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Comportamento
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Cigarro: novo medicamento aumenta chances de parar de fumar

Citisiniclina pode ser um novo aliado para tratar a dependência do tabaco

Por Analice Gigliotti
Atualizado em 25 jan 2024, 16h25 - Publicado em 25 jan 2024, 15h24
Cigarro aceso solta fumaça.
Cistina: substância volta a ser bem avaliada para largar o hábito do cigarro. (Shutterstock/Reprodução)
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Pesquisadores concluíram em novo estudo que um medicamento pode mais do que dobrar as chances de dependentes do tabaco largarem o fumo. Publicado recentemente na revista científica Addiction, o trabalho reforçou ainda que a substância citisiniclina, também chamada de cistina, é segura e bem tolerada.

A citisiniclina é um medicamento cuja finalidade é se ligar aos receptores cerebrais de nicotina. O resultado é um maior alívio da fissura pela substância. Outra consequência é a redução da gravidade dos sintomas da abstinência. O modus operandi do medicamento se assemelha à vareniclina, princípio ativo do medicamento Champix, da Pfizer, aprovada para o combate ao tabagismo pelo FDA (EUA) e pela Anvisa (Brasil). Quando foi retirada do mercado, há alguns anos, a vareniclina deixou muitos fumantes se sentindo “órfãos” da valiosa ferramenta.

Existente desde a década de 1960, a citisiniclina não é um medicamento novo no mercado. Estudada de forma sistemática há muitos anos, a cistina já foi usada no tratamento do tabagismo na Europa há, pelo menos, quatro décadas.

Em 2011, a substância voltou a ser estudada por um grupo neozelandês com excelentes resultados. No entanto, apenas agora estudos clínicos respeitáveis comprovam a sua eficácia entre os fumantes que desejam largar o hábito. Sua comercialização com essa finalidade, mediante prescrição, tem início no Reino Unido a partir deste mês, e deve ser aprovada em breve para o mercado americano (não haja previsão de liberação para o Brasil).

Devido a sua boa relação custo-eficácia, a citisiniclina pode vir a ser um importante aliado no combate à dependência do tabagismo, especialmente em países de média e baixa renda, que ainda têm pouco acesso aos medicamentos já disponíveis. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), quase 900 milhões de fumantes do mundo – o correspondente a 80% do total – estão localizados em países pobres ou de renda média.

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O estudo argentino baseia-se em dados de seis mil voluntários, que participaram de doze ensaios clínicos. Destes, oito compararam a cistina com placebo. Ao final, foi possível atestar que ela aumenta em mais de duas vezes as chances de parar de fumar.

Os outros quatro testes clínicos compararam o fármaco com conhecidas terapias de reposição de nicotina, como aerossol, chiclete, adesivos e inaladores, além da vareniclina. Ficou comprovado que a citisiniclina tem eficácia superior à das terapias de reposição e comparável à do Champix.

O cigarro continua sendo a principal causa evitável de morte em todo o mundo – como cânceres, doenças respiratórias e cardiocvasculares. Qualquer novidade, segura e eficiente, que chegue ao mercado e traga chances concretas às pessoas de interromperem o ciclo nocivo do tabagismo é muito bem vindo.

Analice Gigliotti é Mestre em Psiquiatria pela Unifesp; professora da PUC-Rio; chefe do setor de Dependências Químicas e Comportamentais da Santa Casa do Rio de Janeiro e diretora do Espaço Clif de Psiquiatria e Dependência Química.

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