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Cristiana Beltrão

Por Cristiana Beltrão, restauratrice e pesquisadora de gastronomia e alimentação Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
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O sonho de um Rio melhor

O que a cidade faria com 2 milhões de turistas a mais?

Por Cristiana Beltrão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 nov 2024, 12h20 - Publicado em 27 nov 2024, 12h05
Lasai, no Rio de Janeiro - premiado como melhor restaurante do Brasil e o 7o lugar da América Latina pelo Latin America 50Best Awards (divulgação/Arquivo pessoal)
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Afinal, o que faz o Instituto Bazzar?

Depois de 24 anos tocando restaurantes, a pergunta de todos os meus amigos não quer calar. A verdade é que tenho batido na porta de muita gente. Afinal, um Instituto sozinho não faz Verão…

Vou atrás de empresários, acadêmicos, pequenos produtores, pescadores artesanais, associações de classe, de chefs e do governo, trocando ideias e fazendo pontes. Com muito mais planejamento do que sorte, queremos ajudar o Estado do Rio a abocanhar parte dos U$189 bi que o Turismo Gastronômico rendeu mundialmente, no ano passado. Sim, eu disse 189 bilhões de dólares.

Infelizmente, ainda esnobamos esse potencial. Somos uma cidade turística que se esquece disso, no prato, e invejamos o poder de atração de outras cidades sul-americanas, como Lima, sem que façamos o investimento em produtos ímpares e sustentáveis, como eles fizeram.

A formação de uma identidade gastronômica clara não existe por acaso. Ela é construída. Foi assim que Londres saiu do lugar dos “fish & chips” para se consolidar como um dos destinos gastronômicos mais cobiçados do mundo. Ou vocês acham que Gordon Ramsay, Jamie Oliver e Nigella Lawson brotaram nas telas nos anos 2000 sem nenhum incentivo ou estratégia governamental? Acham que todos os ingleses começaram a colocar a procedência de ingredientes britânicos nos cardápios por acaso? Não.

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Para nos tornarmos um destino na gastronomia atraente e original, como pede o turista, e de quebra, alavancarmos o desenvolvimento econômico, precisamos investir em produtos de valor agregado, nos pequenos produtores de excelência do Estado e na biodiversidade local. Isso requer esforços dos restaurantes,  educação dos consumidores e uma mão do governo, seja estadual ou municipal, apoiando iniciativas sustentáveis, fundamentais para um mundo de população crescente e recursos finitos.

Um dos passos é a obtenção de “dados” corretos. Dados são importantíssimos para a estratégia. Um acerto foi a iniciativa de Daniela Maia, Secretária de Turismo, que conseguiu desenvolver métodos mais eficazes de mapeamento do turista que chega aqui.

Ainda na gestão de Chicão Bulhões na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, fui até a Prefeitura para provar que investir em gastronomia e sustentabilidade dava certo. E não é que dá? Hoje, o resultado do Estudo do Instituto Bazzar em parceria com as Secretarias de Desenvolvimento Econômico (agora ocupada por Thiago Dias), e do Turismo (Daniela Maia) foi publicado no Diário Oficial e pode ser lido aqui.

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Tivemos, ontem, o prêmio Latin America 50Best com o Lasai como melhor restaurante do Brasil. Há alguns dias, houve o prêmio da Veja Rio. Em breve, teremos o Michelin. Entrar no radar é importante, mas também notar quem entra, e por quê.

Já faz algum tempo que o foco dos jurados está em ver quem trabalha com uma identidade regional clara, com ingredientes que só existem naquele lugar e com pequenos produtores sustentáveis. Para termos mais cariocas escalando na lista, o Rio de Janeiro precisa mudar. Precisamos investir, por exemplo, em peixes da costa fluminense, de pesca artesanal de baixo impacto (o oposto do que se vê por aqui); nos queijos de excelência de Valença; na charcutaria de Friburgo; nos méis de abelhas sem ferrão do Estado; nas cadeias justas, nos pequenos produtores. Isso tudo constrói, aos poucos, a nossa identidade diante do Brasil e do Mundo. Como eu sempre digo: ninguém cruza o oceano pra comer mais uma versão de salada caesar ou carbonara.

Um terço da motivação do turismo, hoje, é a gastronomia. Com pequenos passos, podemos atrair (na ponta conservadora) 2 milhões de turistas internacionais que, hoje, não sabem que existimos. Precisamos nos converter em um destino do estômago, e já.

Ganham turistas, restaurantes, empregos, ganha o Rio.

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