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Rua Conselheiro Saraiva & Rua São Bento

Parcialmente interditadas para a construção de um novo túnel no Centro, as ruas Conselheiro Saraiva e São Bento estão livres para serem exploradas a pé, no meio da via Panorama da Rua Conselheiro Saraiva, com suas casas históricas, e os espigões modernosos da Rua São Bento ao fundo. por Pedro Paulo Bastos Moradora de rua na […]

Por Pedro Paulo Bastos
Atualizado em 25 fev 2017, 19h21 - Publicado em 30 jul 2012, 01h53

Parcialmente interditadas para a construção de um novo túnel no Centro, as ruas Conselheiro Saraiva e São Bento estão livres para serem exploradas a pé, no meio da via


Panorama da Rua Conselheiro Saraiva, com suas casas históricas, e os espigões modernosos da Rua São Bento ao fundo.

por Pedro Paulo Bastos

Moradora de rua na Cons. Saraiva

A sempre tão movimentada Rua Primeiro de Março, no Centro do Rio, está de pernas para o ar. Placas de sinalização na cor laranja, tapumes e guardas de trânsito desviam todo o trânsito, na sua grande maioria constituído de ônibus intermunicipais, para a Rua Visconde de Inhaúma. A interdição se deve à construção do novo túnel da região central, que dará acesso à também nova via da Zona Portuária, a Avenida Binário. Apitos, buzinas, e mais sinalizações excepcionais. A partir da Praça Barão de Ladário, o pedestre se vê obrigado a conviver com tratores e caminhões, que lhe destinam um pequeno corredor de passagem em direção às ruas Conselheiro Saraiva e Dom Gerardo, no fim da Primeiro de Março. Os guindastes pairam no ar do Centro, enquanto os antigos sobrados os enxergam calados, espectadores da modernidade anunciada.
 
Diferente da Rua Dom Gerardo, que comporta o prestigiado Mosteiro de São Bento, e, portanto, mais bem conservada, a Rua Conselheiro Saraiva se resume a um panorama de edifícios velhos subutilizados. Com a ausência dos automóveis trafegando por ali, só se escuta o grito abafado das britadeiras e de seus transeuntes. Uma senhora de idade, negra e mal cuidada, provavelmente moradora de rua, balbucia ininterruptamente uma sequência de ruídos, debaixo da marquise de um imóvel fechado. Não é compreensível o que pretende dizer, embora seja perceptível sua insatisfação com o espetáculo das obras na esquina ao lado. Diante dela circulam flanelinhas, operários e mulheres bem vestidas, que estacionam seus carros em uma das numerosas garagens privadas da rua. Toc, toc, toc, é o barulho emitido pelo atrito de seus saltos altos com o solo da Rua Conselheiro Saraiva. Tratando-se do Centro da cidade, ouvir determinados tipos de sons como esse é quase um privilégio em meio a tanta buzinada.


A Rua Primeiro de Março, interditada para a construção do túnel da Avenida Binário, está aberta parcialmente para pedestres. Na Rua Conselheiro Saraiva, os antigos sobrados convivem com o chamado da modernidade.

 Uma vez que a rua esteja livre para caminhadas pela via, erguer a cabeça e observar o topo dos sobrados se torna um grande atrativo. Os grandes amantes da literatura de outrora, como eu, com certeza ficam deslumbrados por estarem tão próximos de cenários históricos e já descritos por tantos autores. Dificilmente os detalhes são iguais aos do imóvel vizinho. Uns trazem os seus respectivos anos de construção, outros apenas algum ou outro traço artístico. A curiosidade fica ali, doida para saber como deve ser o interior dessas casas velhas, de onde surgem letreiros pouco cabíveis ao porte histórico que elas possuem e emanam. Ótica, sapateiros, uniformes, financeira, gráfica, e por aí vai variando a natureza dos serviços. O interior das janelas dos prédios menos acabados é negro, vasto, aparentemente empoeirado. Já nos velhos, que não servem nem mais para abrigar pequenos estabelecimentos comerciais, se vêem verdadeiros vazios e clarões, resultado do desmoronamento de sua parte interna. Em alguns é possível avistar arbustos pequenos crescendo diretamente da fachada. Eles estão no esqueleto, praticamente.

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Na Rua Conselheiro Saraiva, algumas casas estão praticamente no esqueleto, como a da imagem à esquerda, enquanto outras foram remodeladas, como o edifício amarelo na esquina da Rua Candelária.


Esquina da Rua Conselheiro Saraiva com a Rua Cortines Laxe, onde está a Garagem São Bento.


A Rua São Bento conta com edifícios recém-inaugurados, como o Porto Brasilis e o São Bento Corporate. Além de contrastar com o panorama histórico das ruas típicas do bairro, estes novos empreendimentos já são dotados de técnicas arquitetônicas mais sustentáveis.

Edíficios modernos na Rua São Bento

À medida que se aproxima da Rua São Bento as pessoas ficam cada vez mais bem vestidas e elementos urbanos mais contemporâneos surgem na paisagem. A energia estagnada do início da Rua Conselheiro Saraiva, uma mistura de abandono com mofo, de simplicidade com lugubridade, fica definitivamente para trás. Saltam aos olhos uma série de espigões espelhados, que se equiparam em altura aos edifícios empresariais da Avenida Rio Branco, mais lá na frente. E são deles que entram e saem executivos com maletas de rodinhas, ou então, mais uma vez, as mulheres bem vestidas, que estacionam na Conselheiro Saraiva e vão andando em direção ao edifício Porto Brasilis, por exemplo, recém-inaugurado na rua. A loja da L’Oréal Brasil no térreo do edifício no número 8 conta com vitrines extensas e lotadas de publicidade. Em alguns trechos descobertos, é possível observar o que se acontece no seu salão de beleza. Esse ambiente exala uma energia cosmopolita e sofisticada que destoa dos mendigos que vagueiam pelos arredores da Rua São Bento.

As palmeiras estão para a modernidade bem como as amendoeiras estão para o que é ultrapassado. No Porto, por exemplo, a recente instalação das palmeiras ao longo da Rua Sacadura Cabral é um elemento paisagístico que tem denominado o significado de revitalização para urbanistas, arquitetos e empresários. Na Rua São Bento existem duas tão altas quanto os espigões, encaixadas em pequenos canteiros bem cuidados. Com a interdição parcial da Rua São Bento, já que seu fluxo é originário da Rua Conselheiro Saraiva, as pessoas continuam circulando no meio da via, em meio a uma confusão de automóveis que pretendem estacionar por lá e outros que querem sair. Os pedestres, então, ao se depararem com a velocidade alucinada da Avenida Rio Branco, vão se espraiando para as calçadas. Uns esperam o sinal vermelho do semáforo, outros entram no Pasqualino Café, e uma meia dúzia acena para um mesmo táxi… O Centro-previsível volta à cena.

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Sai o sossego momentâneo da Rua São Bento, onde os pedestres têm podido caminhar no meio da via, para o caos da Avenida Rio Branco.

 

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