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Por Analice Gigliotti, psiquiatra
Comportamento
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Janeiro Branco: por que é tão importante falar sobre saúde mental?

Pandemia agravou quadro que já se mostrava crítico de transtornos mentais

Por Analice Gigliotti
16 jan 2024, 09h21

O mês de janeiro é marcado pela Campanha Janeiro Branco, que visa a conscientização da população sobre a saúde mental. Arrisco dizer que nunca foi tão importante quebrar o estigma e abordar o assunto. Estamos assistindo, nos dias presentes, a uma infinidade de indícios do grau de prejuízo à saúde mental das pessoas. A pandemia surgida em 2020 veio agravar um quadro que já se apresentava crítico.

No entanto, mesmo antes do aparecimento do coronavírus, testemunhamos uma intensificação dos quadros de ansiedade e depressão, especialmente entre os mais jovens nas últimas décadas, muito influenciado pelas redes sociais. Se, por um lado, as redes são uma revolução na comunicação e na agilidade de se consumir informação, por outro lado promovem a equivocada necessidade de aparentar uma vida perfeita, na constante comparação com a vida dos outros. Tudo isso, vem dando a um grande grupo de pessoas a sensação de vazio e incompletude.

O advento da pandemia, em março de 2020, intensificou o que já se mostrava complicado. O isolamento social, a supervalorização das telas, a solidão, o medo, as perdas, a falta de estabilidade profissional e a discrepância dos estilos de vida ficaram ainda mais evidentes. Mesmo quase quatro anos depois, ainda estamos assistindo às consequências do adoecimento da saúde mental das pessoas. Não à toa, muitos especialistas usam a expressão “segunda pandemia”, para definir o quadro da saúde mental no Brasil e no mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou 25% desde 2020.

Números do DataSUS, do Governo Federal, apontam que o total de óbitos por lesões autoprovocadas dobrou nos últimos 20 anos, passando de 7 mil para 14 mil. Dados anteriores à pandemia já apontavam episódios depressivos como a principal causa de pagamento de auxílio-doença não relacionado a acidentes de trabalho, correspondendo a 30,67% do total, seguida de outros transtornos ansiosos (17,9%).

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A edição do relatório anual do Estado Mental do Mundo, divulgado em 2023, mostrou que o Brasil tem o terceiro pior índice de saúde mental em um ranking com 64 países. O levantamento, encomendado pela organização de pesquisa sem fins lucrativos Sapien Labs, mostrou ainda que a população mundial ainda não se recuperou do declínio no bem-estar psíquico observado durante a pandemia da Covid-19.

 Neste 2024 que se inicia, o tema da campanha Janeiro Branco é “Saúde mental enquanto há tempo”. Janeiro é um ótimo mês para uma espécie de “demarcação simbólica” da vida que se tem e da vida que se almeja: novos recomeços, melhores escolhas, padrões de comportamento que se deseja ou não continuar mantendo, para que se tenha uma saúde mental mais fortalecida nos outros 11 meses do ano – e nos próximos anos que virão.

Analice Gigliotti é Mestre em Psiquiatria pela Unifesp; professora da PUC-Rio; chefe do setor de Dependências Químicas e Comportamentais da Santa Casa do Rio de Janeiro e diretora do Espaço Clif de Psiquiatria e Dependência Química.

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