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Beco do Becoza

Por Juarez Becoza, repórter de gastronomia popular e caçador de botequins Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
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Bar cervejeiro Drunk Trunk encara a tempestade e abre filial em Botafogo

Casa com climão de oficina de motos cerca-se de cuidados e torna-se opção para quem quer sair de casa com o mínimo de riscos. Mas também tem delivery

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Atualizado em 24 ago 2020, 13h54 - Publicado em 21 ago 2020, 13h54
Antonio e Paulo, donos do Drunk Trunk: otimismo e coragem para abrir um novo bar no meio da pandemia (Juarez Becoza/Veja Rio)
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Dia desses o grupo de humor Embrulha pra viagem (uma espécie de Porta dos Fundos paulista – muito bom, por sinal) publicou uma esquete que fazia troça com quem teve seus planos e projetos estragados pela pandemia. O casal que marcou casamento e viagem de lua de mel para abril. O cara que comprou o pacote anual top da academia em março. O deprimido que ganhou alta do psiquiatra em fevereiro, e planejava sair de casa pra se divertir depois de dois anos sem botar o pé na rua. O desempregado que finalmente conseguiu um trampo… De bilheteiro num cinema. Na vida real, caro leitor, muitos donos de bar e restaurante poderiam estar numa lista como essa, com suas histórias verdadeiras e nada engraçadas, que envolvem uma onda sem precedentes de demissões, fechamentos e falências. Mas também teve gente que perseverou.

Não são poucos os casos de novos bares que abriram durante a pandemia, apesar de tudo. Na rua Fernandes Guimarães, em Botafogo, ao lado da hamburgueria Madá, aberta há um mês, outros dois empreendimentos tomam forma e devem inaugurar em algumas semanas: uma hamburgeria 100% vegana e um misto de botequim com galeria de arte, que vai se chamar Studio 99. E não muito longe dali, esta semana fui visitar, cercado de todos os cuidados, a nova filial do bar cervejeiro Drunk Trunk, que acaba de abrir na Rua Visconde e Silva.

Para quem ainda não conhece, o Drunk Trunk nasceu como um pequeno bar sobre as quatro rodas de uma Land Rover no Food Park Carioca, no estacionamento do supermercado Extra da Tijuca. O negócio foi crescendo, virou loja de verdade e ainda ganhou duas filiais – uma no centro e outra do shopping Nova América. O ano de 2020 ia marcar uma grande expansão da marca, planejada cuidadosamente pelos sócios Antônio Alves e Paulo Ismério. Além da filial em Botafogo, uma ideia genial que envolve bar e turismo estava quase para ganhar as ruas do Rio, à bordo de um veículo especial cujos detalhes eles ainda guardam a sete chaves. Mas aí veio a pandemia…

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O bar fica na sobreloja da oficina Two Wheels, especializada em lavagem de motos (Juarez Becoza/Veja Rio)

Com o isolamento social, o projeto especial voltou para a gaveta. A loja do Food Park Carioca está em risco, já que o Extra está virando Assaí e o futuro do Food Park é incerto. E a filial de Botafogo, localizada em cima de uma oficina mecânica especializada em lavagem de motos, atrasou. Atrasou mas finalmente abriu, também há cerca de um mês. Além da coragem de inaugurar  um estabelecimento novo nesse período, a casa tem um trunfo a mais: é muito adequada para esses tempos de afastamento social.

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Primeiro porque é um bar bem grande, com poucas mesas e diferentes ambientes. O mais interessante deles é o balcão adaptado no umbral da gigantesca janela principal, jogada para a rua e decorada pela copa de uma imensa árvore, que parece até fazer parte do bar. O ambiente raro por si só já vale a visita, mas não apenas. A decoração inspirada no clima da oficina embaixo traz até motos de verdade, penduradas no teto e estacionadas no salão. Os bistrôs são tambores de combustível adaptados. Mas o melhor mesmo é a ausência total da tal frescura cervejeira, esse mal que acomete muitos bares do gênero, que fazem o cliente que não tem Pós-Doc em maltes e lúpulos sentir-se um idiota na hora de pedir o seu chope. A começar porque não são muitas as opções. Não passam de dez, que variam a cada semana e são bastante bem explicadas no quadro negro. Perguntas e provinhas são bem recebidas, sem olhares de reprovação nem negativas ríspidas.

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Num dos ambientes, um macaco gigante da Three Monkeys Beer recebe os clientes (Juarez Becoza/Veja Rio)

Sentado de frente pra árvore (alô, Paulo e Antônio: há que descobrir se aquela é um Oiti ou uma Acácia!), pode-se pedir um pint básico de uma Lager de rótulo próprio da Drunk Trunk, bem simples, ou opções mais sofisticadas de grandes nomes cervejeiros cariocas, como Hocus Pocus e Three Monkeys. Aliás, dica para as crianças: num dos ambientes do bar, um imenso macaco de pelúcia as aguarda sentado num sofá, esperando para ser abraçado. Para comer, também o básico cervejeiro: bolinhos de malte, dadinhos de tapioca, hambúrguer, cachorro quente e não muito mais que isso. Atrás do balcão, a equipe competente de bartenders ainda prepara bons coquetéis, especialmente os de gim. O som é carregado no rock, comme il faut, e a frequência, nesses tempos de pandemia, ainda é bem baixa. Torço, claro, para que esse cenário mude o quanto antes. Mas para quem anda trancado em casa há meses, e já está considerando a hipótese de voltar a sair com o máximo possível de redução de riscos, esta é uma ótima pedida.

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The Drunk Trunk:
Rua Visconde e Silva 14, Botafogo.
https://www.thedrunktrunk.com.br | @thedrunktrunk

Quartas e quintas, das 17h às 23h.
Sextas, das 17h à 1h.
Sábados, das 13h à 1h.
Domingos, das 13h às 22h.

Obs: Se você é grupo de risco ou ainda prefere não sair de casa, o bar tem um excelente sistema de delivery próprio de growlers, latas e garrafas. Basta acessar o site.

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