O que se sabe sobre vídeo que fez Pedro Paulo desistir de ser vice de Paes
Filmadas em 2020, imagens íntimas do deputado foram usadas para chantagem por cargos e motivaram acusação de ameaça
O vídeo que na última segunda (22) fez o deputado Pedro Paulo (PSD) abrir mão da candidatura a vice do prefeito Eduardo Paes já foi usado em chantagem por cargos públicos e desencadeou acusações formais de ameaça na Polícia Civil do Rio. Filmado em 2020 por Michelle Shimeni da Silva, uma apoiadora de Paes na campanha daquele ano à prefeitura do Rio, o vídeo mostra Pedro Paulo em um momento íntimo por quase um minuto. Foi em 2022 que as imagens saíram da esfera privada para a pública quando o amigo que havia apresentado Michelle ao deputado, um líder comunitário de Jacarepaguá chamado Allan Oliveira, procurou a polícia e afirmou que a apoiadora exibira as imagens para ele tempos antes para exigir um cargo na prefeitura.
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Segundo reportagem do jornal O Globo, Michelle e Allan atuaram em funções ligadas às administrações públicas municipal e estadual do Rio no ano seguinte à campanha de 2020, embora não esteja claro como chegaram aos cargos. Michelle relatou nas redes sociais ter sido contratada em março de 2021 como coordenadora de esportes na Vila Olímpica Waldir Pereira, que faz parte da gestão municipal. Nos meses seguintes, ela publicou registros de atividades no local ao lado de representantes da prefeitura. A gestão da vila olímpica, no entanto, é feita por meio de organizações terceirizadas. Já Allan começou a trabalhar no início de 2021 como funcionário da Empresa de Obras Públicas (Emop) do governo do estado do Rio, cargo que ele alegou ter conseguido graças a uma articulação da atual secretária municipal de Ação Comunitária do Rio, Marli Peçanha. Em outubro daquele ano, no entanto, o contrato de Allan com a Emop foi rescindido.
Ainda de acordo com O Globo, cinco meses após ser demitido da empresa estadual, Allan procurou a 6ª DP (Cidade Nova) alegando ter sofrido uma ameaça de Marli após deixar o cargo público. Segundo ele, Marli e o vereador Márcio Ribeiro (PSD) o procuraram e “tentaram fazer com que o vídeo fosse excluído lhe coagindo”. A secretária teria inclusive ameaçado lhe “dar dois tiros na cabeça”. Em 2023, Allan voltou a procurar a polícia para reiterar que a secretária o teria ameaçado de morte caso o vídeo viesse à tona. Em janeiro passado, Marli pagou R$ 500 em um acordo com o Ministério Público para encerrar o caso no 3º Juizado Especial Criminal. Procurados pelo jornal, Paes, Pedro Paulo e Marli Peçanha não quiseram se manifestar.
Na última segunda (22), Pedro Paulo procurou Paes e pediu para não ser considerado para o cargo de vice na chapa de Paes — posto para o qual era apontado como favorito. O deputado explicou que sua decisão devia-se à existência do vídeo íntimo, que poderia ser explorado por adversários durante a campanha. Na própria segunda, o prefeito confirmou o fato e afirmou que só se pronunciaria sobre a indicação de vice no momento oportuno.
Nas redes sociais, a mulher de Pedro Paulo, a influenciadora digital Tati Infante, contou que ela e o marido estavam separados na ocasião em que o vídeo teria sido gravado. A influenciadora classificou como “besteira” ele desistir da disputa na eleição por este motivo. “Eu tive meu ‘tiricutico’, ele também. E ele caiu numa armadilha, numa armação onde fez uma ligação de chamada com uma pessoa, que gravou ou tirou print dessa ligação e, quase cinco anos depois, está usando isso contra ele”, disse na postagem desta quarta (24). “Entendo o lado dele de querer preservar a família, recuar para não vir à tona, mas do meu lado está tudo certo. Eu apoio ele, é o sonho dele, o trabalho dele. Não roubou, não matou, é uma coisa de cunho pessoal”, acrescentou.
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Caso o deputado não seja indicado a vice de Paes, o ex-secretário municipal de Casa Civil, Eduardo Cavaliere, que também é considerado um aliado da estrita confiança do prefeito, é considerado o favorito ao posto. Pesava contra Cavaliere a pouca experiência — tem apenas 29 anos — e o menor trânsito entre diferentes grupos políticos, na comparação com Pedro Paulo.