Por amor a Hilda
Dia de comemorar o aniversário de dois grandes poetas : Hilda Doolittle e Ferreira Gullar, que faria nesta quinta (10) 90 anos.
Querida H.D.,
Impossível não pensar em você neste dia. Seu aniversário. Pensar na mulher que mesmo nascendo em 1886 foi capaz de cruzar o oceano, assumir sua bixessualidade e vive-la abertamente, ser poeta, musa de Ezra Pound, passar por tantos dramas e crises psíquicas e superá-las com a ajuda do “papai Freud”. E ser a única analisanda que relatou suas sessões ,no livro “Por amor a Freud – memórias de minha análise com Sigmund Freud”. Aliás, seu único livro traduzido no Brasil. E foi a partir dele que o psicanalista Antonio Quinet escreveu o espetáculo que apresentaremos online sábado agora, dia 12, com debate depois, para falarmos de sua “relação em versos livres”, da amizade com o pai da psicanálise, dos símbolos que tanto ajudaram na sua arte e processo terapêutico.
Gostaria de enchê-la de flores, gardênias, ou de suas rosas:
Rosa do mar
Rosa, rosa áspera
Manchada e com poucas pétalas,
Flor escassa, magra,
De folhas esparsas…
E para homenageá-la cito também outro poeta, tradutor, gênio dos gênios, nosso grande Ferreira Gullar, que também nasceu no dia de hoje, em São Luiz do Maranhão, em 1930.Fundador do neoconcretismo. Talvez vocês tenham se cruzado no exílio, nunca saberei. Mas foi lá que ele escreveu sua magnus opus, o “Poema Sujo”, que tenho um exemplar autografado pelo autor duas vezes, uma quando criança, em que declamei uma parte para ele, com uma cara de pau que acho que perdi, e outra num encontro quase no fim de sua vida.
Bela bela
mais que bela
mas como era o nome dela?
Não era Helena nem Vera
nem Nara nem Gabriela
nem Tereza nem Maria
Seu nome era…
Perdeu-se na carne fria
perdeu-se na confusão de tanta noite
e tanto dia
(trecho de Poema Sujo)
Para assistir o espetáculo on-line Hilda e Freud, acesse o site