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Vídeo com ataques a professores de escola particular vira caso de polícia

'Safada' e 'preto viado' estão entre os insultos racistas e homofóbicos proferidos por estudante da unidad Vida Valqueire da rede de ensino Elite

Por Da Redação
1 jun 2023, 13h02
Alunos de escola do Rio publicam vídeo com ofensas racistas, xenófobas e s sexistas
Aula de preconceitos: alunos de escola do Rio publicam vídeo com ofensas racistas, xenófobas e sexistas. (Redes Sociais/Reprodução)
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Uma aula de racismo, homofobia, xenofobia e machismo se concentra num vídeo em que estudantes do Ensino Fundamental da rede de ensino Elite atacam pelo menos dois professores da unidade Vila Valqueire, na Zona Oeste. Os alunos, que têm em torno de 14 anos, divulgaram as gravações em redes sociais no último dia 19 de maio. “Safada” e “preto viado” são alguns dos insultos que uma das adolescentes dirige aos profissionais. A Polícia Civil apura a ocorrência por crime de injúria por preconceito.

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O conteúdo, ao qual o jornal O Globo teve acesso, circula entre alunos de toda a rede. Nele se vê, por exemplo, um dos estudantes, uniformizado, atuando como “entrevistador” em um tipo de enquete. Ele pergunta a uma colega o que ela acha da demissão de uma professora de português. “Acho ótimo, porque ela é uma piranha, vadia, safada, que descontava os problemas pessoais nos alunos”, responde ela.  A mesma estudante diz, porém, que  “não gostou” da admissão de um novo professor, já que, nas palavras dela, ele é “preto e viado”. E ainda debocha: “poxa vida… é do interior de Minas”. A substituição, segundo ela, não foi boa, porque a professora demitida era “ruiva e gostosa” e “veio um preto, mineiro e viado”.

Sou do interior de Minas, de uma cidade chamada Perdões. Estava morando em Belo Horizonte. Vim para o Rio porque passei em um processo seletivo para professor. Me mudei na terça-feira, dia 16, e comecei a dar aulas no dia 18. Essa primeira aula foi na unidade da Vila Valqueire, nessa turma na qual depois fui discriminado e injuriado”, contou ao jornal Arnaldo César, de 26 anos, contratado recentemente para lecionar Língua Portuguesa. Em seu terceiro dia de trabalho, ele foi surpreendido pela exibição das imagens, apresentadas a ele pela própria gestora da escola, que o acompanhou no registro da ocorrência, feito na 28ª DP (Campinho).

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Arnaldo disse não ter percebido nenhum tipo de discriminação na sala de aula. Ele se apresentou, deixou que os alunos se apresentassem, contou sua história, de onde vinha e qual era a sua formação acadêmica. “Ao colocar verbalmente como demérito o fato de eu ser uma pessoa preta, ela está dizendo, ao mesmo tempo, qual o local que ela esperava que corpos como o meu estivessem. Não em um local de autoridade, de professor, mas talvez de servidão. Então o que me faz desqualificado para o trabalho não é uma formação inadequada, por exemplo. É ser preto, bissexual e mineiro. Qual o lugar que se espera?”, questionou ele, que considera o discurso da estudante um reflexo da estrutura histórica do país, que descreve como um “estado escravocrata”. Arnaldo pretende dar seguimento ao processo judicial e cobra das instituições de ensino a aplicação efetiva da Lei 10.639/03, que estabelece a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e africana no Brasil.

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A Elite Rede de Ensino afirmou em nota que a postura dos estudantes envolvidos na gravação e divulgação das imagens “fere os valores” da instituição e “não podem ser aceitas em hipótese alguma”. A escola também ressalta que os pais foram convocados e o Conselho Tutelar foi acionado. Além disso, a estudante sofreu “transferência compulsória” para outra instituição.

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Confira a íntegra da nota da escola:

“No Elite repudiamos qualquer tipo de atitude discriminatória que implique em
constrangimento, discriminação ou desrespeito a quaisquer membros da comunidade escolar.
Posturas como essas ferem os valores do Elite e não podem ser aceitas em hipótese alguma.

Ao tomar ciência da postura da estudante, a direção da escola prontamente tomou todas as
medidas cabíveis, convocando os pais, suspendendo os alunos envolvidos e acionando o
Conselho Tutelar.

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O caso foi relatado no canal de Compliance da Rede e a Delegacia local também foi acionada
pela direção da unidade e um boletim de ocorrência foi realizado. Seguiremos à disposição
das autoridades para a devida apuração dos fatos e para o devido cumprimento da lei.

Estamos prestando todo apoio e atendimento ao professor e estamos realizando ações de
conscientização junto à turma e ao setor psicossocial. Todos os alunos envolvidos estão
recebendo acompanhamento psicológico.

Reforçamos nosso compromisso em coibir qualquer tipo de prática que contradiga nossos
princípios e valores, inclusive mantendo aberto o canal confidencial para a denúncia e
apuração de casos sensíveis: contatoseguro.com.br/elite.

Seguimos à disposição dos nossos colaboradores, familiares e alunos para atendê-los na
unidade”.

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