Carioca nota dez: Artur Ricardo Costa
O professor de educação física Artur Ricardo Costa comanda um projeto de tênis para crianças na Zona Norte
Esporte aristocrático cujas origens remontam à França do século XVI, o tênis envolve, além de habilidades físicas, um peculiar código de conduta, pautado por regras não escritas e preceitos como cortesia e respeito ao oponente. Praticamente restrito às quadras de clubes e condomínios dos bairros nobres, o jogo tem despertado paixões em um court improvisado na Zona Norte da cidade. Trata-se do projeto Tênis Solidário, criado há três anos em uma quadra de futebol de salão no bairro de Pilares. Ali, o esporte é ensinado gratuitamente a 47 crianças e jovens entre 7 e 17 anos, provenientes de escolas públicas. No pequeno ginásio não se fala palavrão e todos aprendem a etiqueta do esporte. Os alunos também são apresentados a termos básicos em inglês e passam ainda por uma espécie de curso intensivo sobre a história do tênis. “Para nós não basta vencer, é preciso superar as barreiras que existem em um esporte tão elitizado”, conta Artur Ricardo Costa, idealizador da empreitada.
“Para nós não basta vencer, é preciso superar as barreiras que existem em um esporte tão elitizado”
Professor de educação física de 43 anos, ele levou para o subúrbio a experiência em projetos sociais promovidos pela Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj), além das técnicas de organização aprendidas quando trabalhava como assistente de educação física na sede do Fluminense, em Laranjeiras. A vasta oferta de programas sociais desenvolvidos em torno do futebol direcionou sua atenção para o tênis. Não por acaso, Costa sustenta a família e a escolinha com o salário de professor particular. Doações de pessoas físicas e jurídicas ajudam a complementar despesas com raquetes, bolas, redes, uniformes e lanches para os treinos, que acontecem duas vezes por semana. “No princípio fui recebido com desconfiança, mas aos poucos o projeto foi se firmando e já temos dois alunos participando regularmente de competições”, orgulha-se. Um de seus pupilos, Mateus Truta, de 13 anos, ficou entre os dez melhores do Rio no Campeonato Carioca de 2012. “Estamos só começando”, afirma o professor.