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Comportamento

Ministério da Saúde: Brasil volta a registrar aumento de fumantes

Números acendem sinal amarelo sobre o consumo de cigarros no país

Por Analice Gigliotti
7 jul 2025, 09h26
Homem quebra um cigarro em dois pedaços.
Pesquisa do Ministério da Saúde concluiu que houve um aumento de 25% do total de adultos fumantes de cigarros.  (Freepik/Reprodução)
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Segundo dados preliminares do Ministério da Saúde, o Brasil registrou, em 2024, o primeiro aumento na prevalência de fumantes adultos desde 2007: um crescimento de 9,3% para 11,6%. O aumento é o primeiro observado na série histórica do levantamento. A pesquisa foi realizada em capitais e no Distrito Federal.

O Ministério ressaltou que houve um aumento de 25% do total de adultos fumantes de cigarros (sem contabilizar o consumo de vapes). A pesquisa concluiu ainda que 13,8% dos homens adultos fumam, contra 11,7% no ano anterior. O percentual para as mulheres subiu de 7,2% para 9,8% em 2024. Se antes, em 2023, já havia um leve aumento no consumo entre fumantes de 18 a 34 anos, agora nesta nova pesquisa, observou-se esse aumento na média geral.

A respeito dos cigarros eletrônicos, a mesma pesquisa aponta que 2,6% dos adultos das capitais usavam, no último ano, o dispositivo diariamente ou ocasionalmente. Em 2023, esse percentual era de 2,1%. O Ministério considera que há um cenário de estabilidade.

Entre as mulheres, porém, o uso do cigarro eletrônico subiu de 1,4% para 2,6% em 2024. Os dados preliminares apontam redução de 2,9% para 2,5% do percentual de homens adultos que usam esses dispositivos. Mesmo que os números estejam estáveis, trata-se do ponto mais alto desde 2019, demostrando uma tendência de aumento do consumo.

Vale lembrar que, desde 2009, a Anvisa proíbe a importação, publicidade e comercialização dos produtos oficialmente chamados de DEFs (Dispositivos Eletrônicos para Fumar), categoria que inclui cigarros eletrônicos e vapes. O veto foi mantido em nova deliberação do órgão, em 2024.

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O Ministério da Saúde também divulgou estudo do Inca (Instituto Nacional de Câncer) apontando que o governo federal gasta cinco reais com doenças ligadas ao fumo para cada um real de lucro da indústria do tabaco. É uma conta perversa e que só tende a trazer mais prejuízo não apenas para a saúde do brasileiro, mas para os cofres públicos. A mesma pesquisa atribui uma morte para cada R$ 156 mil de lucro das empresas com a venda de cigarros legais. O levantamento cruzou dados de 2019 e considerou as mortes relacionadas ao tabagismo, como por doenças cardíacas isquêmicas, AVC (acidente vascular cerebral) e câncer de pulmão.

Diante dos novos dados que apontam a retomada da curva ascendente de fumantes, faz-se premente que se volte a intervir duramente sobre o consumo de cigarros, especialmente na conscientização entre os jovens. Outra frente que não pode mais ser ignorada é baixa tributação dos cigarros. Se os cigarros forem financeiramente acessíveis, a tendência é que cresça a procura pelo produto.

Analice Gigliotti é Mestre em Psiquiatria pela Unifesp (CRM 5249669-2 e RQE 21502); professora da PUC-Rio; chefe do setor de Dependências Químicas e Comportamentais da Santa Casa do Rio de Janeiro e diretora do Espaço Clif de Psiquiatria e Dependência Química.

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