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Analice Gigliotti

Por Analice Gigliotti, psiquiatra Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Comportamento

Heteropessimismo: por que mulheres estão frustradas com relacionamentos?

Mulheres são encontram mais nos homens uma companhia a altura delas

Por Analice Gigliotti
7 out 2025, 06h52
Mulheres conversam e riem em uma mesa de bar.
Por diferentes razões, mulheres afirmam que os homens não a satisfazem mais plenamente. (Freepik/Reprodução)
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Basta observar nas mais diferentes rodas: nos bares, nos restaurantes, nas festas, nos teatros. É imenso o número de mulheres solteiras (ou mesmo casadas) que frequentam cada vez mais – e felizes. Essa é uma das expressões mais visíveis do quanto os homens não estão mais satisfazendo as mulheres (e não vai aqui nenhum julgamento de performance sexual). Refiro-me ao prazer da companhia de um parceiro do sexo oposto. As razões, segundo elas, são muitas: egocêntricos, desinteressados, com dificuldade de criar laços, demonstrar afeto, falta de atitude ou comunicação.

Tudo isso acabou criando o que está se tornando conhecido como “heteropessimismo”, criado por Asa Seresin, teórico americano queer especialista em sexualidade, para descrever a desilusão de mulheres heterossexuais com relacionamentos amorosos. Segundo ele, não se trata de uma descrença no amor, mas na capacidade dos homens serem maduros parceiros afetivos e emocionais nos dias de hoje.

O fato concreto é que as mulheres não são mais o que eram há poucas décadas. Hoje elas trabalham, tem renda e vontade próprias, que lhes garante independência, ao menos financeira. Hoje, as mulheres decidem se querem casar, um avanço indescritível se compararmos com meio século atrás. Tem homem que tem dificuldade de se enquadrar nesse projeto de liberdade, especialmente no Brasil: segundo o Instituto Ipsos e a ONU Mulheres, apenas 38% dos homens se identificam espontaneamente como feministas.

É interessante observar e entender o porquê dessa percepção feminina. Parece-me que se trata de um retrato detalhado de um comportamento da sociedade como um todo. O que é visto como superficialidade nas relações nada mais é do que uma amostra de uma tendência generalizada, muito em função da comunicação veloz, superficial e fragmentada dos tempos que correm. Comporta-se em relações pessoais como se comporta em conversas de WhatsApp, com uma certa irresponsabilidade afetiva.

Outra vertente interessante deste tema é o mecanismo de defesa criado pelas mulheres para evitar decepções. Muitas mulheres afirmam evitar demonstrar interesse em um homem que as interesse, para evitar frustrações sistemáticas. Só que desta forma, entra-se numa ciranda de sinais trocados, onde não se mostra o que se sente, pequenos jogos amorosos que, fatalmente, tendem a causar desilusão e ansiedade.

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Segundo a empresa global de serviços financeiros Morgan Stanley, quase metade das mulheres americanas entre 25 e 44 anos estarão solteiras até 2030. Trata-se do maior percentual da história. O “heteropessimismo”, portanto, é uma dessas palavras criadas que traduzem o espírito do nosso tempo com precisão cirúrgica.

Analice Gigliotti é Mestre em Psiquiatria pela Unifesp (CRM 5249669-2 e RQE 21502); professora da PUC-Rio; chefe do setor de Dependências Químicas e Comportamentais da Santa Casa do Rio de Janeiro e diretora do Espaço Clif de Psiquiatria e Dependência Química.

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