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Curiosidades históricas sobre o Rock in Rio

Vamos revisitar um pouco da História desse que é um dos maiores festivais de música do mundo?

Por Daniel Sampaio Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 9 set 2022, 16h25 - Publicado em 9 set 2022, 16h03

Retomadas ontem as atividades do Rock in Rio 2022, em sua segunda semana, vamos revisitar um pouco da História desse que é um dos maiores festivais de música do mundo, um megaevento que colocou o Rio de Janeiro e o Brasil no mapa dos grandes shows e turnês mundiais.

Responsável por ter trazido Frank Sinatra para o Brasil, em 1980, o publicitário e empresário Roberto Medina, dono da agência Artplan, “penou” até conseguir viabilizar o seu sonho. Anos antes do primeiro Rock in Rio, já desacreditado com a situação do Brasil e pensando em se mudar para o exterior, Medina foi convencido por sua esposa Maria Alice a ficar no país, que respirava novos ares de uma redemocratização que se avizinhava. Até que veio uma ideia: trazer os maiores astros da música internacional, juntamente com a nata do pop e rock nacional, em um megafestival que duraria 10 dias e juntaria mais de 1,5 milhão de pessoas.

Muita gente achou uma grande loucura, pois o Brasil não tinha ainda mão de obra qualificada suficiente para algo dessa magnitude e também porque não daria para pagar os gastos e despesas cobrando um valor minimamente acessível pelos ingressos. Além disso, outras bandas e artistas internacionais haviam sofrido calotes e golpes em suas passagens pelo Brasil. Alguns vexames que nos deixaram com uma péssima imagem no meio do entretenimento mundial.

Depois de muitas andanças pelos EUA, recebendo dezenas de “nãos”, Medina e seus parceiros encontraram a fórmula certa para atrair as bandas, recomendada pelo empresário de Frank Sinatra. Chamou a imprensa musical para um coquetel em Los Angeles e os conquistou. Depois de muitas reportagens favoráveis sobre um novo festival que aconteceria no Brasil, foi bem mais fácil convencer as maiores atrações internacionais do evento.

Entre as curiosidades contratuais, está o acerto com Ozzy Osbourne, que o impedia expressamente de morder animais em palco. Tudo isso por causa do polêmico episódio em que o roqueiro arrancou a cabeça de um morcego, sem querer, pensando ser um brinquedo de borracha que havia sido arremessado ao palco, nos EUA, em 1982.

De volta ao Brasil, Medina achou outra fórmula de sucesso que resolveria a conta financeira, que não parecia fechar: obteve um patrocínio da cervejaria Brahma. Estava viabilizado, assim, o primeiro Rock in Rio.

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Foto aérea da Cidade do Rock original, na Ilha Pura, em Jacarepaguá -
Foto aérea da Cidade do Rock original, na Ilha Pura, em Jacarepaguá – (Sérgio Valle Duarte/Reprodução)

O lugar escolhido para esse megaevento foi o terreno da Ilha Pura, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio, bem ao lado do centro de convenções Riocentro — que  havia sido cedido pela construtora Carvalho Hosken em meados de 1984. O desafio era construir, em poucos meses, com 4,5 milhões de dólares, uma estrutura digna das maiores estrelas da música e que pudesse receber aproximadamente 150 mil pessoas por dia, com conforto e organização.

Tratava-se de um terreno com mais de 250 mil metros quadrados, que foi nivelado, usando 13 mil metros cúbicos de aterro transportados por 71 mil caminhões. Para o abastecimento de água, construiu-se uma subadutora de um quilômetro, e, como medida de saneamento, foi criada uma lagoa de estabilização com aguapés para receber a água dos banheiros.

No início de setembro de 1984, Medina estava preocupado com o andamento das obras e pensou em cancelar o festival. Mas conta que foi abordado na rua por três jovens em um Passat branco que lhe agradeceram imensamente por possibilitar o encontro deles com seus maiores ídolos. Isso lhe deu uma injeção de ânimo e fez com que, no dia seguinte, o número de operários fosse triplicado.

A obra chegou a ser embargada pelo então governador Leonel Brizola ao final de setembro. Apesar das muitas justificativas oficiais, dizem que teria sido por causa de uma briga política. A agência Artplan foi a responsável pela campanha eleitoral do adversário de Brizola nas eleições de 1982, Moreira Franco, e por isso há essa especulação. Mas Medina procurou Tancredo Neves, que logo viria a ser escolhido pelo colégio eleitoral como Presidente da República, e, pouca gente sabe, mas ele apadrinhou o festival e intercedeu por sua realização, o que acabou dando certo.

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Em novembro de 1984, as obras estavam finalizadas. Faltava pouco para tudo começar. Mas dias antes dos portões se abrirem, Medina recebe todos os artistas que irão se apresentar em sua casa para uma grande festa e deixa bem claro para todos, que só haviam recebido 50% dos cachês: atrasos não seriam tolerados.

Ney Matogrosso se apresentando no palco da Cidade do Rock em 1985 -
Ney Matogrosso se apresentando no palco da Cidade do Rock em 1985 – (Site Hypeness/Reprodução)

No dia 11 de janeiro de 1985, pontualmente, às 18h, começava o primeiro Rock in Rio. Ney Matogrosso, o artista nacional mais bem pago do festival fez um show memorável, com direito a “Rosa de Hiroshima” e vinte pombas brancas pedindo paz. Teve Queen, AC/DC, Iron Maiden, Scorpions, Blitz, Barão Vermelho, Kid Abelha e outros astros do Rock nacional e internacional. Mas, para provar que o RIR nunca foi apenas de Rock, vale relembrar que, no line-up de 1985 tinha, além do Ney, Elba Ramalho, Gilberto Gil, Al Jarreau, James Taylor e muito mais. Foi muita música, lama, paz e amor.

Mais de 37 anos depois, o Rock in Rio já teve 22 edições (incluindo as edições de 2022, no Rio e em Lisboa), com quase 2.400 artistas escalados. No total, mais de 10 milhões de pessoas já estiveram na plateia do Rock in Rio, totalizando, desde 1985 até este domingo dia 11/9, 130 dias de muita música.

E você, foi no Rock in Rio de 1985?

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*Daniel Sampaio é carioca do Grajaú. Advogado, ativista do patrimônio e embaixador oficial da cidade pela Rio Tur. Fundou há 10 anos o perfil @RioAntigo no Instagram.

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