Histórico: Parque Olímpico revive legado da Rio 2016 com prova de corrida
Na 1ª edição da Corrida Time Brasil, COB reúne 3.500 pessoas, incluindo atletas olímpicos e amadores para dar início ao ciclo rumo a Los Angeles 2028

Pela primeira vez desde a Rio 2016, vi o Parque Olímpico voltar a ganhar vida. Foi emocionante. Amo esporte e amo as Olimpíadas. Estive em Londres 2012 como repórter e na Rio como torcedora apaixonada. Mas, desta vez, não fui apenas para cobrir ou aplaudir: fui para correr os 10km da Corrida Time Brasil.
Em um movimento inédito, o Comitê Olímpico do Brasil (COB), promoveu uma corrida de rua para celebrar os 111 anos da instituição. Foram 3.5oo pessoas inscritas para os 3 km (caminhada), 5 km e 10 km dentro do Parque Olímpico. E o mais marcante: cerca de 50 atletas olímpicos de diferentes gerações se misturaram aos pelotões, transformando o domingo em uma grande festa.


Durante o percurso, passando por pontos icônicos como o Velódromo, o Parque Aquático Maria Lenk, o Centro de Ginástica e a Arena Carioca, estavam atletas olímpicos como Jade Barbosa e Luisa Parente, da ginástica artística, Giovane Gávio, do vôlei, Emanuel Rego, do vôlei de praia, e tantos outros, incentivando e entregando água nos pontos de hidratação. Todos suando e se divertindo juntos.
O evento já está confirmado para acontecer anualmente no Rio até os Jogos de Los Angeles 2028. E a medalha de hoje foi a primeira de uma série de quatro que, quando combinadas, formarão a chama da tocha olímpica. Ou seja: quem quiser a chama completa, tem que correr todas as provas. Já quero!
O Brasil corre e inspira
“A Corrida Time Brasil é mais do que uma corrida. Queremos colocar mais pessoas em movimento, ajudar a combater o sedentarismo e incentivar a prática esportiva entre os brasileiros”, me disse Marco La Porta, presidente do COB. Aliás, o próprio dirigente colocou em prática seu discurso e correu os 5km com uniforme e número de peito. “Se queremos ser uma nação esportiva, temos que dar o exemplo. O esporte é para todos”.

“Se queremos ser uma nação esportiva, temos que dar o exemplo. O esporte é para todos”.
“A presença dos atletas olímpicos torna tudo ainda mais especial. Você resgata o ídolo, cria conexão, aproxima o público do esporte — isso é espírito olímpico. E é também um passo importante para construir uma nação esportiva”, completou La Porta.

Histórias de exemplo
Na véspera, quem entregava os kits quando cheguei era Fabiana Murer, uma das maiores atletas do salto com vara brasileiro, com participações em três Jogos Olímpicos e recordes nacionais no currículo. No domingo, ela voltou ao Parque esbanjando a mesma simpatia. Hoje, ela atua como fisioterapeuta especializada em mecânica da corrida e prevenção de lesões, e celebrou ver o atletismo ganhando espaço.
“Depois da pandemia, as pessoas passaram a dar ainda mais valor ao estar ao ar livre, se cuidar. E o COB chegou muito bem com essa iniciativa, abrindo as portas do Parque Olímpico para uma prova” disse Fabiana, enquanto era cercada por fãs pedindo selfies. “O atletismo mudou minha vida — e agora uso esse conhecimento para ajudar outras pessoas a correrem melhor, com saúde e consciência. Estar aqui, nesse lugar tão simbólico, é emocionante. O esporte voltou com força para o Parque Olímpico”, completou.

Entre os destaques da prova, não passou despercebido o talento de Pedro Arieta. Recentemente, na Maratona de Boston, o atleta fez história ao abandonar a busca pela meta pessoal de sub-2h40 para ajudar um competidor caído, em um gesto que viralizou e reforçou o seu espírito esportivo. Neste domingo, Pedro foi campeão geral nos 5 km, e mais uma vez serviu de exemplo de humildade. “Nunca imaginei participar de um momento tão especial”.
Na linha de chegada, quem também foi cercado por fãs foi o treinador Pedro Paulo, mais conhecido como PP. Figura emblemática da corrida de rua na Zona Norte do Rio, ele transforma o asfalto da cidade em palco de motivação, superação e alegria com todo o seu carisma que pude conferir de perto.
“Hoje peguei água das mãos da Jade Barbosa! Quando que a gente imagina isso? Foi a corrida mais maneira que já fui”.
Pedro Paulo, o treinador PP

A chama segue acesa
Além de estar no calendário fixo do Parque Olímpico até 2028, a Corrida Time Brasil vai correr do Rio para todo o país. O plano do COB é expandir o evento, levando o espírito olímpico para mais brasileiros. “A ideia é capilarizar o projeto, com uma prova em cada região do país. Queremos tornar o esporte cada vez mais acessível, democrático e presente na vida das pessoas,” adiantou La Porta.

Acredito que o futuro esportivo carioca promete. E, quem sabe, começa aqui em casa. Na retirada dos kits, minha filha Alice entrou no clima: fez fotos com atletas olímpicos, brincou com o mascote Ginga, correu os 50 metros da ativação infantil e cravou um pace de 4:10! Tem futuro a filha de maratonista? Quem sabe. Meu sonho é que um dia a gente faça juntas uma prova completa, só por diversão. Algumas, ela já fechou comigo, correndo para o abraço na linha de chegada, e isso já vale medalha de ouro no espírito olímpico!