O retorno das vacas
A Cow Parade traz de volta a magia das vaquinhas estampadas às ruas cariocas (Fotos: reprodução do site oficial da Cow Parade) por Pedro Paulo Bastos Após quatro anos de ausência, as ruas do Rio voltarão a receber um colorido especial pra lá de inusitado. A Cow Parade, um dos maiores eventos de arte urbana […]
A Cow Parade traz de volta a magia das vaquinhas estampadas às ruas cariocas
(Fotos: reprodução do site oficial da Cow Parade)
por Pedro Paulo Bastos
Após quatro anos de ausência, as ruas do Rio voltarão a receber um colorido especial pra lá de inusitado. A Cow Parade, um dos maiores eventos de arte urbana do mundo, reestrerá no Rio de Janeiro no dia 2 de novembro. Nesse intervalo, as vaquinhas rodaram Milão, Istambul, São Paulo, Madri e Taipei, sempre com grande repercussão. Imagino que dessa vez por aqui não será diferente, já que foi uma euforia entre os cariocas na temporada de 2007. Ainda mais num momento como o atual, em que a cidade vivencia um período mais relaxado quanto às questões de segurança, permitindo que possamos apreciar mais o lado de fora de casa sem medo.
A Cow Parade proporciona efeitos positivos em dois grandes aspectos fundamentais: o cultural e o espacial. A diferença que eu vejo entre a arte da Cow Parade com outros gêneros mais diferentes é que ela é um tipo de arte explícita, de fácil entendimento. O jogo de cores também colabora para seu destaque. As vaquinhas são verdadeiras obras artísticas, moderníssimas, que expressam tendências (exóticas) de moda bem como resgatam elementos históricos e mais intelectuais. Não me esqueço daquela vaquinha leitora, toda posuda, de óculos, que dividia o mesmo banco que a estátua do Carlos Drummond de Andrade na Avenida Atlântica. Aliás, acho até que foi através dessa “vaca” que muita gente passou a não mais ignorar (e até a se interessar!) pela identidade do poeta e especialmente pela conservação do seu monumento.
Quanto à importância espacial, as vaquinhas foram capazes de embelezar o cenário urbano, estivessem em ruas mais sofisticadas ou mais populares. As que foram implantadas no Centro ofereceram um charme bastante diferente às calçadas movimentadas e pouco ajardinadas, verdadeiras paisagens grises. Elas foram um convite a um passeio a pé pelos bairros. Uma forma de conviver muito mais intimamente com ruas, praças e parques, coisas que o carioca não tem muito lá o costume de fazer fora da orla.
Fazendo uma ponte, podemos perceber a importância do mobiliário urbano para a cidade, se quisermos resgatar esse lado mais socioespacial. Mobiliários que chamem a atenção, que tenham apelo popular — quanto a popular, leia-se compreensão por parte do indivíduo do que seja essa espécie de mobiliário e a que fim se destina –, traz um retorno muito positivo à vitalidade do espaço urbano. Um bom exemplo são essas academias à céu aberto para a terceira idade, com equipamentos de cor verde. É um sucesso e a população está contribuindo com a sua preservação, pois são equipamentos com funcionalidade dignos de apreço, assim como as vaquinhas da Cow Parade.
Se é assim, temos aí uma boa previsão de como estimar o grau de conservação do nosso mobiliário público. Alinhá-lo com essa tal de arte mais explícita, já explicada anteriormente, é válido, visto a ótima experiência tida em 2007 com a Cow Parade, que transformou as “vacas” em objetos de desejo. Logo, por que não transformar, por total, nossas ruas, praças e parques também em objetos de desejo? Taí a fórmula.
Relembrando algumas das vaquinhas que fizeram parte da edição passada: a Vaca do Drummond (de Celso da Silva e Alexandre Ferreira), à esquerda; no meio, a Caurioca (de Ruth Reis); por fim, a sensacional Mão-de-Vaca (de Moises Aben Athar), que ficou exposta na Avenida Delfim Moreira.
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