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Por Analice Gigliotti, psiquiatra
Comportamento
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“Festas a seco”: como encarar a “farra” de bebida alcoólica no fim de ano

Para quem não quer ou não pode beber, é preciso considerar alternativas de prazer

Por Analice Gigliotti
20 dez 2023, 14h36

“Dry Holidays”. Foi assim que o jornal americano New York Times resumiu o desafio desta época do ano. Em tradução livre, Festas a seco. Já em bom português: Festas de bico seco. Mas por que serás que é tão difícil escapar das bebidas alcoólicas (ou do excesso delas) nesta época do ano?

Em primeiro lugar, é fundamental apontar que as bebidas estão diretamente associadas a momentos de celebração e festividade. Dificilmente é possível contornar este fato. Aos abstêmios, trata-se de uma época ainda mais difícil. No Brasil, além das festas temos, logo em seguida, o calor do verão e a alegria do Carnaval, convites reforçados ao consumo de álcool – ainda mais apoiado pela força das campanhas de marketing da indústria, especialmente de cerveja.

Quem já viveu a experiência de recusar bebida alcoólica em uma festa sabe todo o tipo de reação possível: “está grávida?”, “está de dieta?”, “está de ressaca?”, “é da religião?”, “fez promessa?”. Geralmente, a pressão vem seguida da frase: “Só pra brindar” ou “Deixa de bobagem e toma só uma”. Para alguns, pode ser só uma indisposição momentânea para a bebida. No entanto, para dependentes de álcool, não existe a opção do “só uma”. Mas quem a oferece não faz por maldade. Muitas vezes, está longe de conhecer esta realidade.

A recusa da bebida alcoolica soa como desfeita. É como se ao recusar uma taça de vinho ou de champanhe, o convidado estivesse dando as costas à celebração como um todo. Obviamente, não é verdade. Mas manter-se firme exige um esforço sobrehumano – de quem nem sempre tem esse esforço para dar.

Algumas dicas para passar as festas sem desconfortos:

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Tenha uma resposta na ponta da língua: Não seja pego desprevenido. Pense o que dizer quando te oferecerem alguma bebida. Diga algo definitivo, porém sem se perder em detalhes, como “a bebida não me faz bem”, “estou tomando antibiótico” ou “hoje não estou disposto”. Algumas pessoas se sentem mais à vontade ao dizer, por exemplo, que irão dirigir ou tem que acordar cedo no dia seguinte. Demonstrar insegurança na resposta pode ser entendido como uma chance de insistir para que você consuma a bebida. Há quem recorra ao bom-humor dizendo simplesmente: “tenho o péssimo hábito de não beber”. Assunto encerrado.

Aposte nos drinques sem álcool: Bares e restaurantes têm apostado, cada vez mais, em cartas de drinques sem álcool. A criatividade tem sido grande: versões dos tradicionais negroni, margarita ou moscow mule, todas sem álcool.

– Fique próximo a pessoas que também não bebem: Estar perto de outros abstêmios cria uma rede de proteção bastante útil.

Aceite e acolha a ansiedade: A ideia de ir para um evento social sem a “ajudinha” de uma bebida alcoólica para quebrar o gelo pode ser aterradora para muita gente. Não fuja desta sensação, se ela é real. Lembre dos benefícios de um dia seguinte sem consumo alcoólico (sem ressaca e longe da prostração). Ao contrário do que se imagina, estudos já apontam que o álcool não necessariamente age como um relaxante social, ao contrário, podendo causar ainda mais ansiedade.

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Festa é mais do que álcool: O divertido em uma festa não é a bebida álcoolica. São as pessoas, a música, as conversas, as trocas, o carinho entre amigos ou família. Nada disso precisa de aditivo alcoólico para existir. Valorize os outros “ingredientes” da festa.

– Permita-se a “rota de fuga”: Se a pressão for grande demais, saiba que sempre há a possibilidade de sair da festa por alguns momentos e dar uma volta. Quando retornar, há grandes chances de a conversa já ser outra. Se ainda assim, houver desconforto no regresso, permita-se ir embora. Ninguém deve se sentir obrigado a permanecer em um ambiente que cause angústia.

Analice Gigliotti é Mestre em Psiquiatria pela Unifesp; professora da PUC-Rio; chefe do setor de Dependências Químicas e Comportamentais da Santa Casa do Rio de Janeiro e diretora do Espaço Clif de Psiquiatria e Dependência Química.

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