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Comportamento

Chip da beleza proibido: a busca pelo padrão estético inalcançável

Decisão da Anvisa provoca discussão sobre os riscos na busca pela beleza

Por Analice Gigliotti
16 dez 2024, 15h19
Uma mulher sobe em uma balança para se pesar.
A excessiva valorização da magreza e da juventude, aliadas à força das redes sociais e ao marketing de diferentes serviços e produtos, levam a uma corrida desenfreada, que muitas vezes ignora a razoabilidade. (Freepik/Reprodução)
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Verdadeira febre nas clínicas de estética e consultórios dermatológicos, o chamado “chip da beleza” foi proibido, há pouco tempo, por determinação da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com isso, passam a ficar suspensos a manipulação, comercialização, propaganda e uso de implantes hormonais. 

A medida foi adotada a partir de denúncias apresentadas por entidades médicas, entre elas a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), que apontam um crescimento do atendimento de pacientes com problemas devido ao uso de implantes que misturam diversos hormônios, inclusive de substâncias que não possuem avaliação de segurança para essa forma de uso. 

Implantes hormonais têm sido manipulados para fins estéticos, tratamento de fadiga ou cansaço e sintomas da menopausa. No entanto, não há comprovação de sua segurança e eficácia pata esta finalidade, inclusive podendo trazer prejuízos à saúde. Entre os hormônios utilizados, estão principalmente a gestrinona, a testosterona e a oxandrolona, substâncias controladas que fazem parte da lista de anabolizantes, segundo a Anvisa. 

Entre as principais complicações observadas em pacientes que fazem uso desses “chips da beleza” estão: aumento do colesterol e de triglicerídeos no sangue, hipertensão arterial, acidente vascular cerebral e arritmia cardíaca. Além disso, também pode ocorrer crescimento excessivo de pelos em mulheres, queda de cabelo (alopecia), acnes, alteração na voz (disfonia), insônia e agitação.

O recurso do “chip da beleza” – o que ele promete e as implicações que ele acarreta – fazem pensar, mais uma vez, sobre o preço que as pessoas aceitam pagar em busca de um padrão estético idealizado e, geralmente, inalcançável.

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A excessiva valorização da magreza e da juventude, aliadas à força das redes sociais e ao marketing de diferentes serviços e produtos – de clínicas de estéticas a marcas de beleza – levam a uma corrida desenfreada e desmedida, que muitas vezes ignora a razoabilidade.

Vez por outra, aparecem na mídia escândalos de cirurgias plásticas ou procedimentos estéticos desastrados, que invariavelmente acabam em óbitos, feitas por pessoas despreparadas, que sequer tem a formação necessária para a prática. 

Num tempo de tantas conquistas, especialmente entre as mulheres, de direito ao corpo, de diversidade e multiplicidade de corpos, da conquista de um amadurecimento mais saudável, a beleza reside mesmo em aceitar-se como é, com a idade que tem, com toda a sabedoria que a idade pode trazer.

Analice Gigliotti é Mestre em Psiquiatria pela Unifesp; professora da PUC-Rio; chefe do setor de Dependências Químicas e Comportamentais da Santa Casa do Rio de Janeiro e diretora do Espaço Clif de Psiquiatria e Dependência Química.

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