em homenagem ao feito de Santos Dumont, que voou com o dirigível número 06 em 1901, recebendo o Prêmio Deutsch por operar a primeira máquina aérea capaz de realizar uma viagem de ida e volta do Parc de Saint-Cloud até a Torre Eiffel em menos de 30 minutos. 

O suntuoso coreto media 18 metros de altura com uma base quadrada de 24 metros, contando com três pavimentos giratórios, um farol, um balão e 400 lâmpadas elétricas. Foi imortalizado por Tarsila do Amaral no quadro “Carnaval em Madureira”. O quadro, com cores fortes e uso de formas geométricas em sua composição, mostrava a torre parisiense em pleno carnaval do bairro. Por muito tempo foram feitas interpretações para o quadro com base no sentimento de deslocamento da artista ao voltar para o Brasil depois de longa temporada no exterior. Embora não se saiba se Tarsila esteve pessoalmente no carnaval de Madureira daquele ano, é fato que a artista estava no Rio de Janeiro na época e, somente após a realização de estudos pelo IHGB (Instituto Histórico e Geográfico da Baixada do Irajá) confirmando a existência da Torre Eiffel de Madureira, foi possível associar a referência.

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No carnaval de 2019, a Portela trouxe pelas mãos da professora Rosa Magalhães o enredo “Na Madureira Moderníssima, Hei Sempre de Ouvir Cantar uma Sabiá”, exaltando a brasilidade na obra de Clara Nunes e tendo como marco desta brasilidade plural pulsante em Madureira a obra de Tarsila do Amaral.

Ainda que muita gente não conhecesse essa história, o carnaval cumpre um de seus muitos papéis: o de recontar sua própria história em verso e prosa na Avenida! 

*Daniel Sampaio é advogado, memorialista e ativista do patrimônio cultural. Fundou o Instagram @RioAntigo e é presidente do Instituto Rio Antigo.

**Texto feito em parceria com Raquel Oliveira, guia de turismo do projeto RIO ANTIGO A PÉ.

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