Salgueiro abre temporada com quadra lotada
Entre aplausos à Beija-Flor, escola homenageada, a primeira noite do novo ciclo ecoou a saudade de Maria Augusta

Uma verdadeira catarse marcou a abertura do novo ciclo de quadra no Salgueiro, que recebeu mais de três mil pessoas nesse sábado (19) em uma noite de casa lotada, com emoção à flor da pele e respeito à tradição. A celebração teve como destaque a homenagem à Beija-Flor, campeã do último Carnaval. Nilópolis se fez presente com seu primeiro casal, Claudinho e Selminha Sorriso, que deram uma verdadeira aula de elegância e liturgia da dança de um casal de mestre-sala e porta-bandeira. Sob a batuta do carnavalesco João Vitor, os segmentos da azul e branca mostraram intensidade e reverência, arrancando aplausos calorosos da quadra.
Mas a festa também foi, como sempre, profundamente salgueirense. A vermelho e branco entrou com força total, exibindo todos os seus segmentos: baianas, velha guarda, passistas, alas coreografadas e os três casais de mestre-sala e porta-bandeira. O primeiro casal, Marcela e Sidclei, surgiu em trajes dourados; Leonardo e Bárbara, além de Leonam e Beatriz, vestiram branco com símbolos da escola e emocionaram com apresentações vibrantes no palco. As fantasias do show na quadra, aliás, mereciam uma menção à parte (de extremo bom gosto e impacto visual).
Viviane Araújo, rainha da bateria e ícone da agremiação, surgiu deslumbrante em um macacão de paetês vermelhos e incendiou o público com seu carisma. A atriz Cacau Protásio também marcou presença e foi ovacionada ao subir ao palco. Outro destaque foi a estreia da nova pintura do chão da quadra, que deu ainda mais brilho ao cenário da noite.
Para muitos (inclusive para este colunista), foi impossível conter a emoção diante da ausência de Maria Augusta, falecida há dez dias. Figura indispensável nesses encontros, Augusta era sempre uma das primeiras a chegar e a última a sair. No último Carnaval, brilhou como enredo da Aprendizes do Salgueiro e teve a honra de ser homenageada em vida. Coube ao presidente André Vaz a recepção dos inúmeros convidados em uma noite que, com certeza, ela teria aplaudido de pé.
A festa também marcou o início oficial da temporada do enredo de 2026: “A delirante jornada carnavalesca da professora que não tinha medo de bruxa, de bacalhau e nem do pirata da perna-de-pau”, assinado por Jorge Silveira e inspirado na trajetória de Rosa Magalhães. Resistência, memória e paixão definem a noite em que o Salgueiro, mais uma vez, fez história.