Até 1931, o Cristo Redentor não estava lá no alto do Corcovado, “braços abertos sobre a Guanabara”. Lá era o mirante Chapéu do Sol, que em 1884 ganhava sua estrada de ferro.
A ideia da estátua teria partido do padre Pietre-Maria Bos, em 1859, mas, em 1888, um grupo de abolicionistas cogitou homenagear a Princesa Isabel com uma estátua no alto do Corcovado. A Princesa rejeitou a ideia, preferindo “mudar a dita homenagem por uma estátua de Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro redentor dos homens”.
Apenas na década de 1920, o projeto começou a se concretizar, na esteira das comemorações do centenário da Independência do Brasil. Chegou-se a cogitar uma estátua com formato totalmente diferente, com o Cristo segurando um cetro e um globo, simbolizando a presença do cristianismo no mundo.
Após uma campanha de arrecadação de fundos que durou 10 anos, a estátua foi finalmente inaugurada e pode ser considerada uma criação coletiva, não só pela forma de financiamento como também pela sua idealização e construção.
Em estilo art déco, o projeto escolhido foi do brasileiro Heitor da Silva Costa. A cabeça – incluindo a expressão facial do Cristo – foi a primeira parte a ficar pronta, sendo de autoria do escultor romeno Gheorghi Leonida. O francês Paul Landowski foi responsável pela escultura do restante da obra. A estrutura interna do monumento, em concreto armado, é de autoria do engenheiro francês Albert Caquot.
A população e a Imprensa da época apaixonaram-se pelo seu novo monumento. Na capa de “O Globo” no dia 13 de outubro de 1931, a manchete “Christo reina, impera e livrará o Brasil de todos os males”. Na revista “Fon Fon”, a seguinte frase: “e, no mysterio da hora, cheia de interrogações e poesia, a magnitude daquelles braços divinos, os braços do Redemptor, abençoando a cidade galante que se ajoelha a seus pés”.
Em 2007, o Cristo Redentor foi eleito uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno. É hoje o maior ícone da nossa cidade e talvez do nosso país. Parabéns ao nosso queridíssimo Cristo!
*Daniel Sampaio é advogado, memorialista e ativista do patrimônio cultural. Fundou o Instagram @RioAntigo e é presidente do Instituto Rio Antigo.
**Texto feito em parceria com o advogado e tradutor João Freire, redator da Equipe Rio Antigo.