Executiva trans cancela viagem aos EUA após mudança em regra de vistos
Fabíola Lopes temeu constrangimentos após saber que identidade de gênero não é mais respeitada em documentos pelo governo americano

Fabíola Lopes fez história em grandes empresas no Brasil. Tornou-se a primeira executiva trans da Unilever e consolidou-se como uma das principais vozes em inclusão e diversidade no ambiente corporativo. Atualmente na Wella, segue como referência, levando seu protagonismo para dentro e fora do trabalho.
No início dessa semana, ela foi surpreendida pela notícia envolvendo a deputada Erika Hilton (PSOL), que teve seu nome desconsiderado no visto americano. Apesar de constar corretamente no passaporte, o visto foi emitido com o gênero masculino. Fabíola relata que passaria pela mesma situação: “Eu iria para os Estados Unidos agora no mês que vem. Cancelei a minha viagem. Imagina o meu nome no passaporte de uma forma e no visto de outra? Tenho medo e não vou mais viajar para lá.”
A mudança é consequência da nova política do governo norte-americano, que passou a não reconhecer documentos que utilizam a autoidentificação de gênero para pessoas trans. Em nota enviada à Agência Brasil, a embaixada dos Estados Unidos no Brasil informou que, “de acordo com a Ordem Executiva 14168, é política dos EUA reconhecer dois sexos, masculino e feminino, considerados imutáveis desde o nascimento”.
A ordem, assinada por Donald Trump em 20 de janeiro, determina que órgãos federais passem a adotar a definição binária de gênero — masculino e feminino — como fixa desde o nascimento, proibindo que documentos como passaportes reconheçam identidades de gênero autodeclaradas.