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Por Bruno Chateaubriand, jornalista
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“Há uma epidemia de distração com celular nas escolas”, diz secretário

À frente da pasta de educação, Renan Ferreirinha comenta em entrevista sobre Chat GPT, bullying e o fim da era dos alimentos ultraprocessados no município

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Atualizado em 21 set 2023, 21h43 - Publicado em 21 set 2023, 12h50

Carioca, natural de São Gonçalo, o secretário municipal de Educação do Rio de Janeiro, Renan Ferreirinha, teve sua vida transformada pela educação. Foi aceito em nove das maiores universidades americanas de ponta, antes de optar por Economia e Ciências Políticas em Harvard, onde se formou em 2017 com bolsa integral. Co-fundou o Formigueiro, a primeira plataforma de financiamento coletivo no Brasil voltada exclusivamente para projetos educacionais; o Mapa Educação, movimento que luta por uma educação de qualidade para todos os brasileiros através do protagonismo jovem; e o Acredito, movimento político independente que trabalha por uma renovação de pessoas, práticas e princípios na política brasileira. Após se formar em Harvard, Ferreirinha voltou ao Brasil e desde janeiro de 2021, assumiu a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. Em uma entrevista, ele respondeu algumas das muitas questões que estão em voga nas escolas do município.

Como a prefeitura vem se preparando pra banir alimentos ultraprocesssados?

Nosso cardápio já era muito bem elaborado e nutritivo. Quem cuida da alimentação das nossas 1549 escolas e quase 700 mil alunos – a maior rede municipal da América Latina – é um grupo fera de nutricionistas da prefeitura, e a gente já tem uma alimentação balanceada. Para ficar redondinho, o único ajuste necessário era tirar o biscoito. Então, está sendo uma transição tranquila. Além disso, em prol da integridade e transparência, publicamos regularmente no nosso site qual é o cardápio previsto para as próximas semanas, para que os responsáveis e toda a sociedade possam ver como está a alimentação na rede municipal. A gente serve mais de um milhão de refeições diariamente e temos um compromisso muito sério com a qualidade, porque sabemos que é nas escolas que muitos de nossos alunos fazem a única refeição digna do dia.

No início do ano houve muitos ataques criminosos em escolas, algumas investigações levaram a apreensões de menores que planejavam ataques.  Como esta essa situação? Quais foram as principais mudanças implementadas no dia a dia das escolas para evitar violência?

Desenvolvemos o aplicativo Escola Segura, uma das melhores ferramentas do país para proteção escolar. Funciona assim: diretores e diretoras podem denunciar vários tipos de violência, desde um caso de bullying, furto, ameaça ou qualquer outra situação que possa afetar a escola. E aí, o órgão responsável é imediatamente notificado, seja o nosso núcleo psicossocial, a Guarda Municipal ou a Polícia Civil. Além disso, reforçamos nossa parceria com a Cruz Vermelha Internacional no programa Acesso Mais Seguro que estabelece protocolos e prepara nossas escolas para as mais diversas questões de segurança que elas possam enfrentar.

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Chat GPT a serviço da educação: de que forma a prefeitura enxerga a IA na escolas?

O principal legado da nossa gestão são os GETs, nossos Ginásios Experimentais Tecnológicos, o modelo de escola pública mais inovador do país. São escolas de tempo integral, com espaços colaboratórios (espaços repletos de recursos tecnológicos que vão do alfinete ao foguete: da máquina de costura à impressora 3D). Queremos que nossos alunos aprendam de maneira interdisciplinar, uma verdadeira educação mão na massa. Então, por exemplo, se a criança estiver aprendendo sólidos geométricos, ela pode fazer isso em 3D, criar figuras, colocar os conhecimentos em prática. É uma escola totalmente alinhada com os desafios dos nossos tempos. Os GETs são os CIEPS do século XXI. Neste ano, são 70 escolas nesse modelo e, até o fim do ano que vem, serão 200 GETs.

Por outro lado, celulares foram proibidos em sala de aula. Como está sendo a repercussão nos colégios da rede municipal de ensino?

Ótimo questionamento, porque investir em tecnologia e restringir o uso celular em escolas não são medidas contraditórias. A gente acredita que a tecnologia tem que ser usada a favor do aprendizado, e pode ter um papel pedagógico muito importante. Por outro lado, a gente vê uma epidemia de distração com os celulares. As redes sociais são pensadas para manter o usuário preso e, se o aluno está ali de olho na tela, não tem como prestar atenção de forma plena. Isso interfere diretamente no desenvolvimento escolar de forma já cientificamente comprovada. É preciso impor limites. A gente precisa educar essa geração para um uso consciente da tecnologia. E, além de levarmos em consideração o Relatório de monitoramento global da educação da Unesco, essa decisão também é fruto de centenas de visitas às escolas do Rio de Janeiro nos últimos anos, que foram mostrando que a perda de atenção com o uso indiscriminado do celular é muito nociva. É como se o aluno saísse da sala de aula toda vez que recebe uma notificação. Por isso, estabelecemos essa medida aqui no Rio que tem sido muito bem aceita por professores, diretores e responsáveis. Baseado nisso, como deputado federal, aproveitei para apresentar um projeto no Congresso Nacional para que essa medida se estenda para todo o país.

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Qual é o bairro mais “nerd” do Rio? Qual tem melhor desempenho escolar?

Temos muitas unidades muito bem avaliadas em toda a cidade do Rio! Se você olhar, por exemplo, os vencedores da Olimpíada Carioca de Matemática, temos excelentes alunos em todos os cantos da cidade, com ótimos resultados. Nas avaliações bimestrais, a mesma coisa. Tem talento em tudo que é canto, independente do CEP!

O que ficou de aprendizado com a pandemia? Algo implementado durante o período, continuou?

A convicção de termos feito a coisa certa ao defender a reabertura segura das escolas em 2021. O Rio foi a primeira cidade do país a voltar as aulas presenciais em larga escala, com o apoio da saúde e da ciência. Na época, muitos foram contrários, mas tínhamos convicção de que a escola tinha que ser a última a fechar e a primeira a reabrir. As perdas no ensino teriam sido ainda maiores e a evasão escolar também. Nós fizemos uma busca ativa intensa por nossos alunos, ligamos, mandamos zap, batemos na porta e conseguimos trazer 20 mil alunos que tinham praticamente abandonado a escola durante a pandemia de volta pra sala de aula. Foi um marco importante, mas ainda estamos revertendo as consequências da pandemia e da letargia da gestão passada no ensino. Com muito trabalho, o Rio está voltando a assumir seu papel de vanguarda na educação também.

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